Na sua última ação de campanha no Porto, Luís Montenegro marcou presença na tradicional arruada em Santa Catarina e num comício, que se realizou na praça D. João I. O líder do PSD mostrou-se confiante, criticou a atuação dos outros partidos e relembrou que só “vale a pena governar com o apoio popular".

Antes das 17h00, na Praça dos Poveiros, distribuíam-se guarda-chuvas e impermeáveis, temáticos e em cores laranjas e azuis, pelos militantes da Aliança Democrática (AD). Ficou claro que a arruada da AD, em Santa Catarina, ia acontecer fizesse bom ou mau tempo.

Pronta para enfrentar a chuva, a população concentrou-se com bandeiras. A caravana desceu pela Rua de Santa Catarina, dirigindo-se para a Praça D. João I para o primeiro e último comício do líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, na cidade do Porto.

A demonstração de força da AD reuniu muitas pessoas na Rua de Santa Catarina, com bandeiras na mão e palavras de apoio na boca. Muitos estavam na Praça dos Poveiros e avançaram com a caravana desde o começo, mas também houve quem esperasse em outros lados da rua. Paula Viana era uma delas. Tem 54 anos, trabalha no Bolhão e estava à espera de Luís Montenegro perto do seu local de trabalho. “Espero que ele ganhe”, disse ao JPN.

Luís Montenegro e Nuno Melo juntaram-se só depois do início da arruada, quando a chuva abrandou. Entre cânticos de “vitória” e “agora é hora de fazer o meu país mudar”, poucas pessoas conseguiram chegar perto do líder do PSD, mas os que conseguiram receberam autógrafos e sorrisos do candidato. Inclusive, Montenegro foi levantado em ombros num momento de agitação.

Luís Montenegro a ser levantado. Nádia Neto

“Estou muito confiante que as portuguesas e os portugueses vão expressar a sua vontade política numa boa participação e vão também, com isso, dar mais força ao próximo governo para levar este país para à frente e mobilizar o potencial que há em cada um”, afirmou Luís Montenegro durante a arruada. “É uma forma de retribuirmos tanto empenho e tanta energia que nos foi passada, estar na rua com os portugueses, de braços abertos”, acrescentou. 

Luís Montenegro manteve-se ao lado do líder do CDS-PP, Nuno Melo, até ao fim da caravana. Outros rostos conhecidos do partido, como Paulo Rangel e Hugo Soares, juntaram-se à arruada.

“Querem um líder de um governo que esteja permanentemente a falar para os adversários políticos ou que fale para vocês?”

A arruada terminou cerca de 40 minutos depois na Praça D. João I. Logo a seguir, teve início o comício da AD, que se realizou numa tenda transparente. O líder do PSD foi o último a discursar.

“Ainda não ganhamos as eleições. Mas não há ninguém em Portugal que não entenda que as podemos ganhar. Queremos ganhar as eleições para governar e cumprir as nossas propostas, os nossos compromissos”, disse Luís Montenegro.

Durante a sua intervenção, o candidato fez questão de fazer referência ao “apoio popular”. “Quando, há muito tempo, ainda antes de haver eleições, afirmei a Portugal, que só seria primeiro-ministro na base de uma vitória eleitoral, é por esta razão que está aqui. Só vale a pena liderar o governo com o apoio popular. Disse isso quando as sondagens diziam que estávamos atrás”, afirmou.

Luís Montenegro adotou também uma posição crítica em relação ao Partido Socialista: “Querem um líder de um governo que esteja permanentemente a falar para os adversários políticos ou que fale para vocês, para as vossas vidas? Querem um líder de um governo que esteja permanentemente a dividir o país? Fui líder da oposição durante um ano e meio. Nesta campanha, sou candidato a governar o país”.

“Acabem com a tentativa desesperada de tentar desvirtuar este projeto. É uma coisa curiosa: todos quantos andaram sucessivamente a atirar pedras a esta candidatura foi basicamente para esconder a incapacidade que têm de apontar o erro das nossas políticas”, argumentou ainda.

Durante o discurso, o candidato a primeiro-ministro disse acreditar que o resto dos partidos “também querem que os portugueses tenham qualidade de vida”. “Aquilo que tenho de diferente ao contrário daquilo que me fazem, é que não julgo as intenções, julgo os resultados”, rematou.

Luís Montenegro descartou ainda a crítica de que não é adequado para o cargo de primeiro-ministro por nunca ter feito parte de um governo ou nunca ter sido ministro, feita por Pedro Nuno Santos: “Se há assunto que vai resolver-se com o tempo, é a minha experiência governativa”.

O candidato da AD destacou a importância da igualdade de género para “criar mais riqueza” e voltou a reforçar a ideia de que as siglas da Aliança Democrática e da Alternativa Democrática Nacional (ADN) são diferentes: “Antes de mais, para aqueles que possam confundir-se, não somos, no boletim de voto, o ADN. Somos a Aliança Democrática. E só estou a dizer isto, porque não queremos que ninguém que queira votar no ADN, vote na AD”.

“É precisamente pela experiência governativa que Pedro Nuno Santos não pode ser primeiro-ministro de Portugal”

Antes de Luís Montenegro, discursaram o cabeça de lista pelo círculo eleitoral do Porto, Miguel Guimarães, e o líder do CDS-PP, Nuno Melo. Também Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, marcou presença no comício.

A primeira intervenção foi de Miguel Guimarães. “O Partido Socialista desperdiçou uma maioria absoluta, por isso, perderam essa confiança dos portugueses. António Costa e Pedro Nuno Santos abandonaram o Estado Social”, disse o ex-bastonário da Ordem dos Médicos.

Nuno Melo, que discursou logo a seguir, também teceu críticas ao candidato a primeiro-ministro do PS e deu pé ao dito pelo Luís Montenegro: “O principal argumento que o Pedro Nuno Santos repetidamente evoca é que um fator diferenciador dele em relação a Luís Montenegro é a experiência governativa. É precisamente pela experiência governativa que Pedro Nuno Santos não pode ser primeiro-ministro de Portugal”.

Em resposta aos assobios que se ouviram quando se mencionou o PS, o líder do CDS-PP pediu para que não o fizessem, argumentando que a AD “respeita os seus adversários”. Nuno Melo encorajou ainda a multidão a “transformar a revolta em mudança e em esperança” e não “naquilo que é negativo, ódio e os sentimentos que não são bons.” 

Melo recorreu ainda a uma metáfora desportiva para se referir ao Governo socialista. “O jogo acabou, porque António Costa, que era o treinador de um país de dez milhões de talentos, pegou na equipa e saiu pela porta pequena e não quis governar mais. Claro que Pedro Nuno Santos merece uma oportunidade de se sentar no banco da oposição. Já que se fala de treinadores, Portugal tem oportunidade de ter um grande treinador e é português: chama-se Luís Montenegro”, disse.

Já sobre a tradicional arruada, o segundo candidato pelo círculo eleitoral do Porto insistiu: “Isto que aqui se vê não se ensaia, isto sente-se. Já descemos muitas vezes a Rua de Santa Catarina. Mas nunca como hoje se sentiu tanta vontade de mudança neste país”. O encerramento da campanha acontece no Campo Pequeno, em Lisboa.

Editado por Inês Pinto Pereira