António Guterres pronunciou-se sobre as 78 mortes confirmadas, consequência do incidente que ocorreu esta quarta-feira na costa de Pylos, na Grécia. Há centenas de desaparecidos, muitos dos quais serão crianças.
Através do seu porta-voz Stéphane Dujarric, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se “horrorizado” com o naufrágio ao largo da Grécia, que provocou a morte de pelo menos 78 pessoas, nesta quarta-feira (14).
Numa nota conjunta, também o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) declararam-se “profundamente chocados” e “tristes” diante do incidente e defenderam medidas para garantir uma migração mais segura.
Também a presidente da Grécia, Katerina Sakellaropoulou, visitou o local onde estão os resgatados e expressou a sua consternação face àquilo que pode ter sido uma das maiores tragédias a envolver migrantes em território grego. O governo da Grécia decretou três dias de luto nacional em homenagem às vítimas.
78 mortos confirmados, centenas de desaparecidos
Os sobreviventes afirmam que o barco vindo da Líbia com destino à Itália, avistado pela primeira vez na terça-feira (13), poderia ter mais de 700 pessoas a bordo. Destas, apenas 104 foram retiradas da água com vida até ao momento. As autoridades gregas afirmaram que nenhuma pessoa possuía colete salva-vidas na altura do acidente. Os migrantes resgatados dizem que há centenas de desaparecidos.
Um médico do Hospital Geral de Kalamata que tratou alguns dos sobreviventes disse à BBC que no barco estariam um número a rondar a centena de crianças. Manolis Makaris declarou à cadeia pública britânica que dois pacientes diferentes lhe deram a estimativa: “Eles [os sobreviventes] disseram-nos que havia crianças e mulheres no porão do barco. Um [dos pacientes falou-me de cem crianças, o outro em cerca de 50, por isso, não sei a verdade, mas serão muitas”, concluiu.
A agência Frontex informou que localizou a embarcação na terça-feira, às 14h00, e comunicou de imediato o facto à guarda costeira grega e às autoridades italianas.
Por sua vez, a guarda costeira grega garante ter feito vários contactos com a embarcação, não tendo recebido qualquer pedido de ajuda.
A Alarm Phone, uma organização sem fins lucrativos que presta auxílio a embarcações em perigo, faz duras críticas à ação tardia de resgate das autoridades gregas. A organização assegura ter alertado a guarda costeira às 16h53 de terça-feira para o facto de o barco de pesca em que seguiam os migrantes precisar de ajuda.
A linha assegura que as autoridades gregas justificaram a demora em prestar assistência, com o facto de os migrantes não quererem ser resgatados. A Alarm Phone considera que tal se deve às “horríveis” e “sistemáticas” práticas de barragem à movimentação de migrantes, considerando que a Grécia se transformou no “escudo” da Europa.
“Todos aqueles que procuram uma vida melhor precisam de dignidade e segurança”, afirmou ainda, a propósito deste naufrágio, António Guterres. Segundo a OIM, morreram 441 migrantes nos primeiros três meses de 2023, apenas na rota do Mediterrâneo Central.
Editado por Filipa Silva