Apesar de terem assinado uma das melhores exibições do arranque da época, o FC Porto foi derrotado em casa pelo Barcelona por um golo. Desatenção de Baró em cima do intervalo esteve na origem do golo.

Dragões contaram com o apoio do público. Quase 50 mil estiveram nas bancadas do Dragão. Foto: FC Porto/Facebook

Há 19 anos, o Dragão foi inaugurado para o futebol mundial num duelo entre o FC Porto e o Barcelona, vencido pela equipa portuguesa por 2-0. Já nesta quarta-feira (4), as equipas defrontaram-se pela primeira vez numa partida oficial na casa dos dragões. No entanto, desta vez, o marcador não foi tão feliz para a equipa portuguesa, que saiu derrotada por 1-0.

O golo marcado aos 45′ por Ferran Torres, que substituiu o avançando polaco Robert Lewandowski, decidiu a partida e colocou os portugueses no segundo lugar do Grupo H, três pontos atrás do Barcelona.

É a segunda derrota seguida do FC Porto, que encarava este duelo na Liga dos Campeões como uma oportunidade de redenção após a derrota contra o Benfica, também por 1-o, na Luz.

A equipa de Xavi Hernández – que esteve no relvado em 2004 como jogador e que cumpriu o seu centésimo jogo como treinador blaugrana – assistiu a uma das melhores atuações portistas nesta época, acompanhada pelo apoio dos adeptos desde o apito inicial. Contudo, os catalães foram mais eficazes, sobretudo a partir da falha de Romário Baró, que esteve na origem do golo.

O encontro relativo à segunda jornada da Champions fica também marcado por algumas decisões controversas do árbitro inglês Anthony Taylor.

Frustração na primeira parte

A partida começou com as duas equipas a respeitarem o seu ADN. O Barcelona a apostar na posse de bola à la blaugrana, enquanto o FC Porto tentava explorar o ataque em velocidade, sobretudo através de Galeno.

O primeiro lance digno de nota da partida aconteceu aos 16′, num contra-ataque portista que começou em Alan Varela e passou para Eustáquio. No entanto, o internacional canadiano acabou por rematar pressionado por Koundé, sem perigo para Ter Stegen.

João Félix, assobiado desde o primeiro toque na bola, não conseguiu criar muitas jogadas de perigo, até ao minuto 23. Depois de uma bola mal tirada por David Carmo, o número 14 do Barcelona arriscou de fora da área, levando perigo à baliza portista.

O Barcelona melhorou e criou algumas oportunidades a meio da primeira parte, mas nada que levasse perigo a Diogo Costa. Entretanto, aos 44´, Ferran Torres, que entrou para o lugar de Lewandowski aos 33′, rematou forte, mas a bola parou na intervenção segura de Diogo Costa.

Já nos descontos, o Barcelona aproveitou aquela que foi a jogada decisiva do jogo. İlkay Gündoğan intercetou um passe curto de Romário Baró no meio-campo e assistiu Ferran Torres. O espanhol concluiu com sucesso o contra-ataque dos catalães, com um remate rasteiro que Diogo Costa não conseguiu parar. 

A vitória dos culés ao intervalo frustrou os adeptos portistas – estiveram 49.722 nas bancadas do Dragão -, que tiveram oportunidades para terminar a primeira parte a vencer, mas tiveram pouca eficácia, sobretudo, devido à inconsequente manobra ofensiva.

Desilusão na segunda parte

O FC Porto voltou do balneário com intensidade e propôs um jogo ofensivo desde o primeiro minuto. Aos 53′, Pepê teve uma grande oportunidade de empatar, mas falhou no combate contra Koundé, que ganhou na velocidade do brasileiro e foi decisivo para evitar o golo.

Já aos 62′, deu-se a oportunidade de maior perigo dos portistas na partida. Um cruzamento pelo lado direito de Romário Baró resultou num remate de cabeça do iraniano Taremi, mas a bola passou por cima da baliza dos espanhóis.

A entrada de Evanílson também levou os portistas a melhorarem na partida. Foi ele quem começou uma boa jogada pela esquerda, mas o lateral-esquerdo Wendell rematou em cima do guarda-redes alemão, sem perigo.

Logo de seguida, Pepê serviu Mehdi Taremi que rematou fraco. A bola parou novamente no guarda-redes do Barcelona. No minuto 71, Galeno forçou Ter Stengen a realizar uma defesa monumental, depois do remate de fora da área, que tinha a direção das redes espanholas.

