Na gélida noite desta sexta-feira, FC Porto e SL Benfica acabaram empatados, num clássico sem público nas bancadas para aquecer os ânimos, mas com momentos quentes dentro das quatro linhas. Um encontro bastante dividido, em que o empate não interessava a qualquer uma das formações e que acaba por manter tudo igual na tabela classificativa da Primeira Liga.

À 14.ª jornada, nem dragões, nem águias foram capazes de aproveitar o deslize do atual líder, o Sporting CP, que horas antes do jogo disputado no Estádio do Dragão, empatou em casa, também a uma bola, diante do Rio Ave FC. Os azuis e brancos mantêm, assim, o segundo lugar no campeonato – com os mesmos pontos do Benfica – e a série de invencibilidade: já lá vão 17 jogos sem perder. 

Já os encarnados, com o segundo empate seguido para o campeonato, mantêm a terceira posição na Liga, mas evitaram aquela que poderia ter sido a quinta derrota consecutiva diante do rival FC Porto.

Sérgio Conceição manteve o sistema tático de 4-4-2, porém com cinco alterações face ao último onze do encontro com o CD Nacional para a Taça de Portugal. 

Mbemba e Zaidu foram apostas para o eixo defensivo dos portista, os colombianos Uribe e Luis Diaz entraram para o meio-campo azul e branco e o avançado Marega também jogou de início.

Já do lado encarnado, Jorge Jesus apostou também num 4-4-2 mas com nove alterações face ao onze que defrontou o CF Estrela, mantendo apenas o lateral Nuno Tavares e o avançado Haris Seferovic

Destaque para a aposta em Grimaldo como médio, que foi o protagonista dos maiores desequilíbrios pelo lado direito da defesa portista, e para Weigl que acabou por ficar com o prémio de Homem do Jogo. 

Primeira parte consistente

A primeira parte do jogo revelou uma grande consistência tanto ofensiva como defensiva, de ambas as equipas. Após o apito inicial de Luís Godinho, as oportunidades começaram a desenhar-se para os dois lados.

Logo aos 3 minutos, Mbemba teve nos pés uma boa ocasião de golo, porém o central rematou de forma desajeitada e para bem longe da baliza defendida por Vlachodimos.

Já aos 8 minutos foi a vez dos encarnados assustarem a equipa azul e branca. Após grande arrancada e centro de Darwin Nuñez, Seferovic não foi capaz de concluir a jogada em golo. Mas o helvético que falhou o alvo esteve na base do golo dos encarnados.

Aos 17 minutos, Nuno Tavares centrou e Seferovic assistiu Grimaldo que num toque sublime, apontou o primeiro golo das águias e o segundo da conta pessoal no campeonato.

Mas o FC Porto reagiu e acabou por chegar ao empate 8 minutos depoisUm passe teleguiado de Sérgio Oliveira, que caiu nas costas da defesa benfiquista e parou nos pés de Corona que assistiu Mehdi Taremi. A bola ainda foi desviada por Marega, mas o golo acabaria mesmo por ser dado ao iraniano que já leva dez golos marcados, sete deles para o campeonato.

Mais tarde o Benfica voltava a assustar. Após um contra-ataque rápido, com combinações entre Darwin, Rafa e Pizzi, foi o uruguaio a rematar a bola que embateu no ferro com estrondo, depois de um passe do médio bragantino à passagem do minuto 29.

O FC Porto não se mostrava frágil e aos 36 minutos, Luis Díaz podia ter aumentado a vantagem dos dragões, após uma recuperação de bola e um contra-ataque fulminante. O colombiano acabou por rematar ao lado da baliza do guardião encarnado.

Já nos instantes finais da primeira metade do encontro, as melhores ocasiões de golo pertenceram à equipa da capital. Primeiro por Darwin, que num remate explosivo mandou a bola ao lado da baliza defendida por Marchesín e depois por Otamendi, mas a bolaque cabeceou acabaria por chegar às mãos do guardião portista.

Muita garra num autêntico campo de batalha

Para a segunda metade do encontro, ficaram guardados os momentos mais tensos e calorosos da partida. Todo o jogo foi marcado por um futebol bastante combativo e disputado. No entanto, foi na segunda parte que isso se fez sentir com maior intensidade. 

Logo aos 49 minutos, Pizzi viu o cartão amarelo após um empurrão a Sérgio Oliveira numa confusão entre os jogadores de ambas as equipas que também resultou na mostragem da cartolina amarela ao central dos azuis e brancos, Pepe.

