Para muitas pessoas, hip-hop é um estilo de música como tantos outros. Mas, na realidade, hip-hop é uma cultura que reúne música, dança e pintura. O JPN foi à procura das vertentes menos conhecidas do hip-hop.

Goofy é monitor de breakdance, normalmente designado como a dança do hip-hop. É “um estilo de dança muito físico, que requer uma destreza física do bailarino, porque é uma coisa muito passada no chão”, diz.

Para Goofy, o hip-hop é uma forma de “abrir os olhos” aos jovens problemáticos dos bairros sociais onde trabalha. “Quando o hip-hop surgiu foi no âmbito de poder haver uma igualdade de direitos e deveres numa sociedade americana onde os negros não tinham nem direitos, nem deveres, onde viviam em guetos e não tinham sequer condições para sobreviver. O sentido do hip-hop é esse”, sustenta.

Mas a dança do hip-hop não se restringe ao breakdance. Hoje em dia há vários estilos e subestilos, que se dividem em duas escolas: a old school (velha escola) e a new school (nova escola). Né Marques, professora de dança nas vertentes de ragga e hip-hop, considera que os estilos principais são “os da old school, que são locking, popping e breakdance. São estilos que as aulas actuais de hip-hop não exploram. E é isso que eu acho errado, porque são a base do hip-hop, que realmente é a contestação e toda a parte importante pelo qual o estilo nasceu”.

DJ que “imprime personalidade”

A actividade de DJ (ou disc jockey) não é novidade para ninguém. O que muitos desconhecem é que o DJing é uma das vertentes do hip-hop.

Segundo Sistema, DJ dos Mundo Secreto, “o DJ de hip-hop é o que tira maior proveito de dois pratos e de uma mesa de mistura. Não há outro DJ, a não ser, talvez, os de drum’n’bass, que consiga utilizar tantas potencialidades de um prato, de um vinil e uma mesa. Não só isso, mas é também os que demonstra mais mestria em termos musicais.”

O jornalista Rui Miguel Abreu complementa a definição. “O DJ de hip-hop gosta mais de imprimir a sua personalidade sobre a música que está a passar, portanto recorre a um conjunto de técnicas onde faz muito sentir a sua presença”, argumenta.

Graffiti: a “arte” do hip-hop

Por vezes considerado vandalismo, o graffiti é talvez a vertente menos explorada do hip-hop, e aquela que mais dificuldades tem em chegar ao grande público. Para o writer Jezz há “falta de divulgação”. Se as pessoas que consideram graffiti uma forma de vandalismo “fossem ver exposições de graffiti vão ver que isso não tem nada a ver: graffiti é uma arte”, diz.

Rui Miguel Abreu pensa que, quando comparado com os “enormes cartazes publicitários que hoje em dia existem espalhados por todo o lado”, um bom graffiti é “uma fonte de alívio visual”.

O editor considera que o graffiti é “uma forma de arte extremamente válida, que já gerou artistas fantásticos ao longo dos anos. Há imensos livros a provar exactamente isso. Há muitas galerias de arte que expõe já obras de writers”.