No dia 3 de março, Sarah Everard, de 33 anos, tinha visitado amigos em Clapham, no sul de Londres e regressava a casa em Brixton, cerca de 50 minutos a pé. Pelas 21h30 do mesmo dia, desapareceu e nunca mais foi vista com vida. Após ser confirmado o seu desaparecimento, a polícia londrina começaram a investigação, visitaram cerca de 750 casas, analisaram as imagens de câmaras de vigilância e receberam pistas de vários cidadãos que queriam colaborar através de pistas. As ruas e redes sociais rápido divulgaram a fotografia da mulher e os investigadores chegaram a realizar buscas num lago, perto da área onde foi vista pela última vez.

Quase uma semana depois do desaparecimento de Sarah, no dia 10 de março, a polícia deteve um homem de 48 anos, também ele agente da Polícia Metropolitana de Londres, por rapto e homicídio e, uma mulher, que ao que tudo indica foi cúmplice do crime. Wayne Couzens, o agente da polícia, foi indicado como suspeito de rapto por ter feito o mesmo trajeto de Sarah na noite do seu desaparecimento. Agora, com a descoberta do corpo, é também acusado de homicídio. Os vizinhos caracterizam-no como “um pai de família exemplar”.

O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson lamentou o ocorrido e escreveu no Twitter: “Chocado e profundamente triste com os desenvolvimentos da investigação de Sarah Everard”, realçando que a polícia britânica deve “trabalhar rapidamente para encontrar todas as respostas sobre este crime horrível”.

“Não seremos silenciadas”

O homicídio de Sarah Everard causou polémica e revolta por todo o Reino Unido. No último Sábado, em  em Clapham Common, foi feita uma vigília informal em homenagem à vítima, num contexto muito criticado dada a pandemia da COVID-19.

Cerca de mil pessoas, sobretudo mulheres, marcaram presença no local. De acordo com imagens captadas pelos vídeos, rapidamente a homenagem se transformou numa manifestação, uma vez que agentes da polícia do sexo masculino agarraram e algemaram mulheres, que se pronunciavam sobre a violência contra o próprio género. As autoridades justificaram a intervenção com o facto de não estarem a ser respeitadas as medidas sanitárias. Pelo menos quatro pessoas foram detidas por desrespeitarem as normas contra a Covid-19.

Também nas redes sociais, o caso teve uma grande repercussão. Várias mulheres partilharam os seus relatos de assédio ou medo de andarem sozinhas pelas ruas e, foi também criticada a utilização de força excessiva pelas autoridades.

A comissária-adjunta da Polícia Metropolitana de Londres, através de um comunicado, afirmou: “É óbvio que não nos queríamos ter posto numa posição em que seria necessária a nossa intervenção. Mas fomos colocados nessa posição por causa da necessidade predominante de proteger a segurança das pessoas”.

Face às duras críticas à forma de atuação da Polícia Metropolitana de Londres, o governo britânico abriu uma investigação sobre o incidente, onde o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, classificou a ação dos agentes como “inaceitável”.

Artigo editado por João Malheiro