Doutorada pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) e investigadora externa da FPCEUP na área da qualidade do acolhimento residencial de crianças e jovens, Sónia Rodrigues vai esta sexta-feira a votos contra o atual bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Francisco Miranda Rodrigues. Em entrevista ao JPN, a candidata considera que a OPP tem de “fazer muito mais” em relação à proximidade com a realidade dos psicólogos no terreno e à valorização desta profissão pela sociedade em geral. Para a psicóloga, o atual período de pandemia é uma boa oportunidade para concretizar esse trabalho: “se não for agarrada, é uma oportunidade perdida”, diz.

Sónia Rodrigues defende a necessidade de reforçar a presença dos psicólogos no sistema público – não só na Saúde -, propõe o “cheque-psicólogo” e diz que é preciso começar a encarar a psicologia numa visão mais preventiva do que “remediativa”.

“A ligação entre as universidades e a Ordem é de máxima importância”, salienta ainda a psicóloga, reconhecendo que “se tem havido alguma evolução nesta ligação ao longo dos anos, pode fazer-se muito mais.” 

Para o escrutínio de sexta-feira estão inscritos perto de 17 mil profissionais, mas Sónia Rodrigues acredita que estes correspondam apenas a um terço do total de profissionais da área em Portugal.

JPN – De acordo com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), “as perturbações mentais e do comportamento representam 11,8% da carga global das doenças em Portugal, mais do que as doenças oncológicas (10,4%).” Contudo, os portugueses têm mais facilmente acesso a uma consulta  médica quando lhes dói a cabeça, por exemplo, do que quando andam com uma grande carga de stress. Porque é que continuamos a colocar a saúde mental em segundo plano?

Sónia Rodrigues – Primeiro que tudo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a falta de saúde mental será a grande pandemia do século XXI. Portanto, é importante perceber que esta deve ser uma área que não pode ser, de maneira nenhuma, desprezada. Eu não acho que as pessoas não queiram mais ajuda a este nível, mas mais do que as pessoas não saberem que devem pedir ajuda quando não se sentem bem, era importante haver uma resposta acessível à qual pudessem recorrer.

No que diz respeito à psicologia, o número de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) ainda é marcadamente insuficiente e, por outro lado, o acesso a psicólogos em consultórios privados não está ao alcance da maior parte das pessoas: o serviço de psicologia não é como uma consulta médica, em que vamos uma vez, saímos de lá medicados e depois só temos de voltar daqui a três meses ou mais. A psicologia é um acompanhamento que tem de ser continuado no tempo. Às vezes, as pessoas não percebem esta diferença e, principalmente, não têm como pagar este serviço.

Enquanto não houver consultas de psicologia no SNS às quais estas possam recorrer ou não houver, tal como nós propomos no nosso programa, um cheque-psicólogo que permita às pessoas consultar X sessões de psicologia, as pessoas não vão. Também é importante sublinhar que falamos muito da psicologia enquanto uma vertente remediativa, quando já há uma patologia, mas é preciso não esquecer as dimensões de prevenção e de promoção de desenvolvimento. Nesse nível há todo um trabalho que tem de ser feito, porque muitos dos problemas que depois afetam a saúde mental do adulto começam na infância ou é um acumular de circunstâncias ao longo da vida. Portanto, era importante que este trabalho fosse algo continuado e de prevenção destas situações. Diga-se também, que há variadíssimos estudos que demonstram que isto seria mais barato.

JPN – Sendo que o serviço público não consegue dar uma resposta eficaz às necessidades da população, tal como referiu, muitos dos portugueses acabam por recorrer a consultas de psicologia no setor privado, que rondam os 55 euros por sessão. Nos dias de hoje, os serviços de psicologia são um luxo?

SR – Pois, a questão é mesmo essa. Como há tanta procura no SNS, os nossos colegas que aí trabalham acabam por não conseguir dar a resposta que consideram ser a mais adequada. Ou seja, não é um atendimento de menos de meia hora, espaçado em seis meses que vai fazer seja o que for, por mais competente que seja o psicólogo.

