Associação de Músicos reuniu esta manhã com a autarquia e desconvocou a manifestação marcada para segunda-feira. Escola Pires de Lima é "a hipótese mais viável" para Rui Moreira. "O Stop está fora de questão, acabou", sentenciou, ao JPN, presidente da Associação de Músicos.

Dezenas de lojistas concentraram-se ontem à porta do Stop. Rua do Heroísmo chegou a ser cortada. Foto: Laura Luchtenberg/JPN

A Escola EB 2,3 Dr. Augusto Pires de Lima é agora “a hipótese mais viável” para acolher os músicos do Centro Comercial Stop, que viram, esta terça-feira, os seus espaços selados pela Polícia Municipal do Porto, por falta de licença de utilização.

Numa conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, avançou com a possibilidade, que disse ter sido apresentada à Associação Cultural de Músicos do Stop (ACM Stop), com quem reuniram antes da conferência.

O autarca adiantou ainda que, na próxima segunda-feira, será feita uma visita ao local por representantes da ACM Stop e pelo vereador com a pasta das Atividades Económicas e Fiscalização, Ricardo Valente.

A escola, que é da autarquia e que também tem problemas de degradação, “vai ficar livre até ao fim do ano”, informou Moreira, uma vez que os alunos que ainda restavam vão passar para o remodelado Liceu Alexandre Herculano. 

Além disso, entre as opções disponíveis, esta será, na visão da autarquia, a que resolve mais “rapidamente” o problema, considerando que a adaptação das salas de aula a salas de ensaio “é relativamente fácil”.

O complexo da Pires de Lima tem muito espaço – é composto por “seis unidades completamente autónomas” – e a autarquia garante que assumirá os custos de adaptação. Já “as normas e regulamentos” da utilização do espaço, bem como a sua gestão, ficariam a cargo da associação de músicos.

Rui Moreira garantiu ainda que a compra do CCStop não está a ser ponderada pela autarquia, uma vez que há centenas de proprietários e também porque o processo de expropriação só pode acontecer mediante uma declaração de utilidade pública do Ministério da Cultura. “Uma expropriação mais as obras necessárias demoram, mais ou menos, três anos” e “o problema dos músicos não é para amanhã, é de hoje”, afirmou.

Localizada a cerca de 200 metros do Centro Comercial Stop, a Escola Pires de Lima teria ainda a vantagem de evitar “desenraizar” a comunidade de centenas de músicos que há mais de uma década usam o Stop como local de trabalho e ensaio, considerou Moreira.

Sobre a operação que levou à selagem de 105 das 126 salas do centro, o presidente da CMP disse aos jornalistas que não foi informado, nem tinha de ser, uma vez que a responsabilidade da ação foi da Polícia Municipal. Rejeitou ainda que os inquilinos do Stop tenham sido surpreendidos, porque estavam “avisados do risco iminente” do espaço. O autarca referiu problemas de ruído e de falta de condições de segurança, aliadas à falta de licenças de utilização na grande maioria das lojas. 

“Ninguém está mais preocupado com o futuro dos músicos do STOP que nós”, garantiu, acrescentando que era necessário agir antes que acontecesse “uma situação de altíssima gravidade“. Nessas circunstâncias, a Câmara poderia “ser acusada de negligência”, concluiu.

“O Stop está fora de questão, acabou”

Contactado pelo JPN já depois da conferência de imprensa desta manhã, Rui Guerra, presidente da ACM Stop, confirmou que a organização está “a ponderar” com a autarquia “outras alternativas para continuar a atividade”, sendo a Escola Pires de Lima a que lhe foi, para já, adiantada. De uma coisa Rui Guerra parece estar certo: “o Stop está fora de questão, acabou.”

Quanto à manifestação que tinha sido entretanto anunciada para a tarde de segunda-feira (24), e que passaria por uma marcha de protesto entre o Stop e a Câmara do Porto, “não vai mais acontecer”, na sequência dos desenvolvimentos desta manhã, disse.

De todo o modo, não é de descartar que alguma ação aconteça. Isto porque a ACM Stop é, para a Câmara do Porto, “a única associação legal e representativa dos músicos” do Stop, mas não é a única. Existe atualmente uma segunda associação, a Alma Stop. Além disso, no Stop há lojistas com outras atividades, que não são representados por qualquer uma das associações e cujos interesses não farão parte destas negociações.

Além da Escola Pires de Lima, a Câmara do Porto também já tinha apontado o Silo Auto como um possível destino para os músicos do Stop, mas a opção nunca recolheu o apoio dos músicos.