A Biblioteca Pública Municipal do Porto vai assegurar, no entanto, um serviço de apoio exclusivo para investigadores. As obras de requalificação deverão começar em dezembro e terminar em 2027.

Eduardo Souto Moura e Rui Moreira na apresentação do projeto de requalificação da Biblioteca Municipal do Porto

Rui Moreira diz que obras visam aumentar o espaço disponível para armazenamento de livros e de espólio. Foto: Marta Magalhães/JPN

A Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP) vai encerrar os serviços ao público a partir de 1 de abril para ser sujeita a obras de requalificação e ampliação. A empreitada deverá começar em dezembro e terminar em 2027, podendo prolongar-se até 2028. No entanto, a BPMP vai garantir um serviço de apoio exclusivo  para investigadores.

Durante a apresentação do projeto de requalificação e ampliação, que se realizou na sexta-feira (22), o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) referiu que a requalificação visa dar resposta a “um problema crónico“, que já existia há “20 ou 30 anos”: “um défice de espaço para armazenamento de livros e de espólios“. Rui Moreira destacou a importância de corresponder “às expectativas e às exigências dos utilizadores da biblioteca” e disse que este projeto vai permitir triplicar a capacidade de armazenamento.

Eduardo Souto de Moura, arquiteto responsável pelo projeto de remodelação do espaço, disse também que a requalificação do edifício e a construção de dois novos edifícios vão permitir aumentar a capacidade de depósito. O arquiteto refere que um dos grandes problemas da biblioteca é a falta de espaço para guardar livros e que “sempre que é possível faz-se depósitos”. Souto de Moura, que também foi responsável pela obra da biblioteca infantil e do auditório da Biblioteca Municipal do Porto, projeta a construção de 35 quilómetros de estantes para resolver o problema.

O projeto contempla, além de mais depósitos, uma entrada a partir da Avenida Rodrigues de Freitas para o Museu da Palavra, o Museu da Música e o Café da Esquina. A cafetaria vai estar, principalmente, ao serviço dos professores e alunos da Faculdade de Belas Artes. Já na Rua Morgado Mateus, vai existir uma zona de cargas e descargas e uma entrada para os funcionários da biblioteca. De acordo com a visão de Souto de Moura, “vai ser uma rua cheia de movimento“.

Vai ser também construída uma nova sala de estar, uma Biblioteca Sonora com estúdios de gravação, novos espaços “exteriores ajardinados” e um “teatro ao ar livre” onde se podem realizar espetáculos.

O piso térreo do edifício vai ser de acesso livre ao público, o piso 2 vai ser dedicado às áreas de trabalho, de catalogação e de direção, e o piso 3 vai estar “reservado por conceito de distribuição das infraestruturas, para a área técnica“. Os depósitos para “o Livro Antigo” e a Casa-Forte vão estar no piso 2.

Empreitada deverá custar 26,5 milhões de euros

Quando questionado sobre a mudança no custo da empreitada – que passou de dez milhões para 26,5 milhões” -, o presidente da autarquia disse que “seria uma oportunidade perdida” reabilitar apenas o edifício “tal como ele está, com a capacidade existente, por dez milhões”. Ao fazê-lo, só se iria “resolver o problema do edifício”, mas não “o problema da biblioteca”.

Em relação aos funcionários da BPMP, o autarca diz que vão ser distribuídos por vários polos. Rui Moreira afirmou ainda que os trabalhadores vão ter muito trabalho para fazer, já que o “trabalho do bibliotecário não é estar a entregar livros. O principal trabalho é quando ele o recebe, o tem que classificar”, relembrando que os funcionários vão lidar com coisas que “estiveram encaixotadas muito tempo”.

Serviço de take-away assegura o acesso dos investigadores aos livros

Quando foi anunciado o encerramento da biblioteca para restauro, uma das maiores preocupações levantada pelos investigadores estava relacionada com a possibilidade de deixarem de ter acesso ao acervo e ao catálogo da BPMP. Em julho do ano passado, a Câmara do Porto tinha anunciado um conjunto de 15 medidas para reforçar os serviços das Bibliotecas Municipais e reduzir os impactos do encerramento da Biblioteca Municipal do Porto.

Uma dessas medidas foi a transferência do “fundo histórico mais documental” para a Biblioteca Almeida Garrett, que durante a empreitada da BPMP vai ter um alargamento do horário. Já outra medida anunciada é a biblioteca errante que vai passar por vários espaços da cidade para que qualquer pessoa possa “ir buscar os livros que lá estão, ou encomendar um livro em take-away, que é uma coisa normal”, segundo o autarca.

Durante a apresentação do projeto, Rui Moreira reforçou a ideia de um serviço de take-away de livros, que vai permitir não só “diminuir o impacto para todos aqueles que são os utilizadores mais frequentes, mas também começar a olhar a biblioteca e o livro de uma maneira diferente”.

Parte do acervo vai para a Escola Pires de Lima, onde está prevista a abertura da Grande Biblioteca dos Periódicos Portuenses onde “serão integrados os fundos dos títulos: “Jornal de Notícias”, “O Primeiro de Janeiro”, “O Comércio do Porto”, “O Portuense”, “Gazeta Literária do Porto”, “Periódico dos Pobres do Porto”, entre outros”. Outra parte do acervo vai para “empresas que tratam de documentos“, afirmou o autarca.

Rui Moreira referiu ainda que, enquanto estiverem a guardar os documentos, essas empresas vão ter também de disponibilizar o serviço de take-away.

Editado por Inês Pinto Pereira