Timor declarou, esta terça-feira, estado de emergência, um dia depois da tentativa de homicídio contra o primeiro-ministro Xanana Gusmão e o presidente Ramos-Horta, que abalou o país e fez com que se temesse uma renovada onda de violência. O Prémio Nobel da Paz encontra-se num estado “extremamente sério, mas estável”, segundo afirmou à AP Len Notaros, responsável do hospital de Darwin, onde está hospitalizado Ramos-Horta.

O ministro português do Trabalho, Vieira da Silva, disse à TSF a partir de Díli, que a capital timorense tem estado aparentemente calma e que não se têm verificado confrontos.

Houve já algumas tomadas de posição relativamente às consequências que poderão advir da morte do major Alfredo Reinado, líder dos rebeldes timorenses. Há quem considere que, com isso, o jovem país passará a ter mais estabilidade. Mas há opiniões opostas, como a de Sophia Cason, do think-tank International Crisis Group, que afirma que a morte do major pode vir a trazer instabilidade ao país.

O ministro australiano dos Negócios Estrangeiros disse, numa entrevista à rádio Australian Broadcasting Corp, que ainda vai ser decidido quando é que as tropas vão iniciar as buscas aos rebeldes envolvidos nos ataques. Considera, no entanto, que “o mais sensato seria que entregassem as armas e se rendessem”.

O contingente australiano recebeu hoje um reforço de 200 homens. Exércitos da Austrália, da Nova Zelândia e de mais 40 nações integradas nas forças militares das Nações unidas têm prestado auxílio a Díli. Kevin Rudd, primeiro-ministro australiano, considera que a situação está sob controlo.

A Amnistia Internacional diz que as tentativas de homicídio contra os dirigentes timorenses são consequência do fracasso da tentativa de reconstrução do sistema de justiça do país. Para além disso, os acontecimentos de segunda-feira indicam que Timor necessita, urgentemente, de uma mudança e que, por isso, o governo e a comunidade internacional deveriam agir imediatamente no sentido de pôr termo à “cultura de impunidade” que impera no país.