O presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), João Cordeiro, suspendeu hoje a campanha iniciada há uma semana atrás, que previa que os utentes pudessem escolher entre medicamentos genéricos ou fármacos de “marca”, mesmo que os médicos não o autorizassem na receita. No entanto, os doentes vão continuar a ser informados acerca do valor que poupariam se optassem por um genérico.

A suspensão da medida foi justificada pelo facto de que, sem o apoio do Ministério da Saúde, as farmácias não possuem os meios financeiros para proceder à substituição dos fármacos de “marca” pelos genéricos.

A Ministra da Saúde, Ana Jorge, já admitiu a hipótese de repensar a legislação existente, mas reiterou que, no presente, “o que está consignado na legislação é que o farmacêutico pode informar o doente daquilo que há de alternativa, mas terá de ser o médico a alterar a receita”.

Medida “contraria o que está na lei”

O JPN entrou em contacto com três farmácias do Porto, com o intuito de perceber como funcionou a medida da ANF no quotidiano dos utentes e farmacêuticos.

Os directores técnicos das três farmácias contactadas afirmam não ter posto em prática a medida da ANF. Daniel Azevedo, da Farmácia da Boavista, considera que “as leis são iguais para todos” e que “se a receita vem truncada, não é ético fazer alterações na mesma”.

Maria João, da Farmácia Antero de Quental, concorda e acrescenta que “só quando o médico concede a opção da troca é que damos essa opção ao cliente.” Também a representante da farmácia do Campo Alegre, Carla Sanches, acha que a medida “contraria o que está na lei”, daí a opção de não a ter posto em prática no estabelecimento.

No que concerne aos utentes, e de acordo com a directora técnica Maria João, “ninguém tem conhecimento da medida”. Os outros dois representantes das farmácias contactadas corroboram com esta afirmação. Segundo Daniel Azevedo, quando existem preocupações, estas “estão relacionadas com a descida do preço dos medicamentos que tem vindo a acontecer e não com a troca que esta medida propunha”.