Pelas 21h30, o pequeno auditório preparou-se para receber mais uma homenagem ao ator e cineasta Orson Welles que este ano comemoraria o seu centenário. Após, as exibições de “Citizen Kane” e “Journey to fear” no primeiro dia oficial do Fantasporto, foi a vez do “The Magnificent Ambersons” passar em tela.

A afluência esperada não era muita, na verdade, uma vez que decorria em simultâneo no grande auditório a antestreia mundial de III, o filme alemão/russo  de Pavel Khvaleev. Na sala não estariam mais de 25 pessoas, mas o sentimento partilhado era o mesmo: honrar o talento do cineasta americano.

Após 88 minutos de um drama carregado de humor sarcástico, que fez despertar alguns risos pela sala e uma banda sonora avassaladora que manteve toda a gente em sentido, o público pareceu satisfeito com a obra e houve quem se dirigisse ao Rivoli apenas para esta sessão em particular. Afonso escolheu esta homenagem por motivos pessoais e não saiu desiludido. “Desde pequeno que conheço o talento de Welles através do meu avô. Ele era um grande fã, por isso achei que seria também uma ótima homenagem a ele estar hoje aqui presente.” Já  Joana, não esconde que a sessão foi fruto do acaso, uma vez que “confesso que só vim para fazer tempo para o Liza [Lisa the Fox Fairy que começava às 23h no grande auditório] mas gostei bastante e vou voltar para ver os outros filmes deste realizador”.

Esta homenagem faz parte da secção “Fantas Classic” criada em 2014 e que se destina à recuperação e dignificação de filmes icónicos da História do Cinema. Na edição deste ano, a parceria Fred Astaire e Ginger Rogers é também vista em larga retrospetiva. Com exibições de filmes como “The Gay Divorcee” e o icónico “Top Hat” do realizador Mark Sandrich, também ele homenageado nesta secção, e que faz 80 anos desde a sua estreia mundial.

A voz da “Guerra dos Mundos” 

Orson Welles é visto por muitos como um dos melhores cineastas de sempre. Controverso entusiasta de John Ford, Welles revolucionou o mundo da rádio com a sua emissão da “Guerra dos Mundos” em 1938 em que convenceu todos os ouvintes de que o mundo estava a ser alvo de um ataque alienígena. Dois anos depois, trabalhava como realizador, produtor, co-autor e actor  e começava a sua jornada “hollywoodesca”. Em 1941, surge com Citizen Kane, que para muitos é o melhor filme de todos os tempos e irá passar novamente em cartaz no Fantasporto, no dia 7 de março pelas 21h00.

A carreira de Orson Welles foi bem ao seu jeito, possante e imprevisível, e há quem diga que o maciço sucesso de “Citizen Kane” deixou-o numa busca incessante pelo próximo grande êxito (que nunca chegou a ser reconhecido pelo público da altura).

Num dia marcado por antestreias europeias e mundiais, culminou com a exibição do  filme húngaro Liza, The Fox Fairy de Karoly Meszaros. Já no pequeno auditório, a noite era de nostalgia e terminada a homenagem a Orson Welles foi a vez de Fred Astaire e Ginger Rogers tomarem o palco com “Shall we dance”.