Não é preciso um bilhete de avião ou um passe de comboio para entrar nesta viagem. Guilherme Afonso leva-nos a deambular pela Europa através da fotografia. O portuense de 22 anos viajou ao longo de três anos por mais de 20 países e levou como companhia uma câmara fotográfica. A experiência pode agora ser folheada no “Travel Diaries”, um livro ao qual – para já – só alguns privilegiados têm acesso.
A aventura começou em dezembro de 2015 e terminou em março deste ano. Guilherme uniu a paixão de viajar ao amor pela fotografia e – inspirado pelos álbuns que o pai criava das viagens de família – decidiu partilhar a experiência em livro. Da ideia à ação, o tempo foi escasso e o apoio das pessoas imprescindível. A obra vai ser lançada graças a uma campanha de crowdfunding.
Guilherme tem 22 anos e começou a viajar com os pais aos sete Foto: Hugo Alves
“Fazia sentido que a primeira edição do livro fosse feita a partir das pessoas. Por isso é que criei a campanha de crowdfunding, para que as pessoas estivessem envolvidas no processo de criação. Não apenas financeiramente. Foi uma maneira de tentar ligar mais as pessoas ao livro”, diz Guilherme Afonso ao JPN.
Os 100 livros da primeira edição estão vendidos e são personalizados a cada uma das pessoas que contribuiu para a criação do “Travel Diaries”: “Nos agradecimentos tem uma lista com o número. A primeira pessoa a contribuir tem o livro número 1. Cada livro terá uma dedicatória e isso vai dar um valor diferente ao livro e criar uma ligação entre estes 100 livros”.
Camionista em Girona, Espanha 2017 Foto: Guilherme Afonso
A dimensão humana é o ponto central das viagens do jovem que partiu à procura de si próprio. Guilherme põe a mochila às costas e não hesita em levantar o polegar: a boleia há de chegar.
“Por muito que eu queira partilhar as fotos, quero é dar ênfase às pessoas. As boleias são 90% da viagem, porque se não fossem essas pessoas eu não ia chegar a outro lugar. O meu objetivo era absorver a cultura pelas pessoas e não só pelos locais”, confessa.
Homem num comboio. Bélgica, 2017 Foto: Guilherme Afonso
O “Travel Diaries” não obedece a uma linha cronológica, mas sim a “uma linha lógica”, contudo, o autor deixa a interpretação em aberto para quem se queira demorar nas páginas.
“Todas as imagens são soltas. O preto e branco é uma série que eu tenho de fotografias só da estrada que vão, no fundo, intercalando com as fotografias a cor. E as fotografias de cores são vários momentos que as pessoas podem testemunhar e interpretar. No fundo traça um bocado aquilo que a viagem foi para mim”.
Berlim, Alemanha 2018 Foto: Guilherme Afonso
Antes de criar uma obra sua, Guilherme folheou muitas outras. Gonçalo Cadilhe e António Pedro Moreira – que assina o prefácio do livro – são duas das suas referências no que diz respeito a livros de viagens, mas – ao contrário dos projetos destes dois autores – o seu tem apenas imagens.
“Para mim a viagem foi sempre mais experimental. Faz mais sentido usar só a fotografia, porque é uma leitura mais impactante, tem um impacto mais imediato”, explica.
Guilherme encerra agora vários capítulos. Este ano termina o curso no Instituto Português de Fotografia e lança o seu primeiro livro. Nas próximas páginas da história do jovem – que chegou a frequentar o curso de Física na Universidade do Porto – talvez se escreva uma segunda edição do “Travel Diaries”, uma formação na área do cinema ou uma viagem ao continente asiático. O que não vai faltar, é certo, são os disparos – e a companhia – de uma câmara fotográfica.
