A primeira semana de debates eleitorais terminou, com um total de 14 frente-a-frentes transmitidos pelos canais de televisão. O debate da Aliança Democrática com o Bloco de Esquerda foi o mais assistido. Fique a par do resumo semanal do JPN.

A série de debates televisivos entre líderes políticos rumo às Legislativas de 10 de março já começou. Em antena, Entre segunda e domingo, estiveram todos os líderes dos partidos com assento parlamentar ao longo de 14 debates.

A primeira semana de embates ficou marcada, desde logo, pela ausência de programas eleitorais de uma parte dos partidos, uma vez que, apenas o Bloco de Esquerda (BE), a Iniciativa Liberal (IL), a CDU e o Livre já o haviam apresentado antes de começarem os frente-a-frentes. Entretanto, a AD apresentou o seu programa na sexta-feira (9), e o Partido Socialista (PS) fê-lo este domingo (11). O PAN apresenta o programa a 17 de fevereiro.

Outro marco da semana foi o facto de, na maioria dos debates, ter prevalecido a troca de acusações e críticas sobre a apresentação de propostas e ideias.

O debate de terça-feira (6) entre Luís Montenegro (AD) e Mariana Mortágua (BE) foi o mais visto da semana, com uma média de mais de um milhão de telespectadores, de acordo com a análise da Universal McCann (UM), agência de meios do grupo Mediabrands.

Seguiu-se o frente-a-frente de Pedro Nuno Santos (PS) e Rui Rocha (IL), que deu o pontapé de saída à série de debates eleitorais no dia 5 de fevereiro, com mais de 950 mil telespectadores. No terceiro lugar do pódio, ficou o confronto entre Luís Montenegro (AD) e Inês Sousa Real (PAN), transmitido neste domingo (11), também com mais de 800 mil de audiência.

Metade dos debates já foram realizados e, feito o balanço, “com as audiências dos debates a contar para as legislativas de 2022 é possível verificar um aumento do interesse dos portugueses nos debates transmitidos nos canais de informação”, conclui a UM na análise. 

A semana ficou ainda marcada pela tentativa da AD de substituir Luís Montenegro por Nuno Melo, presidente do CDS e candidato pelo círculo do Porto, em dois debates: com Paulo Raimundo (CDU) e Rui Tavares (Livre). A ideia foi, contudo, rejeitada pelas televisões (RTP, SIC e TVI) que quiseram manter os “exatos termos” do que estava acordado, pelo que o líder do PSD vai continuar a representar a Aliança Democrática nos debates.

Saúde, habitação, salários e carga fiscal foram os principais temas debatidos na primeira semana. Fique a conhecer em resumo cada debate.

Aqui fica um resumo de todos os debates.

Debate #1: Pedro Nuno Santos acusa IL de “irresponsabilidade”

No primeiro dia, e a abrir este ciclo, Pedro Nuno Santos (PS) debateu com Rui Rocha (IL). No centro do debate esteve a economia, nomeadamente a carga fiscal em Portugal, que Rui Rocha, líder dos liberais, criticou várias vezes, aproveitando para apresentar propostas. Prometeu baixar o IRS, cortar as taxas de forma transversal e aplicar isenções progressivas de IRS de 15% e 28%, até chegar a uma taxa única de 15% para todos os contribuintes. Pedro Nuno Santos acusa o partido liberal de “irresponsabilidade”.

“A Iniciativa Liberal quer uma redução radical e aventureira dos impostos que não transformam as contas públicas, mas provocam um rombo difícil de recuperar”, afirmou Pedro Nuno Santos. “A diferença entre mim e o doutor Rui Rocha é que Rui Rocha não vai governar e eu tenho que estar preocupado com as contas que tenho que pagar no dia 11”, concluiu. O líder dos liberais por várias vezes criticou o modelo socialista de governação, que considera “estar esgotado” e que não oferece “soluções para o país”.

Apelidou mesmo o adversário de “incompetente”, imputando ao candidato do PS, que assumiu a pasta das Infraestruturas e Habitação entre 2019 e 2022, a responsabilidade pela crise da habitação em Portugal.

Rocha sublinhou também que, neste momento, estão em exploração menos um quilómetro de linha férrea do que quando Pedro Nuno Santos assumiu a pasta. O ex-ministro defendeu-se dizendo que isto deve-se ao facto de “todo o país ferroviário estar em obra”.

