Alguns estudantes do Ensino Superior manifestaram-se-se esta terça-feira por um “ensino mais democrático”. O protesto decorreu a meio da tarde em frente à Reitoria da Universidade do Porto e contou com a presença de cerca de 30 estudantes.
Os alunos pintaram faixas em que exigiam mais investimento no Ensino Superior e a manutenção do regime público das instituições. Contactaram dezenas de núcleos académicos para estarem presentes, mas quase nenhuns compareceram.
“O Ensino Superior tem de ser gratuito”
Hugo Devesas tem 20 anos e é estudante de Sociologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi um dos responsáveis pela organização da manifestação e acredita que é preciso dar voz aos problemas para que haja uma mudança. O estudante afirmou que estão a lutar pelo fim das propinas e por mais residências, mas também pelo fim do processo de Bolonha.
Ao entrar no Ensino Superior pediu que lhe fosse atribuída uma bolsa de estudo, porém, de acordo com o seu testemunho esta só foi entregue em março. Por essa razão, o estudante teve de procurar soluções para “sobreviver” no ensino superior e não desistir por falta de condições financeiras. “O Ensino Superior tem de ser gratuito. Todos os anos milhares de estudantes desistem do ensino superior porque não conseguem efetivamente suportar os custos de alojamento e de propinas“, referiu o estudante em declarações ao JPN.
A manifestação decorreu nesta terça-feira ainda a propósito do Dia Nacional do Estudante, celebrado no dia 24. “Nós estamos aqui hoje porque todos os anos o 24 e março é festejado, em luta, denunciando os problemas do ensino superior”, informou o aluno responsável pelo protesto.
Mais dinheiro para o setor
Afonso Sabença tem 19 anos e é estudante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). Veio até à Reitoria do Porto reclamar por mais investimento no Ensino Superior, afirmando que, apesar do avanço nos últimos anos, a redução do valor das propinas, por exemplo, ainda não é suficiente.
O estudante referiu que há problemas que não podem continuar, dando o exemplo da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde “os edifícios estão a cair aos pedaços”. O estudante frisou que se Portugal quer evoluir, tem de aumentar o investimento em áreas como as do Ensino Superior e da Cultura.”Queremos um ensino superior democrático, gratuito e de qualidade para todos os que o queiram frequentar”, destacou.
Diana Marques, de 19 anos, também de Sociologia, falou sobre o pouco espaço disponível nas residências, mas também nas salas de aula e bibliotecas muitas vezes sem condições de trabalho.
As bolsas de estudo foram também mencionadas. Os alunos queixam-se sobretudo de atribuições tardias. Diana Marques fez referência aos documentos que os alunos têm de arranjar, para comprovar que merecem a bolsa, mas pelos quais têm de pagar. Acrescentou ainda que os processos são lentos e que muitos estudantes chegam a ficar seis meses sem receber a atribuição da bolsa.
Artigo editado por Filipa Silva