O vice-reitor da Universidade do Porto (UP), José Ferreira Gomes, apoia o repto lançado ontem, segunda-feira, pelo Presidente da República, de se proceder à avaliação externa das instituições de ensino superior portuguesas. Em declarações ao JPN, Ferreira Gomes afirmou que “a comunidade universitária portuguesa está habituada a ser avaliada por um processo desse tipo na área da investigação” e que, “portanto, também não haverá dificuldade em aceitar essa alteração”.

Este representante da reitoria da UP salienta o facto de já existir “um sistema de avaliação que foi introduzido há cerca de dez anos e que está a funcionar”. Mas adianta que no interior do meio académico todos estão “conscientes da necessidade de afinar o processo e de serem criados mecanismos para que se tirem consequências dessa avaliação, para que o sistema ganhe credibilidade”.

Durante a inauguração da nova ala do IPATIMUP, no Porto, Jorge Sampaio mostrou também a sua preocupação relativamente aos indices de insucesso e abandono no ensino superior em Portugal. Nessa matéria, Ferreira Gomes distancia-se da opinião da primeira figura do Estado. O vice-reitor considera que “o insucesso escolar em Portugal não é superior às médias internacionais” e apresenta como comparação o exemplo americano: “os números de abandono oficiais, dados pelo Governo português e recolhidos pela OCDE, são da mesma ordem de grandeza dos números americanos, onde o sistema funciona de maneira diferente e onde as coisas funcionam com um certo controlo”, afirmou ao JPN.

De qualquer forma, Ferreira Gomes considera que estes “são números que é necessário baixar, desde que se tenha uma perspectiva bem definida”. O vice-reitor receia que “o discurso contra o insucesso leve a que se crie uma espécie de sucesso administrativo. Isto é, se as instituições forem muito pressionadas para aumentar a qualidade passam mais alunos, mas isso não quer dizer que eles aprendam mais”, cenário que considera não ser “positivo para Portugal”.

Em relação ao desafio representado pelo Processo de Bolonha, Ferreira Gomes considera que a UP está “em condições de poder competir com o quadro europeu”. “Podemos competir e isso é salutar. Bolonha vai ajudar-nos a adaptar o nosso sistema de governo das instituições às necessidades de concorrência internacional que já estão aí”, diz o vice-reitor.

Anabela Couto