Debate #2: André Ventura critica PAN por estar “colado” ao poder

A segunda ronda do primeiro dia foi entre André Ventura (Chega) e Inês Sousa Real (PAN). Das eleições dos Açores, à situação da Madeira, petrolíferas, polícias e agricultores, foram várias as situações de discórdia entre os dois partidos. Por um lado, a líder do PAN recordou que “o Chega votou mais vezes ao lado do PS do que o PAN”, enquanto André Ventura acusou o PAN de estar “colado” ao poder “como uma lapa”.

No que toca à questão de habitação dos jovens, ambos concordaram numa aposta no crédito bonificado, contudo o Chega realçou a proposta de isenção do IRS até que o rendimento perfaça 10 mil euros, enquanto o PAN falou do alargamento do Porta 65, medida que apoia os jovens no pagamento das rendas. No que diz respeito às petrolíferas e à banca, André Ventura referiu que faz sentido pedir a estes setores um esforço económico, mas que não recaia nos contribuintes portugueses. Noutro plano, Inês Sousa Real referiu que é preciso “debater a ferrovia, não apenas o aeroporto”.

Debate #3: PCP foge à questão de possível coligação pós-eleitoral

No segundo dia de debates, foi a vez de Paulo Raimundo (CDU) e Inês Sousa Real (PAN) defenderem as suas propostas. A discussão oscilou entre temas variados como a regulamentação do lobby, a luta dos agricultores, os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a integração em hipotéticas coligações e, para finalizar, a “luta pela sobrevivência” de ambos na assembleia.

Os dois líderes mantiveram-se na mesma linha de ideias durante praticamente todo o debate. A discórdia surgiu quando a conversa incidiu no tema da agricultura, com uma troca de acusações. Inês Sousa Real acusou o PCP de não votar ao lado do PAN relativamente às medidas para a agricultura e Paulo Raimundo respondeu, afirmando que a questão ambiental é diferente da questão atual dos agricultores. O PAN defendeu mais apoios à produção biológica, enquanto o PCP considerou que “o Estado devia ser centro de compras e fazer revenda aos produtores”.

Quanto à regulamentação do lobby, o PAN defende esta medida. Do outro lado da mesa, a CDU pensa que a iniciativa não irá resolver nada em termos de corrupção. Em relação ao SNS, os dois partidos concordam que é urgente melhorar as condições do mesmo. Porém, discordaram no que à falta de médicos e enfermeiros diz respeito. Já quase no fim do debate, surgiu a questão de possíveis coligações para barrar um governo de direita. Paulo Raimundo foge à questão e Inês Sousa Real deu a entender que sim, mas só com um “acordo escrito”.

Debate #4: A guerra entre André Ventura e Rui Rocha

No debate mais intenso do segundo dia, o único ponto em que André Ventura (Chega) e Rui Rocha (IL) concordaram foi na necessidade de diminuição da carga fiscal, contundo apresentaram abordagens distintas. Nos outros temas, como a TAP, a imigração e as pensões, as discordâncias abundaram. Rui Rocha frisou a impossibilidade de ficar num acordo de governo com o Chega, acusando o André Ventura de ser “socialista”.

O líder do Chega afirmou que a IL é o partido “dos grupos económicos e dos ricos” que só se compromete com “os seguros e a banca”. No fim do debate, o líder da IL tentou que o André Ventura se comprometesse a viabilizar um governo minoritário PSD – IL, mas o líder do Chega recusou-se. Como golpe final, Rui Rocha afirmou: “Ficou aqui claro que André Ventura não se compromete com um governo minoritário do PSD e IL. A consequência é clara: um voto no Chega é um voto no PS”.

Debate #5: Troca de acusações entre BE e PSD

O segundo debate do dia, entre Mariana Mortágua (BE) e Luís Montenegro (PSD), em representação da Aliança Democrática (AD), ficou marcado pelas acusações de ambos os lados. Os temas passaram pela habitação, os salários e o setor privado ou público na saúde.

Sobre a saúde, a líder do BE acusou o líder do PSD de não ter “a mínima de ideia de como se resolve o problema da saúde”. Por sua parte, Luís Montenegro disse que Mariana Mortágua foi “corresponsável pela pior performance do SNS de que há registo”. Já sobre a habitação, a AD quer diminuir a carga fiscal sobre os investidores, para atuar do lado da oferta, enquanto o BE defende um teto sobre o valor das rendas.

