Elvira Fortunato substitui Manuel Heitor no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Com o marido, Rodrigo Martins, criou o primeiro transístor de papel, uma invenção revolucionária que lhe permitiu ser uma das investigadoras portuguesas mais reconhecidas internacionalmente. A nova aposta de Costa coleciona várias distinções, do prémio Pessoa ao Horizon Impact Award.

Elvira Fortunato a nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Foto: Wikimedia Commons

Pioneira mundial da eletrónica de papel, Elvira Fortunato foi a escolhida pelo primeiro-ministro António Costa como ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, função que assume no dia 30 de março, logo após a tomada de posse do XXIII Governo Constitucional. A substituta de Manuel Heitor é conhecida pelo vasto currículo na área cientifica e de investigação em Portugal. A nova ministra foi responsável, com Rodrigo Martins, pela criação do transístor de papel, uma invenção que promete revolucionar hábitos quotidianos e práticas empresarias.

Elvira Fortunato é  licenciada em Física e Engenharia de Materiais pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e doutorada na mesma área com especialização na microeletrónica e da optoelectrónica. Lidera a equipa de investigação do Centro de Investigação de Materiais. É também Professora catedrática e investigadora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL, sendo vice-reitora desta instituição de ensino superior.

A investigadora coleciona inúmeros prémios. No ano passado, recebeu, pelas mãos do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa o Prémio Pessoa relativo ao ano de 2020. A distinção acontece anualmente e é dedicada a portugueses que se destacam nas áreas cientificas, literárias e artísticas. Nesse ano, foi apontada como um dos nomes para o prémio Nobel da Física.

Recebeu uma bolsa de 3,5 milhões de euros concedida pelo Conselho Europeu de Investigação para criar um laboratório dedicado aos nanomateriais e nanofabricação após a criação do transístor de papel.  O projeto “Multifunctional Digital Materials Platform for Smart Integrated Applications – DIGISMAT” completa um outro projeto que ganhou no ano de 2008, que baseava-se no desenvolvimento de um novo conceito de função integrada ‘versus’ circuito integrado.

“Orgulho para Portugal”

Também foi distinguida pelo prémio “Horizon Impact Award 2020” entregue pelo Conselho Europeu que apoia projetos financiados pela União Europeia, cujos resultados criam impactos sociais na Europa e no mundo. O vencedor da premiação, projeto “INVSIBLE”, liderada por Elvira Fortunato, criou o primeiro écran produzido com materiais sustentáveis. O primeiro-ministro na altura felicitou o trabalho desenvolvido pela investigadora. “É um orgulho para Portugal” – afirmou Costa numa publicação na rede social Twitter.

A nova aposta de António Costa – para um ministério que chegou a ser dado como em risco de fusão com a Educação – nasceu em Almada, em julho de 1964, já recebeu a insígnia de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e desde 2016 é membro do Conselho das Ordens Nacionais portuguesas. Integra o grupo de 27 mulheres inspiradoras da Europa, eleitas pela atual Presidência Francesa da União Europeia, e foi considerada pela revista “Executiva” como uma das mulheres mais influentes em Portugal.

A composição do novo governo foi anunciada na terça-feira (23). Com 17 ministérios, “é um dos mais curtos do período democrático” e o mais feminino: pela primeira vez o número de ministras é maior do que o número de ministros. O novo elenco mantém seis anteriores ministros, conhecidos pelos portugueses. Há sete novas caras que vão assumir as pastas da Cultura, Defesa, Administração Interna e Justiça, Economia, Finanças, Educação, Mar, Ambiente e Ensino Superior.

Composição do XXIII Governo Constitucional:

  • Primeiro-ministro – António Costa
  • Ministra da Presidência – Mariana Vieira da Silva
  • Ministro dos Negócios Estrangeiros – João Gomes Cravinho
  • Ministra da Defesa – Helena Carreiras
  • Ministro da Administração Interna – José Luís Carneiro
  • Ministra da Justiça – Catarina Sarmento e Castro
  • Ministro das Finanças – Fernando Medina
  • Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares – Ana Catarina Mendes
  • Ministro da Economia e do Mar – António Costa Silva
  • Ministro da Cultura – Pedro Adão e Silva
  • Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Elvira Fortunato
  • Ministro da Educação – João Costa
  • Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – Ana Mendes Godinho
  • Ministra da Saúde – Marta Temido
  • Ministro do Ambiente e da Ação Climática – Duarte Cordeiro
  • Ministro das Infraestruturas e da Habitação – Pedro Nuno Santos
  • Ministra da Coesão Territorial – Ana Abrunhosa
  • Ministra da Agricultura e da Alimentação – Maria do Céu Antunes

Artigo editado por Filipa Silva