O Centro Hospitalar de Gaia-Espinho (CHVNG/E) pode vir a perder as valências de cirurgia e cardiologia pediátrica, cuidados neonatais e outras unidades diferenciadas.

A desqualificação da unidade materno-infantil do centro hospitalar é equacionada na proposta da comissão de avaliação da Rede de Referenciação Hospital em Saúde Materna, da Criança e do Adolescente, criada pelo anterior Governo. Por isso, a Câmara de Gaia pede agora ao Governo a “total desconsideração da proposta” e recomenda a “manutenção da qualificação do CHVNG/E como Unidade do Grupo II” ou até mesmo “do Grupo III para rede materno-infantil”.

As recomendações, que contaram com o apoio unânime de todo o executivo, foram apresentadas esta segunda-feira na reunião camarária. Eduardo Vítor Rodrigues falou em “propostas inadmissíveis” e defendeu “serviços fundamentais que vale a pena manter”.

O presidente da autarquia gaiense criticou o estudo apresentado pela comissão de avaliação que, no seu entender, encontra-se “marcado por erros de análise que apenas o desconhecimento da realidade do que se se passa no terreno pode justificar”.

A Câmara de Gaia frisou que a desqualificação do centro hospital implicaria “nítidos e graves prejuízos para as populações”, uma vez que a população da zona norte residente a sul do rio Douro ficaria “sem qualquer unidade de apoio perinatal diferenciado desde o Porto até Coimbra”.

Assim, de acordo com a autarquia, a proposta não tem em consideração “indicadores demográficos, geográficos e sociais” e os fatores “tempo-distância”. Eduardo Vítor Rodrigues justificou este argumento, lembrando que, apesar da proximidade com o Porto, há problemas a ter em causa, como o “elevado volume de tráfego” e congestionamentos frequentes nas pontes sobre o Douro.

Para a autarquia, a passagem das mães e crianças para os serviços a norte do Douro – Centro Hospital do Porto (CHP) e Hospital Geral de S. João (HGSJ) – pode trazer implicações no que diz respeito ao “aumento  de custos de acesso” e à “degradação” dos serviços, que estariam forçados a receber as mais de 144 mil crianças residentes na região de Gaia, Espinho, Entre Douro e Vouga e Ovar.

Além de pedir ao Governo a desconsideração da proposta para a Rede de Referenciação Hospital em Saúde Materna, da Criança e do Adolescente, a Câmara de Gaia deixa ainda outras recomendações. A autarquia fala na necessidade de criar um “Centro Materno-Infantil Douro-Sul (CMIDS)” a partir do serviço que já existe no CHVNG/E, com reforço dos meios clínicos e técnicos.

Pede ainda a atribuição de “prioridade máxima” ao investimento público, cofinanciado pelo atual quadro comunitário de apoio, para a “reabilitação e ampliação das instalações” do centro hospital e instalação efetiva do CMIDS.

Por fim a autarquia reclama a garantia do investimento nas acessibilidades, “acompanhando o esforço do município nomeadamente pela extensão da rede de Metro do Porto e a otimização dos acessos viários através de fundos comunitários”.

As recomendações foram aprovadas por unanimidade na reunião camarária desta segunda-feira. Firmino Pereira afirmou que o Hospital de Gaia tem sido “sucessivamente atacado” e falou em “lóbis da saúde que tentam desvalorizar serviços”. O vereador do PSD pediu “bom senso” ao Governo.