Já foram criaturas grotescas, seres alienígenas e até inventaram um dialecto próprio para assinalar a chegada de um novo império. Mas agora voltam (quase) a ser humanos na defesa de um “mundo melhor”. Não é por acaso que “Luz” é a palavra de ordem em “Mind at Large”, o álbum que marca o regresso dos Blasted Mechanism.

Lançado esta segunda-feira, o trabalho que marca a sexta geração da banda convida a uma viagem interior, aos antípodas da mente. “É um processo de cura”, refere o vocalista, Guitshu, ao JPN. “É um bocado começar a olhar para a esfera do indivíduo e de como estamos cheios de barreiras entre nós, de que como o isolamento nos afecta, de tal maneira que nos conseguimos sentir sozinhos no meio de tanta gente”, continua.

Num álbum onde a marca sonora dos Blasted Mechanism não sofre grandes transformações, destaca-se – como não poderia deixar de ser – nova mudança estética do grupo. Menos máscaras, mais pele e maior interacção com o público conjugam-se para transmitir a mensagem da transformação não só pessoal e de grupo, mas também de um planeta que, diz Guitshu, “está a emitir sinais de que está cansado de nós”.

Por isso, a banda alerta para um desenvolvimento sustentável do planeta, através de doze temas que contam com algumas participações, como Marcelo D2 ou Los Reyes. O discurso daquele que é o “elemento unificador da banda”, o filósofo Agostinho da Silva, está presente em temas como “Start to Move” e “Liberdade Destino”.

Neste álbum, caracterizado pela banda como um “disco solar”, os Blasted Mechanism mostram-se ancestrais e futuristas. Segundo Guitshu “(o álbum) tem essas duas ligações: o sonho de um futuro bem melhor, e ao mesmo tempo vamos agarrar em coisas do passado, nomeadamente a musica, que tem sido o fio condutor da nossa especie”, refere.

Apresentação nos Açores

Os fãs que participaram no passatempo lançado pela banda tiveram a oportunidade de voar até à Lagoa das Sete Cidades, na ilha de S.Miguel, no passado dia 8, para assistir à apresentação do álbum.”Foi uma prenda para os fãs e para nós”, salienta Pedro Lousada, aka Guitshu, que sintetiza a experiência com uma frase de Sean Penn: “A felicidade só é real quando é partilhada”.

E porque a vontade de mudança também se faz com actos, no final do concerto banda e fãs limparam o recinto, mostrando que “há um longo caminho para transformar este mundo num sítio melhor”, conclui o músico.