Depois de lhe ter sido atribuída, em 2016, a medalha de mérito desportivo municipal, a Câmara Municipal de Gondomar voltou a receber o “menino da terra” para um momento de homenagem. 

No discurso de agradecimento, Ricardinho não esqueceu as origens e dedicou a conquista do troféu do Mundial ao seu núcleo mais próximo. “Para mim, é um orgulho poder olhar aqui para a minha frente e ver a minha primeira treinadora, poder ver os meus filhos, a minha mulher, os meus pais ”, sublinhou.

Ao JPN, a mãe de Ricardinho assentiu que ver o filho a ser homenageado é uma alegria. “É o meu melhor do mundo. É o meu orgulho e o orgulho de Portugal também”, expressou. 

O capitão da seleção nacional fez questão de oferecer a medalha do Mundial ao pai, como símbolo da admiração que disse ter por ele. Visivelmente emocionado, o até aqui seis vezes melhor do mundo fez questão de frisar a importância da figura paterna na batalha contra a lesão que o tirou do campo, em março do corrente ano.

Ricardinho entrega medalha ao pai. Foto: Inês Araújo e Silva Foto: Inês Araújo e Silva

Recuando até à partida da seleção nacional de futsal frente à Polónia, Ricardo Braga sofreu uma rotura no tendão da perna direita que condicionou a temporada do internacional português no ACCS Paris e o obrigou a uma paragem de seis meses. Seguiu-se o duro processo de recuperação, agora recompensado pelo título conquistado na Lituânia.

Esta sexta-feira, naquele que, segundo o atleta, foi “um dos dias mais felizes” que viveu, Ricardinho não deixou de reviver o passado. O menino que fazia “cabritos” no clube do bairro e levava ao rubro o povo da terra, transformou-se no “mágico” do futsal a nível mundial. “Consegui chegar do bairro ao topo do mundo”, afirmou.   

Em exclusivo ao JPN, o jogador referiu que “uma coisa” que o caracteriza é “a humildade” e o não esquecer de onde veio, algo que ficou bem patente nas palavras que selaram os agradecimentos à terra e ao país que o viram crescer. “Sou orgulhosamente português e gondomarense”, proclamou. 

“És o nosso orgulho, és o nosso herói”

“És o nosso orgulho, és o nosso herói”. Foi assim que Marco Martins se dirigiu a Ricardo Braga. O presidente da Câmara Municipal de Gondomar destacou que desde a medalha entregue em 2016, o ala português “não parou de crescer e de conquistar títulos”. O autarca salientou ainda a atribuição, em 2018, do nome de Ricardinho ao Pavilhão Desportivo de Valbom, que ainda se encontra em construção.

Para além de elogiar os feitos do futsalista enquanto atleta, Marco Martins considerou que o conterrâneo “continua a ser o mesmo: humilde, presente, dedicado, solidário, sem nunca esquecer a sua terra e o seu país”.

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, também condecorado nesta cerimónia, não poupou elogios ao gondomarense. “O Ricardo, o Ricardinho, é o melhor jogador da história do futsal. E é nosso”, realçou. 

Entre aplausos e louvores, houve ainda oportunidade para tentar convencer Ricardinho a estar presente no próximo Campeonato da Europa, que, como disse João Paulo Rebelo, “está já aí à porta”. 

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude esperou não estar “a pedir demais” ao atleta português e enfatizou a importância do jogador, enquanto “exemplo e inspiração para os mais jovens para a prática desportiva e de valores tão importantes para a sociedade”. 

Com 36 anos, e após ter ganho inúmeros prémios ao nível individual e coletivo, Ricardinho declarou ao JPN que o título que lhe falta ganhar “é o próximo”. A questão que se coloca é em que clube. À pergunta, o atleta garantiu que “ainda não está nada decidido”.  

Ricardinho assegurou que até dezembro vai permanecer em França, porque pretende “dar uma segunda oportunidade ao projeto”. Com ofertas já recusadas até ao último mês do ano, o jogador afirmou que só nessa altura vai decidir se continua no ACCS Paris (sancionado com uma descida de divisão por irregularidades económicas) ou se parte para outro clube.  

O capitão da seleção portuguesa foi novamente homenageado no sábado (16), na cidade Invicta, numa cerimónia organizada pela Associação de Futebol do Porto, ainda que não tenha conseguido estar presente. Foram também entregues prémios aos jogadores Tiago Brito, Miguel Ângelo e Vitor Hugo, atletas formados no distrito, e ainda ao selecionador nacional, Jorge Braz.

Artigo editado por Filipa Silva