Nas estantes saltam à vista roupas variadas para todos os gostos, onde mil cores se conjugam e a diversidade de texturas chama a atenção do tacto. A roupa em segunda mão e reciclada tem-se transformado numa das melhores alternativas de compra para muitas pessoas, sobretudo nestes tempos de crise económica.

Comprar roupa é um bem apetecível, no entanto, nem sempre ao alcance de alguns. A possibilidade de redução dos preços, leilões ou mesmo a venda de artigos que não se utilizam, pode ser bastante económico, pois mesmo que o bem tenha sofrido uma desvalorização, existe a possibilidade de receber algum lucro pela peça que já não se utiliza mais.

A Rosa Chock, é uma loja de roupa em segunda mão, bastante conhecida pelos portuenses e que já conta com uma segunda filial, perto do Coliseu do Porto. As suas montras chamam a atenção dos mais curiosos pelo carácter particular das roupas e acessórios que vende. No seu interior, o cliente experimenta uma espécie de viagem no tempo.

Fátima Leite, proprietária da Rosa Chock, destaca que trabalhar com roupas em segunda mão lhe dá “muita alegria” e que saber aproveitar as coisas é um dos seus principais objectivos. “Gosto muito de trabalhar com roupas antigas. Aprecio bastante o conceito de segunda mão. É importante saber aproveitar as coisas e isso também faz parte do meu objectivo”, refere.

Para além da possibilidade de encontrar peças de vestuário em segunda mão, a reciclagem de peças que já não são utilizadas também pode ser uma escolha económica baseada no conceito de “aproveitar o que já existe”, destaca a Carla Costa, proprietária da loja Lemon Pie.

A loja Kid to Kid também é adepta deste conceito, dedicando-se à reciclagem de peças de criança trazida por pais que querem vender as roupas que os filhos já não utilizam. “Nós reciclamos e reutilizamos artigos de criança, desde que estejam naturalmente em bom estado para tal”, destaca Cristina Barreira, proprietária da loja.

Adquirir peças usadas é uma questão de mentalidade

As lojas de roupa e acessórios usados têm cada vez mais maior procura, mas Cristina Barreira considera que esse aumento “não tem a ver necessariamente com a crise. Acho que tem a ver com a mentalidade das pessoas. Trata-se de uma consciência cívica, financeira: para quê gastar 20 euros se podemos gastar só 5?”, exemplifica.

Para além da grande diversidade de vestuário que satisfaz os gostos mais variados, desde o retro ao vintage, do grunge ao gótico, do hippie ao country, as peças estão ao alcance de qualquer um, a preços bastante acessíveis. “Os preços são muito relativos mas as coisas não são muito caras. Há coisas que tenho em muita quantidade e consigo vender a um preço mais barato”, refere Fátima Leite.

Qualidade do produto é a razão da compra

Para além dos preços, a qualidade das peças de vestuário é uma das preocupações das loja de reciclagem e de roupa em segunda mão, onde o principal objectivo é satisfazer os clientes. “A roupa tem que vir toda em muito bom estado e os nossos clientes assim o exigem. As pessoas não compram nem pelo preço nem pela marca, compram pelo estado e depois pelo preço porque as pessoas compram se de facto estiver em bom estado”, afirma Cristina Barreira.

Para além da qualidade das peças recicladas ou em segunda mão é que estas também contribuem, através da sua comercialização, para a melhoria da qualidade e sustentabilidade do ambiente. “Se o conceito de adquirir coisas em segunda mão, nomeadamente vestuário e afins, se enraizar na nossa sociedade, estaremos a contribuir para a sustentabilidade do planeta, pois o consumo desenfreado e o desperdício não são bons para o ambiente”, refere Sofia (nome fictício), compradora de roupa em segunda mão.