Debate #6: IL e Livre em lados opostos 

O terceiro dia de debates foi inaugurado por Rui Tavares (Livre) e Rui Rocha (IL), dois partidos em lados opostos da bancada parlamentar. Tal facto ficou evidente ao longo do frente a frente, uma vez que  discordaram em todos os temas: impostos, modelo de semana de quatro dias de trabalho, saúde e habitação. A IL reforçou que quer “pôr o país a crescer” e o objetivo é chegar ao fim da legislatura atingindo um crescimento de 4%. O líder liberal, Rui Rocha, considera ainda que com o Livre no governo “temos mais do mesmo”, considerando que as propostas não variam muito das do Partido Socialista. “A ambição do Livre parece ser viabilizar orçamentos do PS”, referiu Rui Rocha.

Quanto à saúde, a discordância continua e Rui Rocha diz querer reconfigurar o sistema, tendo como base o modelo alemão, e que são os privados que podem fazer a diferença no estado atual do setor, defendendo que o utente deve poder escolher se quer ser assistido no público ou no privado. Rui Tavares rejeita a ideia e defende o SNS que “está a lutar com uma venda nos olhos e as mãos atrás das costas” e abre a porta à prestação de cuidados de saúde privados no apoio à saúde pública, deixando claro que é fácil os privados fazerem “concorrência desleal” com o público.

Relativamente ao modelo de semana de quatro dias, os dois partidos são defensores da ideia, porém discordam nos moldes em que o sistema deve funcionar. O mesmo acontece no que diz respeito à habitação. Rui Tavares quer congelar rendas e Rui Rocha não concorda, defendendo que a solução está em construir mais casas.

Debate #7: A habitação divide a esquerda

O frente a frende do Bloco de Esquerda e do Livre foi o único de quinta-feira, um embate marcado por um tom leve. Poucos foram os temas que dividiam os partidos. A habitação foi um deles. A coordenadora do Bloco de Esquerda quer apostar num caminho diferente do Livre para combater a crise que o setor enfrenta, em particular, com a proibição da venda de casas a não residentes nos centros das cidades, que considera ser “a única proposta que consegue impedir essa procura ilimitada dos milionários sobre o mercado da habitação”.

Para o líder do Livre, esta medida tem “um problema de direito europeu” e propõe, em alternativa, uma sobretaxa do IMT sobre prédios de luxos, para ajudar no financiamento do fundo de emergência para a habitação nas classes média-baixa e jovem. Outros temas que estiveram em discussão foram os salários, emigração, política externa e ataques a Luís Montenegro, pela possível ausência do líder do PSD nos debates com o Livre e PCP.

Apesar de terem objetivos comuns e o mesmo eleitorado, Rui Tavares defende que “toda a esquerda precisa de crescer” e ir atrás de todo o eleitorado e não ficar apenas pela esquerda.

Debate #8: Só descongelamento do tempo de serviço dos professores une PAN à IL

No quinto dia de debates políticos, sentaram-se frente a frente Inês Sousa Real (PAN) e Rui Rocha (IL). O debate começou por uma questão da jornalista à líder do PAN sobre a possibilidade de apoiar um governo da AD nos Açores, à semelhança do que o partido fez na Madeira. Inês Sousa Real, líder do partido, admitiu ter de ser feita uma análise regional e nacional, mas não deixou de parte esta possibilidade. A mesma questão foi colocada também a Rui Rocha, líder da IL, que prometeu aprovar medida a medida, com sentido de responsabilidade, mas não deixou de parte acordos escritos, dizendo que dependerá “daquilo que vai ser apresentado”.

Acusado por Inês Sousa Real de ser “negacionista” da emergência climática, o líder dos liberais escudou-se no anúncio de um manifesto de crescimento sustentável, do qual destacou medidas de incentivo à economia circular, incentivo ao aumento da oferta e descarbonização do transporte público, bem com uma aposta forte na ferrovia.

Rui Rocha acusou ainda a líder do PAN de acusar o seu partido de negacionista por não acreditar nas visões “proibicionistas que querem impor um retrocesso as condições de vida que nós tínhamos no século passado”. Houve um tema que uniu os dois partidos: o descongelamento do tempo de serviço dos professores. Ambos disseram que o mais prudente seria esperar pela divulgação de um relatório que mostrará o impacto que esta medida teria nos cofres do estado para perceber se esta medida seria passível de adoção.

