Depois de um ano em que a pandemia lhe trocou as voltas e impossibilitou a sua realização, a Bienal de Fotografia do Porto está de regresso para uma segunda edição que decorre entre os dias 14 de maio a 27 de junho.

Num ano em que fomos particularmente “confrontados com a fragilidade dos nossos sistemas sociais, culturais, políticos, económicos, ecológicos”, tivemos o tempo necessário para refletir e perceber como esse fenómeno acontece à escala global e como estas esferas estão “profundamente ligadas”, começa por contar Virgílio Ferreira, o diretor artístico da Bienal. Consciente, desde o início, que “era urgente fomentar uma reflexão” sobre este assunto, a edição de 2021 irá debruçar-se sobre o mote “O que acontece com o mundo acontece connosco”.

Assim, 16 curadores e 46 artistas nacionais e internacionais foram desafiados a mostrarem de que forma é que os sistemas humanos e naturais estão interligados e a refletirem sobre a interdependência entre as diversas esferas da vida, da ecologia à sociedade.

São um total de 19 propostas expositivas tanto em espaço físico, como em espaço digital: as exposições podem ser visitadas em 15 espaços na baixa do Porto, um espaço em Lisboa e três em ambiente online – acessíveis através do website da Bienal’21 que se estreia este ano. Para além destas exposições, que serão inteiramente gratuitas, o evento organizado pela plataforma Ci.CLO conta também com conversas públicas que exploram e confrontam ideias sobre o impacto das nossas ações no mundo.

Paralelamente, a Bienal’21 acolherá a primeira edição de um workshop internacional para analisar estratégias de responsabilidade social e ambiental no âmbito da organização de festivais de artes visuais: o Art in Action – Climate and Social Responsibility. A ideia é mostrar de que forma artistas, curadores profissionais de artes visuais podem “ativar sua mensagem para gerar mudanças efetivas”.

“Os projetos apresentados resultam, em grande parte, de laboratórios de criação. Este é, aliás, um fator que distingue esta Bienal: proporciona um espaço de experimentação, que contribui para a produção e disseminação de perspetivas artísticas, ações e intervenções, que promovam uma mudança cultural e ética, que acreditamos ser tão desejável quanto inevitável”, explica Virgílio Ferreira.

Destaca-se então a exposição Cidades na Cidade na Estação de Metro de São Bento, que resultou de um open call que desafiou artistas nacionais e espanhóis a desenvolver projetos fotográficos sobre iniciativas comunitárias urbanas no campo da justiça social e ecológica. Os artistas selecionados foram Carlos Barradas, com um projeto sobre o URBiNAT, no Porto, e María Sainz Arandia, com um projeto sobre a Cabanyal Horta, em Valência.

O acesso às exposições e atividades paralelas é gratuito e, no caso das presenciais, sujeito à lotação dos vários espaços, que cumprirão todas as medidas de segurança sanitária necessárias.

Artigo editado por João Malheiro