De acordo com a associação Alma STOP, o protesto contra o encerramento do centro comercial mantém-se de pé, contrariando a informação dada na véspera pelo presidente da outra associação representativa dos músicos, a ACM Stop. Há uma mais uma reunião esta quinta-feira na Câmara do Porto e um plenário marcado para amanhã.

Ação da Polícia Municipal do Porto na terça-feira deixou dezenas de lojistas na rua. Foto: Laura Luchtenberg/JPN

A manifestação contra o encerramento do centro comercial Stop, convocada na sequência da operação da Polícia Municipal que levou ao encerramento de uma centena de lojas naquela galeria por falta de licenças de utilização, mantém-se agendada para a próxima segunda-feira, dia 24.

Não foi adiada e não vai ser adiada”, assegurou ao JPN Jaime Manso, da associação Alma Stop, depois de na véspera, o presidente da Associação Cultural de Músicos do Stop (ACM Stop) – outra organização representativa dos artistas – ter dito que o protesto já “não” se realizaria, depois das garantias deixadas pela autarquia sobre a procura de uma alternativa para o Stop.

As informações de que não haveria manifestação “não correspondem à verdade”, reforça Jaime Manso, garantindo também que o STOP “não está morto nem fora de hipótese”.

Os protestos que se vão seguir têm agora duas grandes motivações por parte dos artistas e outros arrendatários do Stop: “Não só porque queremos reivindicar o STOP, mas também demonstrar o nosso desagrado com a forma como fomos tratados”, afirmou. 

Recorde-se que na véspera, a Câmara Municipal do Porto promoveu uma reunião com a ACM Stop, à qual se referiu, no seu site de notícias, como “a única associação legal e representativa dos músicos”. 

Jaime Manso assegura que a maioria das pessoas que ocupam o edifício, as que integram a associação Alma STOP e mesmo pessoas afetas à ACM Stop, não estarão de acordo com o modo como este processo está a ser tratado com a autarquia. 

“Não podemos ser tratados assim”, reforça Jaime Manso, que diz que todos foram tratados como “indigentes” pelas forças de segurança e pela autarquia. “Estamos a ser tratados como se fôssemos ‘ocupas’, mas somos pessoas de bem, todos pagam renda e impostos”, recordou.

Entretanto, foi convocada nova reunião na autarquia portuense, para as 18h00 desta quinta-feira, desta vez com as duas associações de músicos: a Alma Stop e a ACM Stop. 

Propostas “ridículas”

No que toca as soluções sugeridas pela Câmara Municipal, para que os músicos do Stop passem a ocupar ou o Silo Auto ou a Escola Pires Lima, Jaime Manso considera estas propostas “ridículas”, tendo em conta que a primeira hipótese é um local “openspace”, que impossibilita o ensaio dos músicos. Já a escola possui apenas 46 salas, capacidade de quase um terço do Stop, que possui 112 salas, refere. Para Jaime Manso, a escola não tem capacidade para comportar todo o material e oferecer as condições necessárias para os artistas.  

Além disso, aponta que 800 pessoas é um rombo muito grande”, em relação à quantidade de indivíduos que “neste momento não têm onde trabalhar”. A situação piora num cenário de relocalização para a Escola Pires de Lima: “Seria só final do ano” e “não podemos esperar”, afirma Manso.  

Dando o seu exemplo pessoal, Jaime Manso refere que está “impedido” de pegar nos seus instrumentos e, por conseguinte, de “trabalhar”. 

Um dos poucos que ainda mantêm a sua loja em funcionamento, por ter licença, é o músico Pedro Adelino. Ao JPN, considerou que as declarações de Rui Guerra “não representam os músicos do STOP” e que estas atitudes estão a ser tomadas “sem dialogar com qualquer músico”.

“Estamos sem esperança”, declara Leandro Vidal, que teve o seu estúdio de tatuagem interdito pela polícia na última terça-feira (18). O artista afirma que a falta de respostas por parte da autarquia o coloca numa situação de apelo para “tentar arranjar outro local”. Tal como outros arrendatários, permanece impedido de aceder ao interior do seu estúdio. 

Protesto e marcha

Manifestação vai decorrer segunda-feira (23) às 15h00 em frente a Câmara do Porto.

Na próxima segunda-feira (24), os manifestantes vão protestar em frente à Câmara Municipal do Porto, pelas 15h00, num “concerto ação”.

De seguida, pelas 19h30, vão marchar desde a Avenida dos Aliados até ao CCStop, na Rua do Heroísmo, com passagem pela Rua de Passos Manuel, Praça dos Poveiros e Jardim de São Lázaro.

Antes disso, além da reunião agendada para esta quinta-feira na câmara está marcada uma assembleia, esta sexta-feira (21), com os músicos. no STOP, às 21h30.

Aberto em 1982, o CCStop é uma galeria comercial que acolhe, há mais de uma década, centenas de músicos que ali têm desde estúdios de gravação a salas de ensaio. O edifício padece de muitos problemas infraestruturais, estimando-se que sejam necessários 6 milhões de euros para obras de reabilitação. Há um projeto aprovado, mas não há dinheiro para a intervenção, como assumiu Ferreira da Silva, o administrador do Stop, em declarações à Lusa. 

A CMP refere as queixas relativas ao ruído, problemas de segurança do edifício e a falta de licenças de utilização como os problemas que levaram à situação presente. 

Editado por Filipa Silva