Podem ainda não ter conseguido ter filhos mas não devem deixar de comemorar o Dia do Pai. “Expressar o que gostavam de dizer ao filho” foi a forma que a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF) encontrou para proporcionar aos cerca de 300 mil homens que sofrem de infertilidade em Portugal a oportunidade de não deixar de celebrar o dia.

Para deixar a mensagem, o “futuro pai” tem de aceder ao site “Quero ser Pai” e responder primeiro a um questionário cujo objectivo é “aferir a realidade portuguesa” no que toca a este assunto, explica Cláudia Vieira, presidente da APF. Posteriormente, “serão divulgadas as respostas” dos visitantes e os resultados da sondagem, afirma.

Num “dia particularmente sensível para os casais que sofrem de infertilidade”, a iniciativa da APF quer “relembrar” que não são apenas as mulheres que sofrem desta doença. “Os homens têm ficado um bocado à margem quando se discutem questões de infertilidade”, alerta Cláudia Vieira, salientando que essa “frustração” não se “reflecte só na mulher”.

A APF quer também pressionar mais uma vez o Governo para a “necessidade de se agilizar os apoios que têm sido sucessivamente anunciados e adiados”, fazendo com que as “expectativas dos casais saiam defraudadas”. A subsidiação dos tratamentos para a infertilidade “foi anunciada em 2007, numa perspectiva de ser aplicada no âmbito do Orçamento de Estado de 2008”, sublinha Cláudia Vieira. “Estamos já a meio do primeiro trimestre de 2009 e nada do que foi prometido foi cumprido”, conclui.

Há clínicas privadas, mas apoio do Estado não

Ainda esta semana, a APF e a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR) condenaram , publicamente, a proliferação “desmedida” e pouco lógica de clínicas privadas que tratam casos de infertilidade, enquanto as listas de espera dos hospitais públicos “continuam incomportáveis”. “Preocupa-nos que não seja o Estado e o Serviço Nacional de Saúde a criar as estruturas necessárias para dar resposta aos casais”, afirma a presidente da APF.

Até porque a “maioria dos casais não tem possibilidades económicas” para recorrer ao privado. E os que o fazem têm, ainda assim, de se “sujeitar a muitos sacrifícios” – a fertilização in vitro custa entre três e quatro mil euros, sendo que nos hospitais públicos só se paga a medicação, cujo valor ronda os 500 mil euros.