Debate #9: Apelo ao voto útil e a uma maioria de esquerda

O debate entre Pedro Nuno Santos (PS) e Rui Tavares (Livre) abriu com o tema Açores, com a mesma questão para os dois candidatos: perante uma situação idêntica à que aconteceu com o governo minoritário do PSD nos Açores, se o PS e a esquerda deveriam, nas eleições de 10 de março, afastar um governo minoritário de direita. Nenhum dos líderes partidários respondeu concretamente à questão.

O tema da habitação esteve também em discussão, sendo que Rui Tavares relembrou as falhas do governo de maioria absoluta de António Costa, que trouxe uma maior instabilidade ao setor, segundo o líder do Livre.

Pedro Nuno Santos, ex-ministro da Habitação, acabou por defender que as medidas impostas ainda nesse governo “estão a produzir resultados”. O último grande tema em debate foi relativo à saúde. Rui Tavares acredita na preservação do Sistema Nacional de Saúde, contudo, acredita que existe uma “concorrência desleal” relativamente ao setor privado. Referiu ainda uma proposta do Livre que visava ter, para as duas partes, público e privado, informação partilhada, mas que foi rejeitada pelo PS. Pedro Nuno Santos, acusou a direita de não acreditar no SNS e referiu ser “frustrante” o Sistema Nacional de Saúde ter colapsado.

O apelo ao voto útil e a vontade de uma maioria à esquerda foram ressalvados no final do debate entre os líderes partidários do PS e Livre.

Debate #10: “PCP nunca acompanhou uma medida do Chega”

A conversa entre André Ventura (Chega) e Paulo Raimundo (PCP) fluiu entre a corrupção, salários, valorização das pensões e aplicação de taxas à banca. A diferença entre os dois partidos foi evidente desde o primeiro minuto e os dois líderes deixaram isso claro.

André Ventura começou por afirmar que o “PCP nunca acompanhou uma medida do Chega” e que a corrupção existe tanto nas empresas privadas como nas públicas: “Eu não aceito que tenhamos em Portugal uma série de processos que se arrastam e que, independentemente de estarem a ser julgados, continuam a viver em palácios”. Mais do que partilha de propostas e defender ideias, o debate ficou marcado pelas acusações trocadas entre os dois candidatos.

Debate #11: PSD e PCP  “à distância”

O primeiro debate da noite de sábado, 10 de fevereiro, foi entre Luís Montenegro (PSD) e Paulo Raimundo (PCP). O frente a frente realizou-se à distância e foi dominado pelos temas das pensões, subida de salários e localização do novo aeroporto de Lisboa. Paulo Raimundo afasta a viabilização de um governo da Aliança Democrática (AD): “É uma evidência, seria uma hipocrisia dizer que a CDU apoiaria um governo da AD”.

O PCP propõe um aumento de 7.5% das pensões e o PSD promete “um aumento das pensões no mínimo equivalente à inflação”. Quanto aos salários, Paulo Raimundo defende um aumento de 15%. Já Montenegro diz que é preciso “desbloquear os constrangimentos” que têm impedido um maior crescimento da economia, nomeadamente a “política fiscal”, e defende um salário mínimo de 1.750 euros no final da legislatura, em 2028.

Sobre o novo aeroporto, o líder da AD afirma estar à espera de novas conclusões para tomar a decisão relativamente à localização no início da nova legislatura. Para Paulo Raimundo, a solução “está arrumada” e afirma: “Só espero que não tenhamos uma multinacional estrangeira a decidir pelo país onde será o aeroporto. Quer dizer que a Vinci não manda no país”.

Debate #12: PS acusa Montenegro de mentir sobre corte nas pensões

Já o segundo debate de sábado, entre o PS e o PAN,  foi marcado pela entrada do líder do PS a dirigir-se a Luís Montenegro, acusando-o de mentir sobre o corte nas pensões, afirmando que precisa de se “reconciliar com a verdade”. No entanto, o que surpreendeu a líder do PAN foi a acusação que Pedro Nuno Santos fez de “ambiguidade” pelo partido animal fazer acordos tanto com o PS como o PSD, já que fez um acordo com o PSD Madeira.

