A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai começar um estudo científico com o objetivo de avaliar a morbilidade e a mortalidade entre os profissionais de saúde em Portugal, durante a pandemia da COVID-19.

Para desenvolver o PROVIDA (Projeto de investigação coVID19 – Estudo da associação da mortalidade com as circunstâncias de trabalho entre os profissionais de saúde portugueses), a FMUP vai contar com a parceria das ordens dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos, e ainda das Escolas Médicas, sindicatos e unidades de investigação, como o CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde).

O diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, explicou, em declarações ao Porto Canal, que para além de “quantificar os eventuais excessos nas taxas de mortalidade entre os profissionais de saúde em comparação com as da população geral”, o projeto de investigação pretende também “investigar possíveis diferenças nos riscos associados às diferentes especialidades clínicas e a exposições diferenciais dos profissionais de saúde relativamente aos doentes infetados”.

O responsável esclareceu que a investigação visa aferir “os riscos a que os profissionais de saúde estão e estiveram sujeitos durante o período da epidemia, e melhorar, no futuro, as medidas de proteção individual”, explica.

No contexto do estudo, serão avaliados e comparados os óbitos durante o período da epidemia com dados de meses congéneres do ano anterior, relacionando-os também com as médias e tendências de mortalidade dos últimos anos.

De forma a estudar a taxa de morbilidade e mortalidade dos profissionais de saúde, vão ser tidas em conta as condições de trabalho, em que os profissionais de saúde trabalham durante a pandemia, nomeadamente a utilização de equipamentos de proteção Individual (EPI), tais como máscaras, luvas, batas ou viseiras, para além de distinguir possíveis variações de risco entre diferentes especialidades clínicas e locais de trabalho.

Altamiro da Costa Pereira garante ainda que as conclusões do PROVIDA vão ser “cruciais para que se possa atualizar os planos de contingência” das unidades de saúde. e implementar medidas no futuro.

Coordenada pela FMUP, a recolha, tratamento e análise de dados, conta com o apoio dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica ou dos assistentes operacionais, das entidades patronais, hospitais, Instituições de Solidariedade Social (IPSS) ou dos familiares das vítimas para a obtenção e validação de certos dados.

A colaboração estende-se ao Instituto Nacional de Estatística, às administrações regionais de saúde, da Direção-Geral da Saúde, dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e do próprio Ministério da Saúde, para o acesso de dados primários.

A investigação tem o apoio logístico da Câmara Municipal do Porto, do Centro Académico Clínico do Porto, assim como o patrocínio académico e científico do CEMP – Conselho das Escolas Médicas Portuguesas.

O apoio de trabalho técnico, científico ou financeiro está aberto a investigadores ou entidades que queiram contribuir de forma direta ao projeto. Para o efeito os responsáveis pelo projeto disponibilizam um contacto através do e-mail: [email protected].

Artigo editado por Filipa Silva