Antes do término do embate, o FC Porto ainda esboçou uma pressão, mas acabou por não criar grandes oportunidades para igualar o placar. Ainda deu tempo para Gavi ser expulso, por uma falta cometida sobre Wendell, aos 90′. Restou um sabor amargo na primeira vez que o hino da liga milionária tocou no Dragão em 2023/24.

Distração de Baró decisiva no desfecho

Desde o começo da partida no Dragão, o Barcelona tentou a trocar passes entre os dois primeiros blocos, mas sem criar grande perigo. Pelo lado portista, o apoio da claque fez com que os jogadores tentassem responder de uma forma mais incisiva, mas os lances criados acabaram por ser mal finalizados pelos avançados, com recepções falhadas e remates em cima do alemão Ter Stegen.

Um dos portistas que mais se evidenciou foi Galeno, a mostrar sua importância na versão 2023/24 do FC Porto, depois de uma estreia mágica contra o Shakthar. O brasileiro criou algumas oportunidades pelo lado esquerdo, num duelo interessante com João Cancelo, e proporcionou alguns arrepios aos culés.

Mesmo sem a linha de cinco defensores, a equipa de Sergio Conceição não sofreu com os avançados-estrela do Barcelona, tendo conseguido neutralizar as ações ofensivas de Lewandowski e Félix.

Tudo acabou por ser decidido em cima do apito para o intervalo na sequência da distração de Romário Baró, que não começava a titular na liga milionária desde 2020. O médio de 23 anos estava a fazer uma boa exibição, participando nas transições ofensivas da equipa de Sérgio Conceição, mas acabou por sair manchado pela desatenção que rendeu o desaire.

Destaque também para o recorde do espanhol Lamine Yamal, do Barcelona, que se tornou o jogador mais jovem de sempre a ser titular na UEFA Champions League, com 16 anos e 83 dias. Uma das maiores promessas do futebol europeu, o número 27 mostrou habilidade no Estádio do Dragão, no mesmo relvado em que Lionel Messi se estreou como profissional, em 2004.

Conceição contente com a equipa, descontente com a arbitragem

No rescaldo da derrota por 1-0, Sérgio Conceição destacou a atuação dos seus jogadores, ao afirmar que a estratégia definida foi cumprida pelos jogadores.

No entanto, deixou também críticas à equipa de arbitragem, liderada por Anthony Taylor, que acabou por não marcar uma penalidade sobre Taremi, aos 20′, num lance em que Koundé agarra o avançado pela camisola. O inglês mandou o lance seguir e o VAR também não interveio.

“Os árbitros devem estar contentes com a exibição que fizeram”, afirmou, com ironia, o técnico portista. “Estamos desiludidos, frustrados, trabalhámos imenso, fizemos um jogo fantástico. Criámos muitas oportunidades, foi um jogo cruel para nós”, concluiu.

Sobre a falha de Baró, o treinador portista ressaltou que “ao jogar a um nível alto, na melhor prova de clubes do mundo, é necessário que [os jogadores] estejam focados e concentrados. Não se podem cometer determinados erros nesta competição, porque depois sofre-se e é injusto para todos os que trabalham e metem tudo do que é o seu espírito nos jogos”.

“Custou-nos ganhar”

Por seu lado, Xavi Hernández destacou as dificuldades blaugranas para sair da Invicta com os três pontos ganhos. O espanhol mencionou estar ciente do trabalho “muito bem feito no FC Porto”, além de apontar também que Sérgio Conceição “é muito bom treinador”.

Contudo, o ex-jogador culé considerou superior a primeira parte do Barcelona, que sofreu mais na metade final do embate. Por fim, declarou que a atuação blaugrana frente aos adeptos portistas exigiu “deixar a alma” para vencer no Dragão.

Com o resultado no Dragão, os portistas estão no segundo lugar do Grupo H, com os mesmos três pontos do início da jornada. Já os culés assumem o primeiro posto, com os seis pontos somados em dois jogos. Shakthar Donetsk, que venceu o Antuérpia por 3-2, soma três pontos e está em terceiro, enquanto os belgas são os últimos na classificação.

O FC Porto volta aos relvados no próximo domingo (8), contra o Portimonense, no Estádio do Dragão, para a Liga Portugal. Os jogadores de Sérgio Conceição buscam diminuir a desvantagem que têm para o Sporting, que está em primeiro, com 19 pontos, e para o Benfica, colocado logo em seguida, com 16.

Já os catalães, em segundo lugar no campeonato espanhol, com uma desvantagem de um ponto para o Real Madrid, defrontam o Granada, também no domingo (8), no Estádio Nuevo Los Cármenes.

Editado por Filipa Silva