“Sabemos que o jornalismo em papel vai morrer”. Quem o diz é Manuel Carvalho, director-adjunto do jornal “Público”. Dentro de 15 anos, defendeu nas II Jornadas Internacionais de Informação e Comunicação nos Mass Media, o jornal em papel será apenas para públicos “minoritários”.

Segundo Manuel Carvalho, a imprensa vive “numa encruzilhada”, potenciada em grande parte pela emergência dos meios de comunicação digitais. Afirmou que o jornalismo on-line chegou de forma muito rápida, acrescentando que “para acompanhar essa revolução tecnológica tem que haver uma revolução mental”.

Manuel Carvalho afirmou que os jornalistas estão a reagir à nova era de duas maneiras: com ansiedade ou com confiança. O director-adjunto do “Público” disse recear o fenómeno do “jornalista cidadão” porque “puxa os níveis de exigência da profissão para baixo”.

Este tipo de informação, caracterizada pelo “imediatismo” e por abordar “questões mais acidentais”, sofre de um problema: falta-lhe fornecer a “estrutura” e o contexto em que os acontecimentos acontecem.

Daí que, sustentou, o jornalismo de referência vai continuar a coexistir, como sempre, com a imprensa mais popular. Para Manuel Carvalho, a Internet, associada frequentemente a um fluxo de informação muito rápido, não é incompatível com “textos longos”, próprios do jornalismo de referência no qual “a memória tem um lugar central”.