Em dia de luto no mundo do futebol pelo desaparecimento de Diego Armando Maradona, que se adensou no universo portista com a notícia da morte do histórico dirigente Reinaldo Teles, o FC Porto confirmou, no terreno do Marselha, o bom momento que atravessa na Liga dos Campeões, somando a terceira vitória consecutiva na quarta jornada da competição.

Num jogo controlado e sem grandes sobressaltos, os pupilos de Sérgio Conceição chegaram à vantagem perto do intervalo, por intermédio de Zaidu, jogador em destaque nesta partida, e sentenciaram o marcador aos 72 minutos, através de um penálti convertido por Sérgio Oliveira.

Após promover várias alterações no onze inicial no jogo da Taça de Portugal, Sérgio Conceição mudou oito peças para este encontro, apenas repetindo Otávio, Sarr e Manafá.  Apostando num modelo de 4-4-2, a grande surpresa foi a inclusão de Grujic no onze, face à ausência de Uribe, ao lado de Sérgio Oliveira.

Do outro lado, André Villas-Boas mudou quatro jogadores em relação à última partida, realizada há 19 dias, diante do Estrasburgo.

Entrada pressionante dos franceses

Motivado pelos maus resultados, o Olympique de Marselha de André Villas-Boas entrou no jogo a pressionar muito alto no terreno, à procura de condicionar a primeira fase de construção dos dragões. Nos quinze minutos iniciais, essa pressão resultou e o Marselha conseguiu quase sempre jogar no meio-campo portista, sem, no entanto, construir oportunidades de golo, criando apenas algum perigo através de remates de fora de área e num cabeceamento de Germain, na sequência de um livre.

Apercebendo-se da tática do adversário, o FC Porto começou a sair da pressão asfixiante dos franceses, por vezes, recorrendo a um estilo mais direto de jogo e saindo em transições rápidas, habitualmente conduzidas por Zaidu.

À meia hora de jogo, o Marselha dominava a posse de bola, num jogo pautado pelo equilíbrio, sem ocasiões de golo flagrantes para ambas as equipas.

Já na reta final da primeira parte, os azuis e brancos ameaçaram a baliza de Mandanda em dois lances de Zaidu. Aos 37 minutos, o nigeriano fez o primeiro remate dos dragões no encontro e, dois minutos depois, abriu o marcador. Na sequência de um canto de Sérgio Oliveira, Grujic ganhou de cabeça, a bola ressaltou num defesa adversário, sobrou para Zaidu, que, primeiro rematou à figura do guarda-redes para depois, na recarga, colocar a bola no fundo da baliza do Marselha. O FC Porto foi para o balneário a vencer por 1-0, num jogo dividido.

Controlo da partida e conforto após o 2-0

O segundo tempo começou com o FC Porto à procura do 2-0 e a dominar por completo o Marselha nos minutos iniciais, com Zaidu em destaque, fazendo o seu quarto remate aos 51 minutos.

Porém, por volta da hora de jogo, Villas-Boas promoveu três substituições que surtiram efeito, nomeadamente, com a entrada de Payet e Benedetto, que criaram perigo, obrigaram os dragões a recuar as linhas e a defender de forma mais compacta.

Continuando sem ideias e apresentando um fio de jogo algo desligado, o Marselha procurava ferir o FC Porto apressadamente e sem sucesso, mesmo após a expulsão de Grujic aos 67 minutos, por duplo amarelo, que podia ter dado alento à formação francesa.

A jogar com menos uma unidade, a equipa de Sérgio Conceição rapidamente viu o adversário ficar também reduzido a dez jogadores. Três minutos depois da expulsão de Grujic, após um lançamento rápido de Corona a desmarcar Marega, Balerdi derrubou o maliano dentro da área, vendo o segundo amarelo e concedendo aos dragões uma oportunidade clamorosa para ampliar a vantagem. O capitão Sérgio Oliveira encarregou-se do lance e converteu a grande penalidade.

Nos últimos vinte minutos, a melhor oportunidade de golo que a formação da casa conseguiu criar foi a que resultou numa bola ao poste, num cabeceamento de Benedetto já nos descontos.

Ao longo do jogo, o treinador dos azuis e brancos lançou Nakajima, Taremi e Loum e estreou João Mário, jovem da formação portista, na Liga dos Campeões.

Num jogo relativamente tranquilo para o FC Porto, o Marselha nunca assustou verdadeiramente os dragões, principalmente pela passividade e descoordenação dos franceses. Uma exibição regular ao longo dos 90 minutos permitiu somar mais três pontos que deixam os dragões a um ponto dos oitavos de final.

Já o Marselha, que bateu o recorde de derrotas consecutivas na Liga dos Campeões (13), continua sem marcar um golo nesta edição da prova e disse adeus às possibilidades de passar a fase de grupos, ficando a lutar pelo terceiro lugar, que dá acesso aos dezasseis avos da Liga Europa.

“Foi um jogo difícil”

Na conferência de imprensa, Sérgio Conceição mostrou-se satisfeito com a exibição dos dragões, embora tivesse admitido que não foi uma partida fácil: “Foi um jogo difícil. Entrámos no jogo e sentimos que o Marselha queria muito ganhar, estavam um bocadinho mais agressivos, mais intensos”, disse.

O treinador gostou também da forma inteligente como os seus jogadores geriram o jogo: “Os jogadores interpretaram na perfeição essa gestão.” Num dia de emoções fortes, Conceição não esqueceu Reinaldo Teles, que faleceu aos 70 anos, vítima de Covid-19: “O senhor Reinaldo viu-me chegar aqui com 16 anos, era um amigo, conhecia a minha família.”

André Villas-Boas referiu “falta de sorte”, admitindo um jogo equilibrado: “Houve muitos ressaltos e a bola sobrou para a equipa que os procurou. Houve falta de sorte. A primeira parte foi equilibrada, com poucas chances.”

Com este triunfo, o FC Porto ficou muito próximo de atingir a próxima fase da prova milionária, precisando apenas de um ponto nos dois jogos restantes, frente ao Manchester City, no Dragão, ou diante do Olympiacos, na Grécia.

Antes disso, há campeonato: os azuis e brancos enfrentam o Santa Clara, nos Açores, no próximo sábado (28).

Artigo editado por Filipa Silva