O ministro da Saúde Correia de Campos afirmou esta terça-feira que as reformas que tem vindo a implementar no sector visam melhorar os serviços de saúde e não se devem ao gosto pelo risco.
“Não é para correr riscos que eu faço reformas, mas porque tenho a obrigação de as fazer para melhorar os serviços de saúde, mesmo que as pessoas pensem no curto prazo que se estão a perder serviços”, frisou o ministro em declarações aos jornalistas, à saída da cerimónia de inauguração das novas instalações do Serviço de Urgência do Hospital S.João (HSJ).
Confrontado com o encerramento dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) dos centros de saúde, Correia de Campos lembrou que “há 70 serviços de atendimento permanente que estão abertos durante a noite, têm menos de 10 atendimentos por noite e envolvem 280 pessoas”.
“Para termos um médico durante a noite em cada um destes serviços, isso significa que, no dia seguinte, esse médico não atenderá 20 doentes, ou seja, perdemos cerca de 2.400 consultas”, explicou.
Correia de Campos sublinhou ainda que o encerramento dos serviços nocturnos dos SAP vai libertar 70 médicos, o que representa, ao nível da cobertura das unidades de saúde familiar, “130 a 140 mil cidadãos que não têm médico de família” e que, desta forma, podem passar a ter.
Para inverter esta situação, o titular da pasta da Saúde reconheceu ser necessários encontrar “meios alternativos”, garantindo ao mesmo tempo que “não será tomada nenhuma decisão sem que antres tenham sido assegurados meios alternativos”.
Ministro quer mais investigação
Antes, no discurso que assinalou a tomada de posse do novo Conselho de Administração (CA) do HSJ, Correia de Campos afirmara que os grandes hospitais portugueses “não são elefantes brancos ingovernáveis, passíveis de ter vida própria e de reagir à mudança”.
Depois de elogiar o trabalho desenvoldido pelo anterior CA, o ministro da Saúde salientou que esta “é uma oportunidade única que não pode ser desperdiçada”, num contexto em que o hospital, o governo e a Universidade do Porto estão em sintonia.
Dos elogios, Correia de Campos passou aos avisos. Primeiro a investigação: “O HSJ é um grande hospital de assistência e de ensino, mas também tem que ser de investiação”, alertou, considerando essencial “um relacionamento profícuo e saudável” entre o hospital e a Faculdade de Medicina.
Dirigindo-se à nova equipa do CA, liderada por António Ferreira, o ministro subinhou que um hospital com uma despesa corrente anual de 300 milhões de euros necessita de uma “gestão exigente e complexa”.