O Governo pretende aprofundar e alargar o que é o conhecimento hoje sobre a obra de Siza Vieira. Para tal, vai lançar dois concursos para escolher os melhores projetos em torno da obra do artista com 70 anos de carreira, sendo que o primeiro já tem candidaturas abertas até 16 de maio.
A iniciativa, que pretende incentivar investigadores a estudar o trabalho de Siza Vieira, chama-se Programa Integrado de Investigação e Desenvolvimento sobre a obra do Arquiteto Álvaro Siza Vieira e foi apresentada esta segunda-feira, no Auditório de Serralves. O protocolo foi assinado pelo Ministério da Cultura juntamente com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e a Fundação de Serralves.
Neste primeiro concurso vão ser distribuídos 600 mil euros de apoio aos projetos escolhidos, válidos por um período de dois anos, que pode ser prolongado. O máximo que cada candidatura pode receber são 120 mil euros. À Lusa, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou que os cofres do Estado vão fornecer, no total, dois milhões de euros para os concursos.
Os projetos vão ser avaliados, posteriormente, “por um painel internacional nomeado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Fundação de Serralves”, adiantou o ministro.
Helena Pereira, presidente da FCT, explicou que as candidaturas a este concurso serão apreciadas “sempre numa perspetiva internacional” e a partir de várias áreas, com avaliação de “arquitetos, investigadores de ciências sociais e de engenharia”.
Paralelamente à iniciativa, vão ser recolhidas opiniões para que se abra, “no próximo ano, um novo concurso, com mais financiamento”. Segundo Manuel Heitor, trata-se de um programa “inovador, não apenas em Portugal, mas também num contexto europeu. Desafiamos a comunidade científica com a ideia de que não há limites ao conhecimento”, partilhou.
“Siza e o seu exemplo marcam e marcaram Serralves”
Para Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, “este é um dia tão importante como aquele em que erguemos este museu”. Relembre-se que Álvaro Siza Vieira foi o autor do projeto do Museu de Serralves, que celebra em 2019 duas décadas da sua inauguração.
Também há 15 anos, o arquiteto cedeu parte do seu arquivo à Fundação de Serralves, o que tornou o museu “um local de visita obrigatória para todos quando se estuda a sua obra”. Os vencedores dos concursos vão ter acesso “não só aos arquivos da Fundação de Serralves, mas também aos arquivos depositados na Fundação Gulbenkian”, avançou Ana Pinho.
Também Eduardo Souto de Moura, que esteve presente na cerimónia, defendeu que “é muito interessante que haja dinheiro para construir este programa” e que “a figura de Siza finalmente é reconhecida”. Para o arquiteto que já trabalhou com Siza Vieira, esta iniciativa pode ser “útil” para a nova geração, “que está um pouco afastada” do trabalho do artista.
Artigo editado por César Castro