O Bloco de Esquerda viu aprovada, parcialmente, uma proposta de recomendação apresentada ao Executivo da Câmara do Porto. Ciclo de debates deve avançar no segundo trimestre. Já o acesso gratuito dos motoristas da STCP aos transportes públicos e a construção de casas de banho e postos de utilização para os trabalhadores foram recusadas.

A proposta do BE previa um passe gratuito para os motoristas da STCP. Foto: Daniel Malheiro/Flickr

A proposta de recomendação do Bloco de Esquerda (BE) que previa o acesso gratuito dos motoristas da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) aos transportes públicos na Área Metropolitana do Porto (AMP) e a criação de casas de banho e postos de utilização para os trabalhadores foi esta segunda-feira (4) reprovada na reunião do Executivo. Houve, contudo, um ponto que mereceu o apoio dos vereadores: a de criação de um ciclo de debates sobre a mobilidade no Porto.

Na reunião do Executivo municipal, foi debatida uma proposta do BE, que tinha em vista melhores condições na mobilidade e no trabalho dos motoristas da STCP. Em declarações aos jornalistas, Sérgio Aires, vereador do BE, disse que a proposta, votada por pontos, “refletia a preocupação que foi demonstrada pelos trabalhadores“. 

O primeiro ponto fazia referência à possibilidade de os motoristas da STCP adquirirem transporte público gratuito na Área Metropolitana do Porto (AMP), visto que “muitos deles vivem fora do município”. Contudo, a proposta foi rejeitada “com o argumento financeiro”. O vereador do BE referiu que, segundo o Executivo, “[a proposta] teria um custo de mais de 600 mil euros“.

Sérgio Aires contrariou o argumento dado pelo Executivo ao afirmar que é “uma desculpa muito esfarrapada”, já que a mesma quantia é dada tranquilamente para apoio a eventos” e, inclusivamente, já foram dados cerca de 600 mil euros “para um único evento”, referindo-se ao Primavera Sound. “Damos, todas as reuniões, apoios no valor de 70, 80, 100 mil euros e a Câmara nunca foi à falência por causa disso”, acrescentou.

Além disso, o vereador revelou que outro dos argumentos apresentados foi que não há “necessidade” de dar aos motoristas “transporte gratuito ou bilhete especial para circularem nos transportes fora do município”, visto que “têm um transporte que para em pontos estratégicos e que os leva até ao local de trabalho”. “Mas esses pontos estratégicos estão a alguma distância da casa deles” e, nesse percurso, “têm de pagar transporte“, destacou. 

O segundo ponto da proposta, que foi igualmente reprovado, dizia respeito à criação de casas de banho e postos de utilização para os trabalhadores. Neste caso, Sérgio Aires sublinhou que “não foi aprovado porque, pelos vistos, já existe tudo e mais alguma coisa. Há uma reivindicação dos trabalhadores e a entidade patronal diz que já está tudo feito“.

Durante o discurso, o vereador realçou que “os trabalhadores dizem que já existem respostas, mas não são suficientes” e, por isso, acredita que os motoristas “continuarão insatisfeitos”. “Claramente, não havia vontade política de resolver este problema”, reforçou.

Porto vai ter ciclo de debates para melhorar os transportes públicos

A proposta do BE incluía ainda um terceiro ponto que previa a criação de um ciclo de debates sobre a mobilidade no Porto. Com o objetivo de melhorar os serviços dos transportes públicos, a proposta foi aprovada por maioria, contando apenas com a abstenção do Partido Socialista.

Sérgio Aires explicou que o ciclo de debates vai ter “vários focos de atenção”, visto que existem “diferentes formas de mobilidade e diferentes formas de concretizar”.O debate de ideias vai estabelecer um “confronto com outras cidades”, de forma a perceber o que está a ser feito “pela Europa fora”, revelou.

O vereador do BE afirmou que pretende que esta “discussão” aconteça “o mais rápido possível” e, por isso, foi proposto que o ciclo de debates aconteça no segundo trimestre do ano.

Editado por Inês Pinto Pereira