Manifestação decorreu esta quarta-feira e juntou vários estudantes em diversos pontos do país. No Porto, o protesto aconteceu em frente à Reitoria da Universidade do Porto. Os alunos reivindicam o fim das propinas e mais apoios sociais.

“Propinas e Bolonha, é tudo uma vergonha!”, “Dói a propina!” e “A Educação é um direito, sem ela nada feito!” foram algumas das palavras de ordem dos estudantes da Universidade do Porto, num protesto realizado em frente à reitoria da instituição, esta quarta-feira. A manifestação teve como objetivo lutar pela gratuitidade do ensino e por melhores condições do mesmo.

O protesto, que se realizou em várias regiões do país, arrancou na cidade do Porto às 15 horas. Estudantes das várias faculdades e politécnicos da Universidade do Porto reuniram-se na Praça Gomes Teixeira, em frente à Reitoria, para reivindicar “um ensino gratuito e democrático”.

Constança Viegas, membro da organização e da Associação de Estudantes da Faculdade de Belas Artes (AEFBAUP), explicou que a iniciativa resultou da falta de respostas por parte da tutela, que “negligenciou as dificuldades vividas pelos estudantes”.

Constança Viegas da AEFBAUP Foto: Tânia Cardoso

Ao longo do protesto, estudantes das Faculdades de Engenharia, Belas Artes e Letras pronunciaram-se sobre as dificuldades atuais do Ensino Superior, que têm sido agravadas pela pandemia da Covid-19.  Beatriz Félix, aluna da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), durante a sua intervenção, afirmou que “o ensino artístico pela sua natureza particular e específica (…) fica extremamente fragilizado pelo ensino à distância“.

Beatriz Félix FBAUP Foto: Tânia Cardoso

Na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) a intervenção ficou ao encargo da estudante Margarida Chalupa. Os alunos desta instituição de ensino debatem-se contra a extinção dos mestrados integrados o que leva “a uma maior burocratização, maior dificuldade no acesso aos mestrados, acompanhado por aumentos das propinas”.

As preocupações dos estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) são comuns às restantes instituições de ensino, nomeadamente, no que diz respeito à abolição das propinas. A aluna da FLUP Milene Volta, referiu na sua intervenção que já em “1991 as propinas eram temporárias” mas que ainda se mantêm. Para além disso, reforçou a necessidade de se investir na saúde mental, uma vez que existe “apenas um psicólogo para mais oito mil alunos”.

Milene Volta concluiu a sua intervenção lamentando o facto de a Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP) “não ter subscrito esta luta”.

Em declarações ao JPN, Milene Volta, considerou que “é constante a desvalorização dos problemas concretos sentidos pelos estudantes da FLUP, preocupando-se [a associação de estudantes] com outras questões”.

Milene Volta FLUP Foto: Tânia Cardoso

O JPN tentou contactar sem sucesso, até ao fecho deste artigo, o presidente da AEFLUP, João Teixeira, para perceber os motivos da ausência da entidade que representa os alunos.

Segundo a organização, a adesão correspondeu às expectativas, estando presentes cerca de uma centena de estudantes. Por parte da Reitoria da Universidade do Porto não existiu qualquer declaração. “A verdade é que nunca recebemos respostas e por isso é que estamos aqui”, referiu Constança Viegas.

Os estudantes não desistem e deixam um aviso: “A luta não vai acabar hoje, a luta não começou ontem e vamos continuar!”.

Artigo editado por João Malheiro