Poucos minutos depois, é Nuno Tavares quem é advertido por ação faltosa sobre Corona. Mais tarde, nova entrada sobre Corona, mas desta vez por Pizzi. O médio não foi advertido, o que deixou os elementos do banco dos portistas irritados, por considerarem que a entrada foi imprudente e merecedora de penalização. Após os protestos, Rui Correia acabou expulso.

O jogo continuava animado e aos 61 minutos esteve à vista o golo. Depois de um cruzamento de Seferovic, Grimaldo serviu Rafa que rematou para grande intervenção de Marchesín. Rafa que viria a ser travado em falta por Tecatito Corona. O mexicano acabou por ver o cartão amarelo, assim como o diretor Luís Gonçalves após protestos à decisão do árbitro Luís Godinho.

VAR reduz FC Porto a dez

O jogo ia-se mostrando bem disputado, sobretudo na zona intermédia do terreno e aos 70 minutos, depois de um livre cobrado pelo capitão Sérgio Oliveira, Marega cabeceou para uma enorme defesa de Odysseas Vlachodimos

Marega que voltaria a não conseguir fazer o golo, de forma impressionante e numa altura em que os dragões já se encontravam reduzidos a dez elementos após expulsão de Taremi. O castigo resultou de uma entrada imprudente sobre as pernas de Nicolás Otamendi, ex-central portista que regressou ao Dragão sete anos depois.

Inicialmente Luís Godinho mostrou a cartolina amarela ao avançado iraniano, mas depois da indicação e da consulta do VAR, o árbitro da partida entendeu que a entrada justificava o cartão vermelho direto. Mehdi Taremi irá assim falhar o jogo da meia final da Taça da Liga, diante o Sporting CP, na próxima semana.

Com o Benfica em superioridade numérica, os técnicos decidiram mexer nas formações. Primeiro entrou Chiquinho para o lugar do amarelado Pizzi. Ao ver que era necessário reforçar a defesa e apostar no contra-ataque, Sérgio Conceição enviou João Mário e Diogo Leite por troca de Luis Díaz e do lateral Zaidu.

Já Jorge Jesus apostou em Everton Cebolinha que entrou para o lugar de Grimaldo e que ainda protagonizou um lance de perigo com um remate a sair por cima. Mais tarde entrou Waldschmidt para o lugar de um já fatigado Rafa e do lado azul e branco, Evanilson para o lugar de Marega e Grujic a substituir Sérgio Oliveira já nos instantes finais da partida que permaneceu disputada, mas sem ocasiões flagrantes de golo.

Conceição e um “jogo difícil” a vários níveis

Já no final do jogo, os ânimos permaneceram quentes, com os dois treinadores a evitarem-se após o soar do apito. Contudo, Jorge Jesus e Sérgio Conceição protagonizaram uma troca de palavras cujo conteúdo, já na conferência de imprensa, o treinador portista optou por não revelar.

“O jogo foi difícil para o Porto, para o Benfica, para a equipa de arbitragem, mas foi um jogo equilibrado”, considerou o técnico dos azuis e brancos. Para Sérgio Conceição, o que mais releva do resultado final é que a sua equipa sai do jogo com dois pontos perdidos. A vitória dos dragões, diz, seria o resultado mais ajustado: “Queríamos ganhar, esta é a mística do FC Porto. Não se explica sente-se”

Jorge Jesus e a superioridade encarnada

Já Jorge Jesus considerou que o Benfica foi muito superior à equipa portista: “Por tudo aquilo que o Benfica fez, tinha de ganhar”, afirmou.

O técnico também revelou insatisfação para com o resultado final afirmando que a equipa perdeu dois pontos: “Perdemos dois pontos aqui. Eu e os meus jogadores não saímos satisfeitos daqui”, reiterou aos jornalistas.

Quanto à exibição, o técnico encarnado não escondeu o agrado pela exibição da sua formação: “O Porto não conseguiu criar superioridade”, sublinhou, para completar: “Vimos aqui um Benfica forte em relação aquilo que foi o Porto. Um Benfica dominador”.

Próxima paragem: Taça da Liga

Dragões e águias vão agora disputar a final four da Taça da Liga. O FC Porto vai defrontar o Sporting CP na próxima terça-feira (19), enquanto que o SL Benfica vai medir forças com o SC Braga na quarta-feira (20).

Já para o campeonato, avizinha-se a deslocação portista ao reduto do SC Farense e a jornada caseira para as águias diante do CD Nacional.

Artigo editado por Filipa Silva