João Paulo Correia falou com o JPN depois da sessão de encerramento da Tomorrow Summit. O secretário de Estado referiu a necessidade de valorizar mais o trabalho jovem em Portugal e esclareceu que o investimento no desporto não se resume ao que está no Orçamento de Estado.

João Paulo Correia, secretário de Estado do Desporto, protagonizou a sessão de encerramento da Tomorrow Summit 2022 Foto: Raquel Sousa

Prevê-se no Orçamento do Estado para 2023 uma despesa de 44,7 milhões de euros para o desporto. A fatia é maior do que a do ano anterior (1,6 milhões), mas, para o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, não chega. “Nunca ficarei plenamente satisfeito”, afirmou ao JPN à margem da sessão de encerramento da Tomorrow Summit 2022, em que participou na última sexta-feira (11).

Contudo, João Paulo Correia explicou que o valor previsto no Orçamento de Estado (OE) não representa o total do investimento no Desporto, mas apenas o dinheiro que provém “diretamente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) para a área do desporto.”

Ao valor do OE, o secretário de Estado somou o montante para o projeto olímpico e paralímpico (31,2 milhões de euros) e o apoio indireto dado às federações desportivas através da participação na receita das apostas (50 milhões, em 2021).

A verba portuguesa para a preparação olímpica e paralímpica é a mais alta de sempre, superando a do programa para Tóquio 2020 em 18,4%. Dos 31,2 milhões, 22 milhões serão destinados ao projeto Olímpico e 9,2 milhões ao paralímpico.

João Paulo Correia fez, também, referência aos 37 milhões de euros do desporto escolar e ao investimento nas unidades de apoio ao alto rendimento nas escolas onde há pelo menos dez atletas das seleções jovens nacionais a frequentar entre o 5.º e o 12.º ano de escolaridade. Ambos os montantes advêm do Ministério da Educação.

“O futuro da União Europeia precisa cada vez mais dos mais jovens”

O secretário de Estado sublinhou, ainda, ao JPN, a importância da participação ativa dos jovens na política, não só em Portugal, como na Europa. “O futuro da União Europeia precisa cada vez mais da presença e da participação dos mais jovens nos lugares de decisão política. A Europa fez um apelo às gerações mais jovens para que em 2022 ajudassem as suas governações a construir um futuro mais verde, mais inclusivo e mais digital”, afirmou

João Paulo Correia garantiu, ainda, ao JPN, que o Estado português está a trabalhar para garantir a sustentabilidade das gerações mais jovens: “O governo de Portugal está a mobilizar todas as políticas e medidas que conseguimos construir conjuntamente com os representantes [das organizações] de Juventude em Portugal para que, até 2024, possamos ultrapassar as principais barreiras e ao mesmo tempo lançar a sustentabilidade da vossa geração, da geração mais jovem”.

Na mesma linha, durante o discurso de encerramento da Tomorrow Summit, o secretário de Estado falou da importância do 2.º Plano Nacional para a Juventude (PNJ). O membro do governo considerou o plano “ambicioso” e explicou que as medidas que integram o plano são “transversais às várias áreas governativas”.

João Paulo Correia esclareceu que o valor destinado ao Desporto no OE2023 não representa todo o investimento no setor Foto: Raquel Sousa

Aprovado a 11 de agosto, o PNJ integra 420 medidas e políticas dirigidas às gerações mais jovens. O orçamento disponibilizado para o plano é de 3 mil milhões de euros (44% com origem em fundos europeus) para os anos 2022, 2023 e 2024. O PNJ pretende apoiar os jovens em áreas como o acesso à habitação e à fiscalidade, assim como o ingresso no mercado de trabalho e na constituição da família.

O secretario de Estado reforçou, também, a preocupação em aumentar a taxa de emprego jovem em Portugal e de melhorar as condições de trabalho. Aproveitou, então, para mencionar a agenda do trabalho digno como um ponto essencial do PNJ: “Para além de mais emprego, precisamos de mais salários, de melhores salários e de melhor emprego. Quando falamos de melhor emprego, falamos de trabalho digno e, por isso, a agenda para o trabalho digno faz parte do Plano Nacional para a Juventude. É um dos maiores desafios que está neste momento nas mãos do Parlamento.” 

O plano, construído com base na avaliação do 1.º PNJ, apoia-se em cinco eixos principais que correspondem às cinco áreas prioritárias: emancipação e autonomia, educação e ciência, cidadania e participação, estilos de vida saudáveis, cultura e criação livre.

Taxa de abandono escolar em Portugal é a mais baixa de sempre

Durante o discurso de encerramento, João Paulo Correia mostrou-se, também, satisfeito com o aumento da taxa de ingresso dos jovens no ensino superior e a diminuição do abandono escolar.

Realçou, ainda, que Portugal tem, atualmente, a taxa mais baixa de abandono escolar da história, o que que permitiu “ganhar um retorno enorme do investimento que o país tem feito ao longo dos anos na educação”. O secretário de Estado referiu que “47% dos jovens portugueses com 20 anos frequentam o ensino superior, um valor superior à da média europeia, que marca os 42%”.

João Paulo Correia revelou, por fim, um reforço para 2023 no programa Cuida-te +, em conjunto com o Ministério da Saúde. O programa foi criado em 2019 pelo IPDJ com o objetivo de promover a saúde mental juvenil

Artigo editado por Fernando Costa