Por outtro lado, as pessoas, não tendo resposta no público, tentam procurar no privado, mas como aí é caro – quer dizer, é caro para aquilo que é a remuneração média dos portugueses -, acabam por não ir. Se calhar porque os portugueses ainda não estão consciencializados de que isso é uma valorização muito grande para si mesmos e, portanto, consideram dispensável.

JPN – Então, as classes socialmente vulneráveis que têm pior qualidade de vida e menores indicadores de saúde mental não deviam ter um acesso privilegiado aos serviços de acompanhamento psicológico?

SR – Sem dúvida. Nós [psicólogos] ajudamos as pessoas a superar as dificuldades do dia a dia, promovemos o desenvolvimento pessoal e o autoconhecimento. No fundo, ajudamos as pessoas a serem mais felizes e a viver mais saudavelmente. Estamos a contribuir para sociedades mais equilibradas, que têm uma maior capacidade de controlo do seu comportamento e que sabem lidar melhor com as suas emoções.

Nós sabemos que, por exemplo, a pobreza, infelizmente, está ligada a um aumento de situações de risco de desenvolvimento de problemas psicológicos. Por isso, estas pessoas acabam por não ter a mesma capacidade de lidar com todos os problemas que lhes vão surgindo, e não têm ajuda para o fazer. No entanto, a psicologia comunitária pretende ajudar a este nível e, cada vez mais, temos psicólogos integrados nas equipas multidisciplinares de entidades que trabalham com a população mais carenciada, desde as equipas RSI (Rendimento Social de Inserção), aos CAFAP (Centros de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental), às IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e à própria Segurança Social. Há psicólogos que têm vindo a fazer um trabalho extraordinário e temos vindo a evoluir muito a esse nível, mas é preciso fazer muito mais.  

Dado o contexto pandémico, a entrevista decorreu por videoconferência. Foto: D.R.

JPN – Desde 1991 que a lei sobre a presença de psicólogos nas escolas não prevê a sua obrigatoriedade. Nos centros de saúde, segundo os dados mais recentes, há menos de 250 psicólogos, o que corresponde a um rácio inferior a 2,5 profissionais por 100 mil habitantes. Deste modo, considera que o trabalho dos psicólogos, em Portugal, não é valorizado?

SR – Pois… (suspiro) Eu acho que cada vez mais a psicologia começa a ser vista como uma ciência que tem o seu lugar e acho que ninguém põe em causa a importância da psicologia para a sociedade em geral. No entanto, a questão da valorização é diferente. Eu diria que já valorizamos mais a psicologia, falta valorizar os psicólogos e aí entram questões como a autonomia do trabalho do psicólogo e a própria remuneração dos colegas que é algo com que a Lista A se preocupa bastante.

No entanto, eu penso que aquilo que é realmente importante não é só a literacia daquilo que é o trabalho do psicólogo e as diferentes áreas nas quais este pode intervir, mas também a questão de existirem mais psicólogos a poderem desempenhar as suas funções: há todo um trabalho que tem de ser feito com as estruturas de decisão a nível nacional, ou seja, o poder político, mas também com o público em geral, para que pressionem os políticos a colocar mais psicólogos onde eles fazem falta.

Até o bastonário da Ordem dos Médicos refere isso. É notório que as pessoas percebem a mais-valia que o trabalho do psicólogo traz, mas ficamos numa posição secundária. Parece que a saúde é importante, a saúde psicológica se calhar nem tanto. A verdade é que nós sabemos que as duas estão completamente ligadas, não podemos separar o conceito de saúde mental do conceito de saúde física, pois o corpo e a mente são interdependentes. António Damásio no seu livro “O Erro de Descartes” explica muito bem esta situação.

JPN – Num inquérito realizado em junho a estudantes do Ensino Superior do Porto, 80% diz ter sentido um aumento do estado de ansiedade ou depressão por causa da pandemia, sendo que apenas 36% dos alunos tiveram acesso a soluções de ajuda acessíveis e em tempo útil. Serão os serviços de apoio psicológico no ensino superior suficientes?

