As obras que transformarão o antigo Matadouro Municipal de Campanhã num renovado complexo empresarial, cultural e de dinamização social devem começar em setembro do próximo ano, estimando-se a sua conclusão para setembro de 2023. Os prazos foram revelados esta manhã pelo presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, na cerimónia de assinatura do auto de consignação da obra entre a autarquia e a empresa Mota Engil.
“Em meados do próximo ano estará concluída a elaboração do projeto de execução e em setembro de 2021 iniciar-se-à a empreitada, com prazo de conclusão previsto de dois anos”, referiu o autarca na ocasião.
Pronunciando-se no que considerou ser “um dia bom para o Porto”, Rui Moreira fez a cronologia de um projeto que apresentou na sua primeira campanha eleitoral em 2013, mas que só recebeu o aval definitivo do Tribunal de Contas em abril último (ver cronologia no final do artigo).
Numa área bruta de quase 30 mil metros quadrados vai nascer um projeto “multidisciplinar”, com atividade económica, valências culturais e espaços de dinamização social, que visam tornar “a cidade mais equilibrada”, aumentando a coesão territorial com um território – a zona oriental – “rasgado verticalmente por várias vias”, de que a VCI é só o exemplo mais recente.
O objetivo é aproveitar o muito espaço, “a facilidade de acessos, a proximidade ao centro do Porto e a grandes equipamentos urbanos como o Estádio do Dragão ou o Terminal Intermodal de Campanhã, que está na fase terminal de construção”, recordou o autarca.
A Mota Engil investirá cerca de 40 milhões de euros na intervenção, ficando com a exploração do espaço pelo prazo de 30 anos. Ainda assim, referiu Moreira, quase 8 mil metros quadrados ficam sob a alçada do município, estando prevista para essa área um espaço para depósito de obras de arte, uma extensão da Galeria Municipal do Porto, outra do Museu da Cidade, além de galerias e ateliês.
“Uma obra icónica”, considerou o presidente da CMP, muito por conta do projeto arquitetónico “fantástico” que ali se pretende implementar.
Dele, Rui Moreira destacou a “enorme cobertura”, a passagem pedonal que vai ser construída por cima da VCI, ligando a Corujeira à estação de metro do Dragão; e a rua coberta que servirá de eixo ao complexo e que já tem um nome: “Aqui vai nascer a Rua do Porto, onde a população poderá facilmente aceder aos meios de transporte do Terminal do Dragão, através de uma ponte, ou circular por projetos de cariz social, empresarial, cultural, galerias de arte e ateliês de artes e ofícios tradicionais”, detalhou o autarca.
O edil projetou ainda o nascimento de um “grande espaço público fronteiro à entrada do Matadouro” que deverá resultar do aproveitamento de “dois grandes conjuntos edificados parcialmente abandonados: a antiga Fábrica Invencível e a antiga área de recolha da STCP que estão identificados pela Câmara do Porto como objeto de reestruturação”. Tudo isto está ligado ao projeto de requalificação da Praça da Corujeira que conheceu desenvolvimentos recentes.
Muito crítico da ação do Tribunal de Contas, Rui Moreira aproveitou a presença na cerimónia do primeiro-ministro António Costa – por sua vez muito criticado no processo de não recondução do juiz Vítor Caldeira na presidência daquele tribunal – para elogiar o “empenho pessoal”, quer do primeiro-ministro quer do Presidente da República, no projeto do Matadouro.
“Parecia que não íamos conseguir”, disse ainda Moreira, considerando que no cenário atual “é absolutamente impensável que projetos como este possam voltar a estar anos e anos na gaveta”. António Costa, no seu discurso, retribuiu: “muitos parabéns. Sei bem que a luta foi difícil, que tivemos que nos apoiar nos desabafos mútuos perante as dificuldades que tinham surgido, tivemos de puxar pela imaginação legal para ultrapassar e vencer as barreiras que iam surgindo, mas a verdade é que chegamos aqui”, afirmou o primeiro-ministro.
António Costa aproveitou ainda a passagem pelo local onde, em 2016, o Governo lançou o projeto Startup Portugal para anunciar que vai destinar “uma verba importante” do Fundo de Recuperação e Resiliência para desenvolver a Rede Nacional de ‘Hubs’ Inovadores. Até ao final do ano, avançou o governante, deverá estar pronto o quadro legal “para zonas livres tecnológicas” que descreveu como “espaços de experimentação”.