Os casais em lista de espera para tratamentos de infertilidade no norte do país ainda não têm para onde ser encaminhados. O mais recente despacho da ministra da Saúde prevê acordos com clínicas privadas em Lisboa e na região Centro, mas no Norte, ainda não há quem queira receber os pacientes do sector público.

A presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade diz que “o Estado peca pela sua fama de mau pagador e isso não beneficia os protocolos”. Para Cláudia Vieira, conseguir acordos com clínicas no norte do país é essencial para que os casais não tenham de “suportar as despesas de deslocação até Coimbra ou Lisboa”.

Alberto Barros, fundador, no Porto, da primeira clínica de infertilidade certificada em Portugal, diz que os acordos são difíceis porque o Estado paga menos pelos tratamentos do que os clientes regulares. O professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) lamenta que os casais sejam limitados na escolha das clínicas e acrescenta que, assim, “alguns centros com maiores custos de tratamento não poderão apoiar o ministério”.

O despacho assinado por Ana Jorge também prevê que os medicamentos para tratar a infertilidade sejam comparticipados em 69%, passando a custar menos de metade do que até agora. Cláudia Vieira e Alberto Barros são unânimes nos elogios à medida, embora defendam que o ideal seria “uma comparticipação a 100%” do Estado nos tratamentos.