SR – Não, não são suficientes, tal como já vimos com o resto da população. Os serviços de consulta, muito ligados às faculdades de Psicologia são respostas às quais os estudantes podem recorrer e acho que é importante que eles saibam disso. Porém, sabemos que durante a pandemia tudo foi um pouco diferente, tendo as consultas passado a ser online.

E, certamente, não foram só os estudantes universitários a sentir esse aumento das dificuldades. Sempre que há um grande desafio ou algo que representa uma crise na nossa vida temos de nos readaptar à nova situação e isto exige, do ponto de vista psicológico, uma capacidade de mudança, de reconstrução e de reequilíbrio, no sentido de perceber que muitas vezes estes momentos podem ser momentos de oportunidade e de crescimento pessoal. Eu não estou a desvalorizar as dificuldades que a pandemia nos traz, estou só a dizer que é sempre bom se nós conseguirmos ver a parte do copo meio cheio.

JPN – Muitos estudantes revelam-se preocupados com o novo sistema de ensino à distância: vivem um período em que o grau de exigência no ensino superior é o mesmo, tendo, porém, mais dificuldades para o alcançar. De que forma podem eles colmatar as consequências da pandemia na saúde mental?

SR – Aqui está uma pergunta muito difícil. Eu acredito que estes estudantes vão estar mais preparados para aquilo que vai ser o mundo do futuro, portanto, quase me atreveria a dar o conselho de enfrentarem isto como algo que pode ser extremamente positivo na vida deles, numa sociedade cada vez mais tecnológica. Esta que é agora a nova realidade em termos de faculdade – estar muitas vezes à distância e usar novas ferramentas de trabalho – já é o modo de funcionamento de muitas empresas a nível mundial, que têm os seus profissionais espalhados pelo mundo. Acho que isto veio para ficar. Em termos de futuro, não sei até que ponto alguma vez as aulas vão voltar a ser todas em regime presencial. Se isso acontecesse, se calhar até é uma oportunidade perdida. Também não estou a dizer que as formas de funcionar à distância substituem, de modo algum, a relação presencial. Temos de encontrar um equilíbrio entre o trabalho à distância e o contacto direto. O que eu quero dizer é que esta mudança não foi integralmente má e pode ser uma boa oportunidade de futuro, se soubermos articular, trabalhar e ver em conjunto as nossas dificuldades e soubermos procurar ajuda quando esta faz falta.

A pobreza, infelizmente, está ligada a um aumento de situações de risco de desenvolvimento de problemas psicológicos.

JPN – Por falar em modelos de teletrabalho: a que alternativas podem os psicólogos recorrer, de forma a que que o acompanhamento dos pacientes à distância seja tão eficaz como o “habitual” acompanhamento presencial?

SR – O online não substitui o presencial. Temos de perceber que se trata de uma evolução e que os dois formatos podem ser complementares. Logo que foi possível voltar às consultas presenciais, a esmagadora maioria dos meus pacientes preferiram voltar. No entanto, as consultas online acabam por permitir que exista esse acompanhamento em situações em que, se calhar, não era possível. No caso dos psicólogos, a relação terapêutica presencial é muito importante, mas não acho que seja impossível estabelecê-la à distância. Há todo um conjunto de ferramentas tecnológicas que podem ser coadjuvantes do trabalho do psicólogo, como por exemplo: jogos que podem ser usados para estimular cognitivamente e desenvolver determinados tipos de competências; apps que podem ser usadas por pessoas com perturbações alimentares para controlar o seu comportamento alimentar; formas de fazer chegar ao terapeuta oscilações do nível de ansiedade. Também os nossos colegas mais jovens, por terem uma visão mais aberta daquilo que a tecnologia nos pode dar, trazem toda essa inovação e criatividade para o local de trabalho.