Mas, para Inês Sousa Real, a diferença está nas touradas. Sobre o possível entendimento entre os dois partidos, no pós-eleições, a líder do PAN admitiu que falará com o PS e não com a AD. Isto porque, só faz acordos com “progressistas” e considera que a aliança não tem soluções do século XXI, ao incorporar “Gonçalo da Câmara Pereira”, citou.

O debate da descida do IRC e da localização do novo aeroporto dividiu os partidos. A líder do PAN defendeu ainda a baixa do IRC para 17%, com algumas exceções, o que Pedro Nunos Santos atacou e afirmou: “esta é a parte de centro-direita do PAN”.  Aliás, para o líder do PS, “a redução de IRC que a direita apresenta, e o PAN, defende vai ter um impacto limitado, porque 40% das empresas não paga IRC”. Desta forma, defende que o corte seja transversal através da tributação autónoma, contudo, o caminho para a descida ficou em aberto.

Para a localização do novo aeroporto, Inês Sousa Real defende Beja para “aproveitar infraestruturas existentes”, porém, esta questão “não pode deixar a ferrovia para trás”. O adversário concordou e voltou ao que já tinha afirmado em debates anteriores: “Temos praticamente toda a nossa rede ferroviária em obra por causa de um governo do PS”. O PAN não afasta a viabilização do governo com o Partido Socialista tudo vai depender das “causas” que defende e dos limites de Pedro Nunos Santos.

Debate #13: PAN e Montenegro de costas voltadas

O primeiro debate do domingo foi entre Inês Sousa Real, líder do PAN, e Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD). Num primeiro momento do debate, os direitos reprodutivos da mulher e a desigualdade entre os sexos foram os tópicos principais. Sousa Real disse que votar na AD seria um voto para “silenciar as mulheres”. Também acusou a AD de ser uma ameaça à proteção dos animais e do meio ambiente.

Luís Montenegro negou tudo o que o dito pela líder do PAN e repetiu ao longo do debate: “Não diga isso.” O debate também foi marcado pela luta pela palavra. Face às interrupções do líder da AD, Inês Sousa Real afirmou: “Uma vez mais, vemos a AD a silenciar as mulheres.” Luís Montenegro rebateu: “Não lhe fica bem usar a sua condição de mulher para se vitimizar.”

Debate #14: Bloco de Esquerda e PCP unidos

O último debate da semana colocou frente a frente os líderes do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. A meia hora de troca de opiniões não viu quase nenhuma discordância entre partidos, que partilham a vontade, entre outras medidas, de subir os salários, tributar os lucros da banca, baixar as taxas de juro e melhorar as condições de trabalho dos portugueses.

Ambos apontaram o dedo ao PS, tendo o líder comunista acusado o partido liderado por Pedro Nuno Santos de se tornar cada vez mais próximo das posições do PSD. Para aparecerem as primeiras posições discordantes foi necessário que a jornalista que moderou o debate perguntar, diretamente a cada um dos candidatos, aquilo que os distinguia, sendo que ambos os partidos partilham o mesmo eleitorado.

Mariana Mortágua, líder do BE, sublinhou opiniões ao nível internacional, como a posição do partido comunista relativamente à invasão da Rússia à Ucrânia ou a posição contra a eutanásia, mas furtou-se a dar um grande enfoque à questão, à semelhança do que fez Paulo Raimundo, líder do PCP, que disse que o mais importante é aquilo que os dois partidos podem “construir” em conjunto, não se tratando o debate, no seu entender, de uma disputa, mas sim de uma troca de ideias.

Raimundo abordou ainda a questão da eutanásia, negando uma posição fundamentalista relativamente à questão. O líder comunista disse que é necessário debater mais, por considerar um tema delicado.  No entanto, apesar de terem demonstrado posições diferentes relativamente a alguns conflitos internacionais, manifestaram mais uma vez a sua concordância relativamente ao que acham ser uma importância excessiva dos Estados Unidos e da Nato para a defesa da Europa.

Mortágua defende que “a União Europeia deve ter voz própria” não confirmando se defende a criação de um exército europeu. Nota ainda para o alerta de Paulo Raimundo para que a cultura entre nos debates, ao contrário do que tem acontecido até aqui.

Já, a partir de segunda-feira, começa a segunda semana de debates com PSD e Chega. Consulte, abaixo, o calendário na íntegra.

Editado por Filipa Silva