O presidente da Câmara Municipal de Valongo afirmou esta sexta feira (23), na reunião do Conselho Metropolitano do Porto, que o município "não presta vassalagem ao Porto". Filipe Araújo, vice-presidente da CMP, destacou que esta decisão põe “em causa” aquilo que é “o espírito metropolitano”.

Reunião do Conselho Metropolitano do Porto

Conselho Metropolitano do Porto reuniu-se na sexta-feira (23). Foto: Filipa Ferreira/JPN

Os municípios do distrito do Porto aprovaram, por unanimidade, a construção da academia da Associação de Futebol do Porto (AFP) na Prelada, numa reunião do Conselho Metropolitano que decorreu esta sexta-feira (23).

O presidente da Câmara da Trofa, Sérgio Humberto, vice-presidente do Conselho Metropolitano do Porto que presidiu à reunião no lugar de Eduardo Vítor Rodrigues, declarou que, no total, o município do Porto vai apoiar a candidatura com 750 mil euros, Vila Nova de Gaia, Gondomar, Matosinhos e Maia com 500 mil euros e Santo Tirso, Póvoa de Varzim, Paredes, Trofa e Vila do Conde com 200 mil euros. Já Valongo vai contribuir “com zero euros”.

Numa declaração de voto, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), afirmou que “está em causa aquilo que é o espírito metropolitano, que preside à constituição daquilo que é uma área metropolitana”. O número dois de Rui Moreira reforçou que “o princípio de solidariedade e de pertença à Área Metropolitana por parte do município de Valongo vale zero euros”, enquanto que os outros municípios “contribuem com centenas de milhares de euros”. Face a isto, acrescentou que “está na hora do município de Valongo considerar se deve pertencer ou não à Área Metropolitana”.

O vice-presidente da CMP relembrou ainda que é a “segunda vez que este município se recusa a participar. Nunca recusou em receber verbas, mas quando é para contribuir para projetos metropolitanos, recusa-se”. Em causa está o apoio da Área Metropolitana do Porto à requalificação do Coliseu do Porto que, em dezembro, foi chumbado por sete municípios, incluindo Valongo. Já em janeiro, estes municípios acabaram por assumir a comparticipação de cinco mil euros, com Valongo a exigir ser incluído na chamada “segunda coroa metropolitana”, a quem cabe o valor mais baixo de comparticipação.

Infraestruturas desportivas constituem “prioridade negativa nos fundos europeus”

José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Valongo, fez também uma declaração de voto, na qual destacou que a construção dos dez estádios de futebol para o Euro 2004 “levou a União Europeia a considerar negativo o apoio a novos investimentos em infraestruturas desportivas, independentemente de serem ou não ligadas ao futebol”. Relembrou ainda que, desde então, as câmaras municipais e as associações desportivas “nunca mais conseguiram financiamento europeu para novas infraestruturas desportivas”, continuando “a constituir prioridade negativa nos fundos europeus”

O autarca socialista referiu também que “não são nada claros os motivos que levam a tentar defender que o novo equipamento desportivo da Associação de Futebol do Distrito do Porto, um desporto que move milhões, possa ser considerado de interesse metropolitano”. Assim, o município de Valongo, “não confundindo solidariedade metropolitana com subordinação metropolitana”, decidiu “não apoiar financeiramente” este projeto “por razões de coerência perante toda a comunidade desportiva valonguense”.

José Manuel Ribeiro terminou a intervenção afirmando que Valongo não presta vassalagem ao Porto”, apesar de o município fazer “parte da Área Metropolitana do Porto com muito orgulho”.  

No final da reunião, onde estiverem presentes 13 dos 17 municípios da AMP, Filipe Araújo, em declarações aos jornalistas, salientou que “o município de Valongo, que faz parte do distrito do Porto e que tem muitos jovens e crianças que praticam este desporto, certamente não se reverá neste pressuposto“, mesmo que José Manuel Ribeiro diga “reiteradamente” que “não quer participar”, frisou.

O vice-presidente da CMP concluiu que “se temos um espírito metropolitano e acreditamos que há instrumentos metropolitanos na área da cultura, do desporto e até noutras áreas que podemos potenciar, então, todos temos que prescindir um pouco das verbas que nos foram atribuídas pelos fundos europeus“.

Editado por Filipa Silva