JPN – Qual o papel que os psicólogos devem desenvolver com a sociedade em geral, numa crise de saúde pública, tal como a que vivemos atualmente devido ao novo coronavírus?

SR – Os psicólogos uniram-se bastante durante a pandemia e trabalharam muito em colaboração com a própria Ordem, no sentido de procurar dar respostas às dificuldades que foram identificadas no terreno e passámos, muito depressa, ao apoio online. Uma das coisas que sentimos mais falta foi um trabalho, por parte da Ordem, junto do poder público, para sublinhar a importância do trabalho dos psicólogos e esta necessidade de as pessoas recorrerem aos psicólogos quando precisarem. No fundo, bateram-se muitas palmas à janela aos profissionais de saúde, em geral, mas esquecemo-nos que há psicólogos em lares de idosos, em casas de acolhimento de crianças e jovens e a esses ninguém bateu palmas. Vimos muitas vezes que não há muitos psicólogos a falarem da importância das mudanças de comportamento durante a pandemia e nós é que somos os profissionais dessa área. Devíamos ser chamados a aconselhar como é que devem ser comunicadas ao público determinadas medidas e factos e a coadjuvar na elaboração de materiais que visam a prevenção da pandemia. 

JPN – É a primeira mulher a concorrer ao cargo de bastonária, numa Ordem com cerca de 84% de mulheres inscritas. Na sua opinião, as psicólogas portuguesas sentem-se representadas neste organismo?

SR – Eu acho que os psicólogos e as psicólogas portuguesas em geral não se sentem representados por esta Ordem. Há um distanciamento muito grande, principalmente no que diz respeito à direção nacional e àquilo que são as problemáticas dos psicólogos no terreno. Ao longo destes anos da existência da Ordem, têm sido tomadas opções que têm muito a ver com a valorização do psicólogo que passa mais pela imagem, do que por outra coisa. Nós temos uma sede, em construção de mármore, na Avenida Fontes Pereira de Mello e temos uma atitude muito elitista dos membros da Ordem. A falta de noção do que é a realidade do trabalho dos psicólogos e da realidade dos portugueses é uma característica da direção encabeçada pelo bastonário, que neste momento também é candidato, e que já está na Ordem desde o início [2008]. Portanto, há uma congruência de atuação que não tem vindo a mudar.

Quanto à questão das mulheres, sou eu, mas podiam ser muitas mais. Há muitas mulheres com qualidade que poderiam ser candidatas. Sinceramente, eu acho que está na hora de ser uma mulher a bastonária da Ordem dos Psicólogos. No entanto, não chega ser mulher. Eu acredito que a minha experiência no terreno e a equipa que está comigo são uma garantia que vamos fazer um trabalho de melhor qualidade. Não acho que seja só no que diz respeito a haver uma candidata bastonária, nós temos várias cabeças de Lista que são mulheres, havendo um equilíbrio a esse nível, e acreditamos que é cada vez mais importante que haja mulheres em posições de relevo dentro da Ordem dos Psicólogos. Por isso, não me parece que se esgote aqui aquilo que pode ser feito em termos de equidade. Esta profissão é realmente bastante desequilibrada entre o número de mulheres psicólogas e homens psicólogos. Portanto, também faz sentido perceber o porquê de isto ser assim, de não haver mais psicólogos homens. O que não faz, de todo, sentido é que numa profissão maioritariamente de mulheres, quem esteja responsável pelos destinos dessa profissão, desde que a Ordem apareceu, continue a ser sempre um homem.

JPN – Num texto da sua autoria publicado no jornal Público, escreveu: “Nós psicólogo(as) sabemos que qualquer crise é também uma oportunidade de crescimento.” De que formas de crescimento é que se está a referir?

