É mesmo o último mandato à frente da Associação Comercial do Porto (ACP)?

Nunca disse que este era o último mandato. Disse que, pelo menos, este mandato eu tinha que fazer.

Porquê mais um mandato, então?

Por uma razão lógica. A ACP abalançou-se a uma grande projecto que eu tinha pensado desde o início: a reestruturação do Palácio da Bolsa, para o qual já contamos com o apoio de mecenas, tivemos que mobilizar meios da associação e temos uma candidatura a correr a correr junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte. Por isso, não me parecia lógico, apresentado que estava esse projecto, ir-me embora e deixar ao meu sucessor este problema.

Mas a requalificação da Bolsa não é a única meta para próximo ano…

Em primeiro lugar é essa. Depois, continuar a apostar nalgumas daquelas que têm sido as nossas bandeiras tradicionais e que têm exactamente a ver com a defesa dos interesses da região. Temos que pensar no fortalecimento da descentralização e lutar para que o Porto deixe de perder competências, porque as tem perdido do ponto de vista da dinâmica pública e também privada. E depois temos que olhar para alguns aspectos pontuais que nos são particularmente caros, nomeadamente ao nível das infra-estruturas, pelas quais temos que lutar pela construção.

Que balanço faz da sua liderança na ACP? Que objectivos não foram atingidos?

Isso é daquelas coisas que tem que perguntar aos sócios e aos cidadãos do Porto. Há desafios que nós nos propusemos há seis anos atrás que estão cumpridos, outros não. Os objectivos que não estão cumpridos resultam de factores exógenos e da envolvente. Quando chegamos à ACP dissemos que esta era a altura da associação voltar a assumir o seu papel histórico na cidade, ou seja, ser um intrumento de lóbi do Porto e da região junto do poder central. Isso temos conseguido, na medida em que a cidade e a região estão deprimidas, aquilo que já na altura eu achava. Por isso, enquanto as coisas estiverem a correr mal, não podemos dizer que esses nossos desígnios não estão alcançados.

Considera que a ACP tem sido ouvida no Porto e no país?

Tem sido ouvida pelas elites? Certamente. A nossa opinião é levada em linhas de conta? Tenho a certeza. Agora, se os nossos pareceres são seguidos ou não… pelo menos há alguma capacidade de intervenção junto do Governo. Tenho a certeza que uma ou outra medida foi tomada por nossa influência. E isso é o que exactamente o que se pretende num instrumento de lóbi como este e nós aquilo que nunca fazemos é dizer que foi por nossa coisa que isto se fez ou não.

Uma das missões da ACP é promover um entendimento favorável ao desenvolvimento da região. As críticas que dirigiu à Câmara do Porto e a Rui Rio ajudaram a fomentar esse entendimento?

O facto de ser presidente da ACP não me inibe de ter opiniões críticas – e a crítica pode ser positiva ou negativa, mas sempre construtiva – relativamente à actuação dos autarcas ou seja quem for. E muitas dessas críticas foram feitas no âmbito da minha actividade pessoal.

A polémica que ficou mais conhecida foi o Plano Pormenor das Antas (PPA)…

Por aquilo que é hoje o PPA, considero que tínhamos razão. Se hoje tivesse que escrever uma posição pública e pebliscitá-la entre os associados sobre aquele tema, teria escrito o mesmo. As pessoas podem gostar ou não, mas nós não estamos aqui para agradar ao doutor Rui Rio, como ele já disse que não toma medidas para agradar à população. Portanto, é perfeitamente razoável haver divergências em certas questões, mas em matérias como a acção social, por exemplo, temos muito apreço por tudo aquilo que Rui Rio tem feito.