O FC Porto viajou até Turim com a difícil tarefa de virar a seu favor o resultado pouco positivo da primeira mão. Mas em vários aspetos a partida no Juventus Stadium foi semelhante à do Dragão. A Juventus voltou a sair vitoriosa, desta feita por uma bola a zero.

A equipa transalpina foi incomodada inicialmente, mas a partir do momento em que chegou à vantagem, controlou o jogo a seu bel-prazer. O ponto-chave foi mais uma vez a expulsão de um lateral dos azuis e brancos, quase numa fotocópia do que se passou em Portugal.

Ambos os técnicos, no alinhamento das suas equipas, não surpreenderam. Mudaram algumas peças de forma forçada: do lado do Porto, o castigado Alex Telles foi substituído por Miguel Layún; já nos “bianconeri”, Medhi Benatia rendeu o lesionado Giorgio Chiellini.

Vermelho acabou com a ilusão

A primeira parte iniciou com uma Juventus mais calma e confiante e um Porto mais nervoso e sem conseguir ter bola. No entanto, com o avançar dos minutos iniciais, os portistas conseguiram subir mais as linhas e incomodar um pouco mais os italianos na saída de bola. A primeira metade do encontro foi morna, com a Juventus a jogar com o facto de ter vantagem na eliminatória. Ocasionalmente, Dybala e Cuadrado recebiam a bola em boas condições no último terço e mostravam mais engenho que Brahimi e Soares, quando estes se aproximavam da área contrária.

A Juventus parecia estar desligada do encontro, mas quando acelerava deixava a equipa portuguesa em alerta. Mesmo que o FC Porto fosse ficando cada vez mais compacto no meio campo, com Danilo a ser auxiliado por André André e Óliver.

A equipa portuguesa, não conseguiu aproveitar convenientemente os lances de bola parada, quase sempre mal executados por Brahimi ou Layún. Os azuis e brancos mostravam também fragilidade a defender o lado esquerdo da defesa, onde Layún teve trabalho a tentar segurar Cuadrado. Já no extremo oposto, Mandzukic fazia mossa quando entrava na área adversária. Por três vezes criou perigo: primeiro para as mãos de Casillas, depois a rasar o poste, e por fim a obrigar o espanhol a uma defesa incompleta.

Na recarga, Higuaín rematou em direção à baliza, mas Maxi Pereira intercetou o remate com a mão dentro da grande área. E o dragão voltou a viver a mesma angústia de há três semanas. O uruguaio foi expluso, Dybala abriu o marcador e as equipas foram para as cabines com um 1-0 favorável aos da casa.

Missão ingrata

O FC Porto precisava de um milagre: marcar três golos em 45 minutos em desvantagem numérica.

Nuno Espírito Santo trouxe Bolly ao intervalo e dispôs a equipa num 4-3-2, com Layún à direta e Marcano à esquerda, André André na direita do meio campo e Óliver na esquerda. Na frente, um fatigado Brahimi com Soares.

E foi Tiquinho quem teve nos pés a chance de reduzir a desvantagem. A abrir o segundo tempo, Benatia perdeu uma bola dividida e Soares foi a caminho da baliza, atirando no entanto, ao lado das redes à guarda de Buffon. A última réstia de esperança dos azuis e brancos na partida desvaneceu-se.

O resto da segunda parte acabou por se traduzir em gestão do jogo. A Juventus não quis acelerar muito, poupou Cuadrado e fez uma má leitura da segunda parte, já que Pjaca, recém-entrado, fixou-se no lado oposto do amarelado Layún, não colhendo possíveis frutos. Só passados 15 minutos, o croata passou para o lado do mexicano, e por duas ou três vezes levou a melhor.

O jogo foi a pouco e pouco chegando ao fim. Otávio e Diogo Jota ainda entraram em campo. O português até teve hipótese de marcar um golo, mas nada iria alterar um destino que ficou traçado no Dragão.

O FC Porto despede-se da Liga dos Campeões, eliminado aos pés de um dos favoritos à conquista do troféu. A Juventus segue em frente, rumo aos quartos de final da liga milionária e junta-se aos já apurados Barcelona, Borussia Dortmund e Leicester City.

“Ficará sempre a dúvida do que poderíamos fazer com onze”

Nuno Espírito Santo, treinador do FC Porto, em declarações na conferência de imprensa após a derrota frente à Juventus, considerou que a eliminatória podia ter sido diferente se não fosse pelas expulsões e que não se sabe como seria com onze para onze jogadores.

“As duas expulsões condicionaram os jogos. Neste, na primeira parte, fizemos um bom jogo, com consistência defensiva e posse de bola. Sabíamos que tínhamos de fazer dois golos, era a nossa ideia, mas nunca prescindir da ideia que tínhamos. Enquanto tivemos onze jogadores não sofremos golos e ficará sempre a dúvida em nós se poderia ser diferente com onze, tanta no Porto como aqui”, considerou.

Além disso, o técnico afirmou um golo “era um justo prémio para todos”. Nuno Espírito Santo olha ainda para o resto da época que falta e acredita que “para o ano estarão certamente mais preparados. Só nos faz crer que o caminho é este. Não há vitórias morais no FC Porto, mas temos de retirar conclusões e preparar o próximo objetivo que o título de campeão nacional”.

O treinador portista deixou ainda elogios à Juventus, sublinhando que os italianos têm uma “grande equipa trabalhada pelo mesmo treinador e jogadores” e que está “nos quatro ou cinco candidatos mais fortes para vencer a competição”.

“Podiamos ter feito melhor na segunda parte”

No final do jogo, o técnico da Juventus, Massimo Allegri, afirmou que esperava um rendimento superior da sua equipa na segunda parte, mas assumiu que o importante foi o apuramento para a fase seguinte.

“Fizemos um bom primeiro tempo e controlámos a partida. Na segunda parte poderíamos ter feito melhor”, afirmou Massimiliano Allegri.

“A Champions é uma competição também de sorte. O importante é ir passando as eliminatórias”, frisou o treinador da Juventus.

Artigo editado por Filipa Silva