Grande parte dos jornalistas portugueses está contra a criação de um quinto canal de televisão. É esta a principal conclusão de um estudo publicado na última edição da “Sonda Central de Informação/ meios e Publicidade”.

A análise feita a 103 jornalistas, editores, coordenadores, chefes de redacção e directores de órgãos de comunicação social revelou que 58% dos profissionais acham que não faz sentido a criação de um novo canal. 30% alegam também que “irá diluir ainda mais o já escasso budget publicitário.”

A Sonda revelou ainda que 83% dos inquiridos considera que o conteúdo das propostas deveria ser divulgado e discutido publicamente (21% acha que é importante para o sector e 15% pensa que é uma forma de evitar escolhas erradas).

“Aumentar a diversidade”

“Uma das vantagens do quinto canal é aumentar a diversidade” afirma Suzana Cavaco, professora de Economia dos Media na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ainda assim relembra que a existência de um mercado de publicidade pequeno como o de Portugal pode “potenciar um menor interesse do anunciante na rádio e na imprensa”.

Com o novo canal as receitas vão passar a ser mais divididas, e “pode-se cair no erro de aumentar a homogeneização de conteúdos e baixar a qualidade”, acrescenta.

Numa altura em que a Entidade reguladora para a Comunicação social (ERC) já rejeitou as candidaturas da Zon Multimédia e da Tele5, 49% dos jornalistas entendem que nenhuma das empresas está preparada para levar a cabo o quinto canal. Ainda assim, 25% preferem o projecto da Zon, ao passo que 17% prefeririam a Tele5.

“A questão fulcral é se o quinto canal é bom para o panorama mediático português. Depois que venha o melhor projecto, o que tiver maior qualidade e maior sustentabilidade”, defende Suzana Cavaco.

A especialista defende a importância de tornar as propostas públicas, mas acrescenta que “há uma entidade autorizada [a ERC] e com legitimidade, que em última instância avalia e toma as suas decisões”.