Max von Sydow é frequentemente associado à obra do histórico realizador Ingmar Bergman, falecido no ano passado. A colaboração entre os dois resultou em 13 películas. No entanto, a carreira de Sydow abrange vários géneros cinematográficos. No universo do terror, destaca-se o papel como padre Merrin na obra de culto do horror “O Exorcista”.
O actor sueco foi homenageado na sessão de abertura da 28ª edição do Fantasporto, que decorreu esta segunda-feira. Considerado um dos grandes rostos do cinema mundial, recebeu o Prémio Carreira, em vésperas de completar 80 anos. No grande auditório do Teatro Rivoli, Mário Dorminsky, da direcção do Fantasporto, entregou o prémio e a ovação a Max von Sydow foi longa.
Na sessão de abertura, o actor homenageado dedicou o prémio aos colegas que não tiveram tão boas oportunidades como ele teve. “O sucesso depende das oportunidades”, testemunhou Sydow.
Do cinema de autor a Hollywood
Em conferência de imprensa, no dia seguinte à homenagem, Max von Sydow admitiu preferir as pequenas produções, com pequeno orçamento como as de Bergman, e típicas no cinema europeu, às grandes produções de Hollywood.
Em relação ao filme de William Friedkin, “O Exorcista”, o actor encarnou o padre veterano na arte de expelir os demónios dos corpos. “Como na altura tinha 43 anos, o trabalho de caracterização, feito por Dick Smith, considerado o mestre da maquilhagem em Hollywood, era tremendo”, afirmou o actor.
Destacou como os filmes mais importantes da sua carreira aqueles que fez com Bergman, especialmente “O Sétimo Selo”, de 1960, mas confessou que a personagem que mais gostou de encarnar foi a de Lassefar, no épico “Pelle The Conqueror”, de 1987. Max von Sydow explicou que era uma personagem que aparecia em situações muito distintas. “Foi o trabalho mais complexo da minha vida como actor, mas também o que me deu mais gosto fazer”, considerou.
“Ser actor é uma profissão estranha”
“É estranho passar a vida a tentar ser alguém que não se é” – assim descreveu Max von Sydow a profissão de actor.
Na carreira internacional, interpretou muitas vezes o papel do mau da fita. “Como era muitas vezes o único estrangeiro do elenco e falava francês e inglês com sotaque acentuado, escolhiam-me sempre para papéis de vilão”, disse, realçando que isso não o incomoda nada.
Para o “actor-fetiche” de Ingmar Bergman, a personagem ou é interessante ou não. “Não me importa se as personagens são moralmente boas ou más, porque eu não tenho que gostar das personagens para as conseguir interpretar bem, tenho é que as compreender e perceber quais são as suas motivações”, explicou.
Os projectos mais recentes
A convite de Martin Scorsese, Max von Sydow vai partipar no próximo filme do realizador norte-americano, sobre o qual não adiantou qualquer informação. O mais recente filme do actor – “Emotional Arithmetic” – foi exibido segunda-feira, no Rivoli, depois do filme de abertura “Este País não é para velhos”, dos irmãos Coen.
Em filmagens e produção estão outros três filmes em que participou: “Un Homme et son Chien”, de Francis Huster, um remakedo clássico de Vittorio de Sica, “Solomon Kane”, de Michael J. Bassett e “Truth & Treason”, de Matt Whitaker.