Portugal alcançou um total de 29 medalhas – cinco de ouro, 17 de prata e sete de bronze – no VIRTUS Campeonatos do Mundo de Atletismo para atletas com deficiência intelectual que terminou, no domingo, em Bydgoszcz, na Polónia. Com este resultado, a seleção portuguesa obteve o seu oitavo título nesta competição.

A equipa masculina sagrou-se, ainda, campeã do mundo, tendo recuperado o título que já não conquistava desde 2015. No setor feminino, as atletas portuguesas classificaram-se na quarta posição.

Para José Silva, team leader de Portugal, o balanço da competição “é super positivo face aos objetivos conquistados”. Ao JPN, o selecionador afirmou, também, que “o somatório das medalhas” foi algo “que nunca tinham conquistado em nenhum mundial”.

Tendo sido a última competição internacional antes dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, o team leader português referiu que esta prova “permitiu aos atletas que vão aos Jogos se prepararem para o mesmo evento e para muitos também alcançar as marcas de qualificação”. “Houve excelentes marcas e temos atletas com qualidade e competência para discutir os lugares do pódio nos Jogos”, declarou.

Além disso, o selecionador mencionou que, “em termos de medalhas”, os resultados eram esperados, no entanto, “em termos de equipa sabia que seria mais difícil a conquista” do título, uma vez que “outras seleções disputavam também” esse feito. Concluiu referindo que “o sucesso é uma forma de apresentar a modalidade” e “divulgar o atletismo adaptado”.

Portugal atingiu o recorde de medalhas em mundiais. Foto: Federação Portuguesa de Atletismo

Medalhados:

  • Lenine Cunha: três ouros em triplo salto, heptalto e salto em comprimento; duas pratas em salto em altura e salto com vara; dois bronzes na estafeta de 4×100 e 4×400 metros;
  • Ana Filipe: ouro em salto em altura; três pratas em triplo salto, salto em comprimento e 100 metros barreiras;
  • Cristiano Silva Pereira: ouro nos 5.000 metros e duas pratas nos 1.500 metros e nos 3.000 metros obstáculos;
  • Sandro Baessa: duas pratas nos 400 metros barreiras e 800 metros;
  • Carina Paim: duas pratas nos 200 e 400 metros;
  • Inês Fernandes: duas pratas no lançamento do dardo e lançamento do disco, e bronze no lançamento do martelo;
  • Estevão Janeiro: bronze nos 10.000 metros;
  • Joana Silva: bronze 5.000 metros marcha;
  • Afonso Roll: prata nos 5.000 metros marcha;
  • Igor Oliveira: bronze nos 100 metros;
  • Domingos Magalhães: prata no lançamento do disco e dois bronzes nos 100 metros barreiras e lançamento do peso;
  • Estafeta constituída por Carlos Lima, Lenine Cunha, Sandro Baessa e Carlos Freitas: bronze nos 4×400 metros.

Lenine Cunha e Ana Filipe estiveram em destaque na seleção portuguesa ao serem os atletas mais medalhados da competição. Arrecadaram ao todo, respetivamente, sete (três de ouro, duas de prata e duas de bronze) e quatro medalhas (uma de ouro e três de prata) nos campeonatos.

Em declarações ao JPN, o atleta paralímpico de 38 anos, que recebeu, ainda, o prémio de melhor atleta masculino da competição, considerou que a sua prestação “foi muito boa”, sendo que “fica surpreendido” com os feitos alcançados devido à sua idade, porém reconhece que “há por trás muito sacrifício, empenho e dedicação”.

Por outro lado, Lenine Cunha referiu que o objetivo era “ter feito a marca de qualificação para os Jogos Paralímpicos”. Ao alcançar os 6,55 metros, registou “a melhor marca dos últimos cinco anos”, ficando a 10 centímetros do apuramento olímpico. “Vou tentar até ao final do mês fazer a marca de qualificação. Depois disso é chegar a Tóquio e fazer a melhor qualificação possível nos meus quartos Jogos”, concluiu.

Já Ana Filipe, disse não ter conseguido alcançar “nenhum dos objetivos” que traçou, pelo que vai continuar a “trabalhar para tentar melhorar cada vez mais no salto em comprimento”, de modo a “ficar bem classificada no ranking mundial para os Jogos”.

Os Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, para os quais Lenine Cunha e Ana Filipe ainda vão tentar o apuramento, vão disputar-se entre 24 de agosto e 5 de setembro de 2021, devido ao adiamento causado pela pandemia Covid-19.

Ainda com alguns apuramentos por disputar, Portugal tem garantida a presença de 29 atletas, em seis modalidades: dez vagas no Boccia, nove no atletismo, cinco na natação, duas na canoagem, duas no ciclismo e uma na equitação.

Artigo editado por João Malheiro