SR – Estou a referir-me ao crescimento da Ordem, ou seja, acho que este momento de pandemia seria o momento em que a Ordem poderia aproveitar para fazer com que a imagem dos psicólogos como profissionais essenciais à sociedade se consolidasse. É uma oportunidade que se não for agarrada é uma oportunidade perdida, porque na verdade, estamos perante um momento em que as pessoas não só estão mais ansiosas e deprimidas, portanto a precisar mais de nós, como também há uma necessidade de mudança comportamental muito acelerada e aí nós podemos ser uma grande ajuda para a sociedade.

Vai haver, e nós sabemos que já está aí, uma crise em termos de emprego que vai levar à necessidade de reconversão profissional e de formação profissional, de as pessoas encontrarem novos caminhos, e também aí os psicólogos têm um papel importante. Sabemos que a escola teve de se adaptar às questões do ensino à distância, onde os psicólogos escolares são indispensáveis. Na saúde nem se fala, nós somos importantíssimos, não só para apoiar os doentes e as suas famílias, mas também os profissionais de saúde e, em geral, para ajudar os portugueses a perceber a importância e as consequências que os seus comportamentos têm na evolução da pandemia. 

Eu acho que as faculdades ainda estão um pouco presas à visão remediativa da psicologia, muito virada para a parte clínica.

JPN – Como referiu, vem aí uma crise que vai afetar o mercado de trabalho dos psicólogos. Portanto, os estudantes do último ano de Psicologia vão sentir uma maior dificuldade em arranjar emprego e, posteriormente, progredir na carreira. Quais são os apoios que tem preparados para estes psicólogos em início de carreira?

SR – Neste momento, já não é fácil para os psicólogos, quando terminam a sua formação, aceder à Ordem e fazerem o ano profissional júnior, que é um estágio profissional, e essa é uma das nossas preocupações. Não deixa de ser engraçado, porque estes psicólogos não votam e nós temos todo um eixo que lhes é destinado, por acreditarmos que o apoio a estes profissionais é uma aposta no futuro da profissão. O processo de acesso tem de ser desburocratizado e a carga financeira associada a este período tem de ser aligeirada.  Temos, essencialmente, de trabalhar com a sociedade para que sejam criadas mais oportunidades de estágio exigentes que contribuam para o crescimento profissional, que é tão importante.

Também o papel de orientador de estágio é  muito relevante, mas não é suficientemente valorizado, porque a sua opinião não é tão tida em conta como deveria ser e não há assim tantos benefícios para se ser orientador de estágio. Por outro lado, o próprio Estado tem de estar mais aberto para ter estágios na função pública. No que diz respeito aos estudantes de psicologia é importante dar-lhes uma noção das diferentes áreas da psicologia. Eu acho que as faculdades ainda estão um pouco presas à visão remediativa da psicologia, muito virada para a parte clínica. Faz todo o sentido que os estudantes que optam pela psicologia do trabalho, social e das organizações percebam a utilidade de estarem na Ordem. Para além disso, é preciso adequar a formação administrada pela Ordem. Há muito a fazer e estaremos aqui com eles.

JPN – E então de que forma é que é importante que as próprias universidades mantenham uma relação com a Ordem?

SR – A ligação entre as universidades e a Ordem é de máxima importância e, se tem havido alguma evolução nesta ligação ao longo dos anos, eu acho que se pode fazer muito mais. É preciso fazer chegar aos profissionais no terreno todo o trabalho desenvolvido pelas universidades, que é de extrema qualidade, e todo o know-how que os académicos têm. Deste modo, a Ordem devia funcionar como ponte nesta relação. Esta ligação tem de ser nos dois sentidos, ou seja,  as universidades têm de estar, cada vez mais, abertas àquilo que são as dificuldades concretas de formação de que os psicólogos que estão no terreno se vão apercebendo e que, muitas vezes, durante o tempo que estão na faculdade não foram devidamente preparados para isso. Portanto, deveria ser feito uma adaptação daquilo que são os conteúdos das cadeiras lecionadas, que poderiam abordar questões como a proteção infantil, por exemplo. Não acho que os psicólogos que acabam o curso e que vão trabalhar para uma casa de acolhimento estejam preparados para a sua função.

Artigo editado por Filipa Silva