Na manhã chuvosa do último domingo (6), mais de 10 mil atletas, de 72 países, juntaram-se para participar na EDP Maratona do Porto. Na prova, registou-se um novo recorde masculino. A portuguesa Vanessa Carvalho conseguiu a prata, na competição feminina.

James Mwangui bateu o recorde da edição de 2021. Foto: Maria José Coelho

O queniano James Mwangui venceu a 18.ª edição da Maratona do Porto, no último domingo (7) ao cortar a meta isolado e de braços levantados. Instantes depois, a confirmação do novo recorde da prova foi recebida com aplausos calorosos. O maratonista cumpriu os 42 quilómetros em 02h08m47s, 11 segundos abaixo da marca conseguida pelo compatriota, Zablon Chumba, em 2021.

No segundo e terceiro lugares ficaram os etíopes Abraraw Misganaw Tegegne e Haymanot Alew. O primeiro português a concluir a prova foi José Sousa, do Praia de Mira, que terminou em sexto lugar.

José Sousa, o primeiro português, acabou no sexto lugar. Foto: Maria José Coelho

O ouro feminino, por sua vez, foi conquistado pela queniana Alice Jepkemboi Kimutai (2h29m58s), seguida da atleta portuguesa Vanessa Carvalho (2h35m24s), do Sporting de Braga, e de Lydia Njeri Mathathi, também do Quénia.

Além da EDP Maratona do Porto (42 quilómetros), a cidade Invicta recebeu a APO Family Race Corrida dos Ossos Saudáveis (10 quilómetros) e a EDP Fun Race (6 quilómetros). Assim como na edição transata, o percurso foi adaptado, devido às obras do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís, que impedem a passagem por Vila Nova de Gaia. Por essa razão, a Maratona decorreu ao longo da frente atlântica das cidades do Porto e de Matosinhos.

Vanessa Carvalho conquista prata na maratona

Entre palmas e gritos de força, Vanessa Carvalho percorreu os últimos metros em direção à meta e garantiu o segundo lugar na EDP Maratona do Porto. Desde 2016 que nenhum português subia ao pódio na corrida da cidade Invicta.

 “Grande mulher”, “é um feito de se tirar o chapéu”, “uma atleta portuguesa, que orgulho” foram alguns dos comentários que se ouviram entre os espectadores.

Vanessa Carvalho conseguiu o 2.º lugar. Desde 2016 que nenhum português chegava ao pódio. Foto: Maria José Coelho

Em entrevista ao JPN, a atleta sublinhou que o apoio dos adeptos “foi brutal”. Sentir o calor do público e os aplausos foi, nas palavras da maratonista, “arrepiante.” “Foram meses de preparação, são anos de trabalho”, constatou a atleta. Vanessa Carvalho destaca ainda que o lugar no pódio não teria sido possível sem a ajuda dos que a apoiam: “os meus pais, a minha treinadora, o meu grupo de treino, os colegas que me acompanharam durante a prova e esta organização que sempre acreditou em mim”.

O retorno emocional de todo o esforço e trabalho deixa a atleta “satisfeita e muito contente”: “Ver estes resultados a surgir é gratificante e deixou-me emocionada. Eu fiz anos há cerca de dois dias e merecia esta prenda”.

“Um estilo de vida”

Entre os participantes das várias provas, existem atletas de elite e atletas amadores, com motivações e objetivos distintos. Muitos encaram o desafio como “um estilo de vida”. Gil Alcoforado tem 64 anos e é apelidado de “cabecilha” de um grupo, que faz das corridas uma tradição: “A Maratona do Porto e os 10 quilómetros dos Ossos Saudáveis são obrigatórios na minha cidade. É a quinta ou sexta vez que participo.”

Gil Alcofrado é o “cabecilha” do seu grupo. Foto: Maria José Coelho

A Maratona do Porto atraiu este ano mais de 10 mil atletas de 72 países. A maioria, claro, são portugueses, mas vieram de norte a sul do país. Em comum, têm o gosto pela modalidade. Diamantino Serrano tem 57 anos e veio de Lisboa para marcar presença, pela primeira vez, na competição. Susana Alegria veio da Madeira com o objetivo único de correr os 10 quilómetros, enquanto o marido se inscreveu nos 42. Ambos representam um clube de Ovar, o AFIS.

Rui e Helena Guedes, de 36 e 37 anos, inscrevem-se em provas de atletismo há cerca de oito anos: “Somos um casal amador que gosta de correr e fazemos disto um passatempo.” Pela primeira vez, decidiram participar na EDP Maratona do Porto, por ser considerado “um marco da cidade”.

Muitos são também os que se inscrevem motivados pelo espírito de conhecer novas pessoas e partilhar vivências em grupo. É o caso de Marcelo Rodrigues, brasileiro de 42 anos, que elogia o ambiente de apoio proporcionado pela corrida: “As pessoas são muito sociáveis e acabamos por conversar uns com os outros durante o caminho. O espírito desportivo é porreiro”, contou ao JPN.

No final da prova, os atletas convivem enquanto recebem o reforço alimentar cedido pelos membros da organização. O ar de cansaço que caracteriza os rostos dos participantes é acompanhado pela felicidade de alcançar a meta. No entanto, nem todos os participantes conseguem chegar ao final da prova e há quem chegue ao fim consumido pela exaustão. Ao terminar o percurso, são encaminhados para os locais de descanso ou para as equipas médicas.

Apesar do cansaço físico, o ambiente é de celebração da prática desportiva. Paulo Gavina, de 40 anos, correu na Family Race “por puro divertimento” e promete, tal como outros, repetir o desafio no próximo ano.

Artigo editado por Fernando Costa