Um manto preto cobriu a Rua do Paraíso, no Porto, quarta-feira à tarde. O objectivo: homenagear as 21 mulheres assassinadas em 2007.

A iniciativa partiu da União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que apresentou as conclusões de um estudo com base em notícias publicadas na comunicação social. Em 2007, 21 mulheres foram assassinadas e 57 sofreram tentativas de homicídio, revelou a vice-presidente da UMAR, Maria José Magalhães.

A estes números, juntam-se também vítimas associadas, normalmente filhos ou pais, que acabam também por serem afectados pelos agressores. Neste grupo, três foram assassinados e seis foram vítimas de tentativa de homicídio.

Evolução positiva

Apesar dos resultados, houve uma evolução positiva ao longo dos últimos três anos, visto que em 2004 o observatório apresentava um total de 42 mulheres assassinadas.

Perfil do agressor:

CaçadorMaioritariamente caçador
Marido, companheiro ou namorado;
Tem entre 36 e 50 anos;
Actua sobretudo no Verão e no litoral do país

Segundo a vice-presidente da UMAR, “estes crimes tendem a diminuir progressivamente, ao ponto de erradicar”, uma vez que a sociedade parece estar a despertar para este tipo de problemas.

Distrito do Porto entre os mais violentos

O estudo divulga ainda que o distrito do Porto encontra-se entre os mais críticos, tanto nos homicídios, como nas tentativas de assassinato (cerca de sete), para além de Lisboa com 13, Aveiro com 12, Santarém com sete, Setúbal com cinco e Leiria com dois.

No que se refere à distribuição pelos meses do ano, o mês mais fatídico foi Julho com seis mortes, seguido de Maio e Agosto.

Parcerias com outras instituições é fulcral

Maria José Magalhães considera que “uma pessoa é uma pessoa e que deve ser tratada e acolhida com carinho.” Para tal, sublinha que “as instituições devem articular-se para acabar com a peregrinação que as pessoas fazem pelas diversas organizações”.

A vice-presidente exemplifica com os casos de divórcio litigioso, revelando que “são casos que dão vontade de vomitar”.

Estudo baseado na imprensa

Na mesa dos membros da direcção encontrava-se também Artemisa Coimbra, que fez alguns reparos à actuação da comunicação social. “Na maior parte das notícias a mulher não é mulher, é vítima”, criticou. Para a professora, também quando há vítimas inocentes, como crianças, a mulher é sempre relegada para segundo plano.

Neste momento, a UMAR só tem centro de atendimento em Lisboa. O do Porto espera um acordo com a Segurança Social. No entanto, funciona com voluntários, socorrendo as mulheres que procuram a União.