A efeméride foi o mote para o JPN chegar à conversa com pessoas que, de algum modo, vêem a sua vida condicionada pelo seu instrumento vocal. Seja porque dependem dela na actividade profissional, seja porque não a conseguem escutar.

Para o vocalista dos Per7ume, A.J. Santos, a voz é um instrumento de trabalho diário. O músico destaca a importância do aparelho vocal na sua profissão, o que exige uma série de cuidados, que a vida “na estrada” nem sempre permite cumprir.

Cuidados Recomendados

A terapeuta da fala Gisela Couto realça a importância da voz enquanto instrumento de transmissão de ideias e, por isso, deve ser cuidada, “para não deixar desenvolver patologias graves”. Alguns dos conselhos deixados pela terapeuta são:
– Não beber bebidas alcoólicas.
– Controlar a respiração.
– Não fumar.
– Não gritar.
– Falar devagar.
– Beber muita água para limpar a laringe.
– Evitar mudanças de temperatura extremas.
– Ter uma dieta equilibrada.

Dormir pelo menos dez horas entre as actuações, ter uma alimentação equilibrada e manter o aparelho vocal hidratado são algumas das indicações que o músico tenta seguir. A.S. Santos ressalva, ainda, que existem uma série de exercícios “essenciais” para não prejudicar a voz durante o esforço vocal.

Terapeuta da fala, Gisela Couto também lida com o instrumento vocal na sua rotina profissional, ainda que de outra forma. É responsável pelo tratamento das mais variadas patologias. “Lido com casos que estão ligados a problemas mentais, mas também lido com surdos”, esclarece.

A terapeuta explica ao JPN que com os deficientes auditivos há uma interacção diferente, que varia de caso para caso, dependente da idade e do nível de surdez do paciente. Apesar de não ter o curso de Língua Gestual, Gisela Couto afiança que nunca teve problemas em comunicar com os pacientes.

Há gestos básicos na Língua Portuguesa que podemos utilizar para conseguir chegar ao que eles querem dizer. E ainda muitos pacientes sabem ler lábios.”

Isabel Pinheiro, secretária-geral da Associação Portuguesa de Surdos, revela ao JPN que um dos grandes problemas para os portadores de deficiência auditiva é a necessidade constante de um intérprete para que a comunicação seja eficaz. A responsável chama a atenção para casos pontuais de discriminação contra os surdos.

Língua versus Linguagem

Isabel Pinheiro ressalva para a utilização errada de algumas designações pelo público em geral e pelos meios de comunicação social. Isabel Pinheiro refere que a designação “surdos mudos” é incorrecta, uma vez que estes têm voz, apenas não a conseguem usar como a maioria das pessoas. Alerta, ainda, que o uso de gestos e sinais para comunicar deve ser designado por Língua Gestual e não por Linguagem Gestual.

A Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, em conjunto com a Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala e com a Universidade Fernando Pessoa, organizou ao longo do dia diversas palestras subordinadas ao tema.

Realizaram-se ainda rastreios gratuitos no Serviços de Otorrinolaringologia do Hospital de S. João e nos centros hospitalares de Vila Nova de Gaia, da Senhora da Oliveira em Guimarães e de S. Marcos, em Braga.