A viagem pelo mundo da moda começa no centro histórico de Vila Nova de Gaia, mais propriamente no World Of Wine (WOW), junto às Caves do Vinho do Porto. O Museu da Moda e do Têxtil, o mais recente espaço deste complexo, abriu portas ao público esta quinta-feira (20) e os visitantes podem ver retratados os dois principais temas do museu: a indústria têxtil e a moda de autor portuguesa.

Catarina Jorge, responsável pelo projeto, conta ao JPN, que o percurso proposto ao visitante do museu é “uma narrativa, uma história”, que começa pelo passado da indústria têxtil em Portugal e termina na atualidade, com uma exposição de jovens designers emergentes.

“O visitante, quando vier ao museu, vai encontrar uma contextualização histórica, quer de uma indústria quer de outra, e depois vai perceber um pouco como as coisas são construídas, ou seja, como é que uma roupa é feita, quais são os materiais que servem de base a essa construção, como é que pensa um designer”, descreve a responsável pelo museu.

O piso da indústria têxtil

O museu está organizado em dois pisos. A indústria têxtil é retratada logo na entrada com uma linha do tempo, intitulada de “Uma História Tecida no Tempo”. Esta cronologia, que começa em 1573 e vai até 2020, data os principais acontecimentos que tiveram lugar na história da indústria têxtil.

Um dos primeiros espaços que o visitante observa no primeiro piso do museu são os vários objetivos usados na indústria têxtil. Foto: Patrícia Martins

O caminho do museu leva-nos para um espaço onde estão expostos vários objetos ligados à indústria da moda. Um tear de lançadeira de 1910, três contentores de algodão, um álbum de amostras, um catálogo de amostras de fio, uma balança de laboratório Mikrowa-Swissmade, uma caixa de madeira com uma coleção de debuxos manuais, um conjunto de amostras de tecido, são os materiais, entre muitos, que estão exibidos e retratam o antigamente nesta indústria.

A direção é agora para a direita onde o algodão, o linho, a , a seda, as fibras de celulose regenerada e as fibras sintéticas são as protagonistas. Neste espaço, de tons neutros, são exibidas pequenas cúpulas, com os respetivos materiais da indústria têxtil.

O passo seguinte leva-nos para uma exposição de Maria Gambina, que apresenta “o futuro na pele”. Todos os modelos expostos retratam “materiais sustentáveis, éticos e disruptivos”.

A viagem segue em frente para o visitante conhecer os processos produtivos ligados à moda. Nesta área, é bastante visível o grande tear de lançadeira. Ao seu lado, em pequenas montras, estão exibidos os processos de produção, mais concretamente, a fiação, o debuxo, a tecelagem, a tinturaria, a confeção e uma montra com a peça de vestuário já fabricada.

O piso da moda portuguesa

Está na altura de seguir ao segundo piso, ao andar da moda de autores portugueses, da filigrana e do calçado nacional. É pela filigrana, a arte de formar um desenho através de finos fios de metal soldados, que o percurso nos leva. Neste espaço, em tons de azul, é visível, em pequenas cúpulas, brincos e colares com diferentes desenhos em filigrana, assim como, vários utensílios usados na prática de filigrana.

O espaço dedicado à filigrana é dos primeiros que o visitante observa no segundo piso do museu. Foto: Patrícia Martins

O calçado nacional é o tema que é retratado de seguida. Nesta área, o visitante observa uma linha de montagem dividida entre o calçado feminino e calçado masculino, indo do esboço à concretização do produto final. Vários materiais e utensílios, que são usados na produção de calçado e são visíveis numa pequena sala adjacente, foram doados por Luís Onofre e Carlos Santos, designers portugueses e pelo Centro Tecnológico do Calçado em Portugal.

O calçado nacional também tem um espaço importante neste museu, com doações de Luís Onofre e Carlos Santos. Foto: Patrícia Martins

A moda portuguesa começa a ser cada vez mais visível. Numa outra sala são apresentados vários modelos de alguns dos criadores pioneiros portugueses. Em cada polígono aberto está um trabalho de Ana Salazar, Eduarda Abbondanza, Francisco Pontes, João Tomé, José António Tenente, Manuela Gonçalves e Mário Matos Ribeiro.

A caminho da zona onde estão retratados os trabalhos dos designers portugueses prestigiados, nacional e internacionalmente, há ainda espaço para uma “passerelle” com seis modelos, todos eles muito coloridos, de vários designers portugueses, nomeadamente de Eduarda Abbondanza e Estelita Mendonça.

No segundo piso do museu encontra-se uma “passerelle” com seis modelos de vários designers portugueses. Foto: Patrícia Martins

A direção agora é para uma nova sala, em tons de azuis, com vários trabalhos expostos de criadores como Alexandra Moura, Anabela Baldaque, Carlos Gil, Diogo Miranda, Hugo Costa, Fátima Lopes, Filipe Faísca, Luís Buchinho, Luís Carvalho, Miguel Vieira, Nuno Baltazar ou Ricardo Preto. Na parede da sala, são ainda visíveis esboços de trabalhos destes designers.

O caminho traçado pelo museu termina na sala dedicada aos jovens designers emergentes, que foram apadrinhados pelas plataformas “Bloom”, do Portugal Fashion, e “Sangue Novo”, da Moda Lisboa. O centro é dedicado a grandes manequins com os trabalhos de Hugo Costa, Alexandra Moura, Alves Gonçalves ou Susana Bettencourt. À sua volta, estão ainda exibidas peças de roupa e acessórios de outros estilistas portugueses, cada um destes objetos está disposto num pequeno compartimento na parede.

O último espaço do museu é a sala dedicada aos jovens designers emergentes, como é o caso de Hugo Costa e Alexandra Moura. Foto: Patrícia Martins

Catarina Jorge refere que era importante para o museu incluir um espaço dedicado a estes criadores, pois “é certo que aprendemos muito com o passado, mas também temos que promover o futuro, temos de perceber e de dar força e apoio à nova geração, o que é muito o intuito do museu”.

O Museu da Moda e do Têxtil, desenhado pelo arquiteto Vítor Miranda com o Studio Astolfi, começou a ser desenvolvido em 2019, tendo atravessado toda a pandemia até estar finalizado para abrir ao público.

Este novo museu faz agora parte de um conjunto de mais cinco museus que compõem o espaço do World Of Wine (WOW): Museu do Vinho, Museu sobre a região do Porto, Museu da Cortiça, Museu do Chocolate e o Museu sobre o ritual da bebida.

A entrada no Museu da Moda e do Têxtil custam 15 euros, por adulto. E o horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira do 12h00 às 19h00 e ao fim de semana das 10h00 às 19h00.

Artigo editado por Filipa Silva