Um relatório, divulgado esta terça-feira (8) pela organização não-governamental World Wide Fund for Nature (WWF), indica que o Mediterrâneo ultrapassou o limite de concentração de microplásticos a partir dos quais é provável que ocorram “riscos ecológicos significativos”.

“Existem indicadores de que praticamente todo o ecossistema do Mediterrâneo está afetado pela poluição plástica e isso, a longo prazo, pode gerar efeitos adversos para a economia das comunidades que dependem da pesca e para a saúde humana”, afirmou Eirik Lindebjerg, porta-voz da WWF.

Segundo este relatório, realizado pelo instituto alemão Alfred Wegener, o Mediterrâneo tornou-se um dos mares com maior concentração de microplásticos do planeta Terra, o que representa uma ameaça à sobrevivência de 134 espécies e tem um elevado impacto no seu ecossistema, que caracteriza mesmo como “irreversível”.

Os efeitos para as espécies e indústrias

Eirik Lindebjerg salientou que, entre as espécies mais afetadas pela poluição plástica, estão as tartarugas marinhas ou as aves marinhas, que, ao ingerirem estes materiais, podem sofrer alterações no seu sistema digestivo.

Relativamente ao possível efeito sobre a indústria pesqueira, o especialista destacou que, atualmente, apesar de não haver evidências conclusivas de que comer peixe do mar Mediterrâneo seja prejudicial à saúde, a destruição dos ecossistemas representa um impacto económico significativo para as comunidades que dependem da atividade piscatória.

“Os efeitos a longo prazo da poluição plástica ainda são desconhecidos, mas como já foi comprovado, o ecossistema marinho sofre como um todo, o que nos leva a pensar que espécies comercialmente importantes para os humanos sofrerão as consequências”, refere.

Segundo dados da WWF, Espanha é um dos cinco países que mais poluem o mar Mediterrâneo com plásticos, com números idênticos aos de França e atrás apenas do Egito, Turquia e Itália.

Uma investigação publicada na revista científica “Frontiers in Marine Science”, concluiu que a carga total anual de plásticos que vai parar ao Mediterrâneo ronda as 17.600 toneladas, das quais 3.760 estão atualmente a flutuar. Do total, 84% acaba nas praias e os restantes 16% vão parar à coluna de água ou ao fundo do mar.

Têm sido utilizados diferentes métodos para realizar o estudo dos níveis de poluição nos mares, como a monitorização por satélite, análise de amostras de água do mar ou o estudo de colónias de aves marinhas.

Artigo editado por Filipa Silva.