A Federação Portuguesa dos Dadores Benévolos de Sangue (FEPOBADES) está preocupada com a redução do número de dádivas com a chegada do verão e festividades. Último relatório aponta que as reservas de A+ e O+ são de apenas cinco dias.

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Dádiva de sangue aumentou em 2021. João Pedro Rocha/FAP

Mesmo que esta quarta-feira (14) se celebre o Dia Mundial do Dador de Sangue, o presidente da Federação Portuguesa dos Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES), Alberto Mota, admite estar apreensivo com o número de unidades de sangue disponíveis. O último relatório disponibilizado pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), enviado a 7 de junho, acusa a escassez dos tipos sanguíneos A+ e O+, com reservas de apenas cinco dias.

Apesar da recolha de sangue ser realizada todos os dias ao longo do ano, Alberto Mota confessou, em declarações ao JPN, que esta altura de “muitos feriados, de muitas pontes e muitas greves” tornaram mais difícil o cumprimento das mil a 1100 unidades de sangue que têm de ser recolhidas diariamente.

“Como toda a gente sabe, nós temos uma tarefa muito complicada. É uma tarefa em que, todos os dias, temos de ter sempre o mesmo número de unidades”, explica o responsável. Alberto Mota acrescenta que, tradicionalmente, as reservas são afetadas com a chegada do verão, que traz consigo vários eventos, levando ao afastamento dos dadores durante um período de tempo. Assim, a proximidade das Jornadas Mundiais da Juventude, de festivais de verão e todo o movimento gerado por esses acontecimentos deixam o responsável “um bocado preocupado”.

As doações realizadas pelos voluntários são essenciais para “melhorar a qualidade de vida de muitos doentes que estão nos hospitais”. O representante da FEPOBADES também referiu que o sangue recolhido é utilizado para o fabrico de vários medicamentos, através do fracionamento de plasma, que já acontece há quatro anos.

Jovens doam cada vez mais sangue

Apesar do que se pode pensar, o número de recolhas de sangue aumentou em 2021, ano em que ainda se viviam tempos pandémicos. De acordo com Alberto Mota, ainda que se sinta a necessidade de mais dadores, tem-se assistido a um aumento de dádivas por todo o país.

“Pode-se dizer que, ao fim de 13 anos, as dádivas de sangue subiram. Nestes últimos 13 anos estávamos sempre a descer e mesmo em ano de COVID, conseguimos subir. Fizemos cerca de 311 mil dádivas durante o ano de 2021. E muitos foram dadores de sangue pela primeira vez, cerca de 35 mil. Não foi o COVID que retirou habituais nem novos dadores de sangue”, avançou ao JPN.

Em adição, o responsável destaca uma adesão crescente de jovens nas colheitas. Agradado com o resultado, o diretor da FEPOBADES pensa que ainda há muito trabalho a fazer e que este esforço deve continuar. A federação tem ainda uma iniciativa de literacia e saúde direcionada ao meio escolar: “O Gotas vai à Escola”. Esse “é um trabalho que consiste em falar com os jovens para que sejam os nossos porta-vozes junto dos seus pais e familiares para eles doarem sangue e, para no futuro, serem eles os dadores de sangue”, esclarece, acrescentando que o projeto conta com o apoio da Associação Nacional de Freguesias e a Direção Geral da Educação, tendo obtido bons resultados até agora.

Jovens têm doado cada vez mais sangue Lotte Klaver/Flickr

Em complemento à iniciativa escolar, Alberto Mota acredita que o assinalar do Dia Mundial do Dador de Sangue também serve para consciencializar as pessoas sobre a necessidade da participação voluntária. A FEPODABES, que já conta 41 anos e surgiu de uma união de associações de dadores de sangue, possui planos para celebrar a data, para além das recolhas diárias. No dia 18 de junho, será realizado um “evento cultural e de homenagem”, em Lamego, direcionado para associações desta índole e dadores. Espera-se a presença de representantes do Ministério da Saúde e da Assembleia da República.

Atualmente, em Portugal, é possível doar sangue em 28 hospitais e existem três centros regionais de sangue, no Porto, Lisboa e Coimbra. A Federação Portuguesa dos Dadores Benévolos de Sangue realiza várias sessões por todo o país, diariamente, com menos expressão no Alentejo e Algarve.

Existem ainda várias iniciativas do IPST. No Porto, no Dia Mundial do Dador de Sangue, vai ser possível realizar doação no IPO, no Serviço de Imuno-Hemoterapia, das 8h30 às 19h00. Para além disso, o IPST e a Wook estabeleceram uma parceria, oferecendo um livro a quem fizer doações, de 12 a 16 de junho. Para doar é necessário ter mais de 18 anos, um peso acima dos 50 quilos e seguir um estilo de vida saudável.

Artigo editado por Filipa Silva