E aos 30 anos de carreira, o “pai” do rock português dá-se a conhecer. “Porque é importante que o público conheça o meu trabalho”, ressalva Rui Veloso. O vídeo, produzido pelo Biography Channel, foi apresentado, esta quinta-feira, no D. Tonho, na Ribeira, na cidade que o “acolheu” e o “viu crescer”, apesar do músico ter nascido em Lisboa.

Esta é uma biografia intimista, que evoca recordações de infância, confidências e o lado mais pessoal de Rui Veloso, evidenciando a sua ligação intrínseca ao Porto, o “Porto Sentido”, música que acompanha todo o documentário.

O artista viu pela primeira vez o resultado final da sua biografia em casa. Diz sentir-se identificado com o produto final, principalmente porque o Biography não caiu no erro de “misturar a vida pessoal com a profissional”.

Rui Veloso no BIO:

A homenagem a Rui Veloso terá exibição no BIO, no sábado, 24 de Abril, às 22h00. Repete no domingo, 25 de Abril, às 04h00, 10h00 e 16h00.

Apesar deste documentário simbolizar um marco no seu percurso, Rui Veloso confessa que gostava de festejar as três décadas de carreira a fazer o que mais gosta: estar em cima do palco.

“Tudo aconteceu por sorte”

Durante a apresentação da sua biografia, Rui Veloso falou ao JPN sobre o facto de o seu percurso de músico ter acontecido quase por um acaso.

“Tudo na minha vida aconteceu um bocado por sorte. Comecei a tocar por sorte, porque o meu pai me ensinou acordeão, entrei no mercado por sorte, quando a minha mãe clandestinamente, sem eu saber, levou uma cassete minha à Valentim de Carvalho e, 30 anos depois, aqui estou eu, também um bocado por sorte. É como costumam dizer, em terra de cegos, quem tem olho é rei. Mas eu nem vejo bem”, graceja o artista.

O JPN questionou o artista se, depois das três décadas de carreira, a conseguia descrever em três palavras. A resposta, descontraída e irreverente, caracteriza bem o artista: “muito fixe”.

Apesar disso, confessa-se uma “anti-vedeta”. “Eu não sou vaidoso com o que faço. Sou vaidoso, sim, com a minha família e com os meus amigos, que é o que verdadeiramente tem valor na vida”, explica. Rui Veloso admite, também, que é um auto-crítico severo.

Pais orgulhosos e emocionados

Aureliano Veloso, pai do artista, confessa-se orgulhoso e emocionado ao ver o filho completar trinta anos de carreira. Lembra-o como um miúdo rebelde, pouco sossegado, mas com paixão pela música.

Em declarações ao JPN, a mãe, Emília Veloso, confidenciou que sempre teve uma pergunta para fazer ao filho, mas nunca ganhou coragem. “Queria saber se ele algum dia me perdoou por eu ter entregue a cassete na Valentim de Carvalho, visto que na altura eu não sabia se ele queria música profissionalmente ou não e poderia estar a prejudicá-lo, sem intenção”.

“Claro que não a perdoei. Olhem só para o aparato que hoje se instalou aqui como consequência desse acto. Imperdoável!”, brincou o cantor, confrontado pelo JPN.

“País do Gelo” é a canção de eleição dos pais de Rui Veloso. São fãs ferrenhos, daqueles que ouvem os CD em qualquer passeio no carro, mas confessam-se derrotados ao olhar para o grau de reverência dos netos do artista – esses sim, os fãs número um.