O Grupo Barraqueiro entregou, esta segunda-feira (22), um pedido de licença de operador ferroviário ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) com o propósito de passar a explorar comercialmente a ligação entre as cidades de Braga e Faro, dentro de três ou quatro anos.

Na notícia avançada pelo Expresso, Alberto Ribeiro, gestor do grupo Barraqueiro com a responsabilidade no desenvolvimento de novos negócios, explica que “a lógica é alargar a rede de transportes do grupo”. Este grupo empresarial, já com vários serviços de transporte rodoviário de passageiros (é maioritário na Rede de Expressos), quer agora passar a oferecer comboios entre Braga e Faro, com paragens no Porto e em Lisboa.

A oportunidade criada em 2019 pela liberalização do transporte ferroviário de passageiros – que possibilita que qualquer operador passe a poder atuar em Portugal, em concorrência com a CP – permite agora ao grupo “entrar de forma mais profunda no sistema ferroviário”, começando a operar nas “ligações de longo curso”, explica Alberto Ribeiro. O objetivo inicial é “começar a fazer ligações no eixo atlântico português”, mas, ainda assim, têm uma “ambição internacional, particularmente ibérica”.

Só numa primeira fase de investimento, o grupo estima precisar entre 250 a 300 milhões de euros, com a compra de comboios a representar a fatura mais pesada. Segundo o gestor, a empresa encontra-se em negociações com fundos de investimento nacionais e internacionais para que estes se associem ao projeto, mas mantendo sempre a maioria do capital. A operação deverá implicar a criação de cerca de 200 postos de trabalhos, um número que poderá aumentar se o negócio se expandir internacionalmente.

Este projeto do grupo Barraqueiro passa também por promover a articulação dos diferentes modos de transporte. “Vamos oferecer uma rede integrada de transportes.”, explica Alberto Ribeiro. Aproveitando que é um dos maiores operadores de transporte rodoviário do país, a estratégia do grupo diferencia-se por oferecer pacotes exclusivos com a viagem de comboio e viagens em autocarros.

Alberto Ribeiro reconhece que há um percurso moroso a percorrer até à obtenção das autorizações necessárias. Todas as questões burocráticas, regulatórias e operacionais tornam o processo “complexo, tortuoso e com muitas dificuldades”.

Compete regulador verificar se o novo operador não irá perturbar o equilíbrio económico da CP, que tem um contrato de serviço público com o Estado. O gestor ressalva que o grupo “teve o cuidado de não entrar numa lógica de concorrência direta com a CP, mas sim de complementaridade” e que a sua entrada não irá “prejudicar” a CP, mas sim entrar numa lógica de “complementaridade”, trazendo “mais clientes aos carrinhos de ferro”.

Artigo editado por Filipa Silva