A pandemia da Covid-19 trouxe fortes condicionantes à prática da atividade letiva. Para fazer face a esta situação, o Departamento de Engenharia Eletrotécnica (DEE), do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) desenvolveu um projeto de “Laboratórios remotos e virtuais”.
O projeto, que se desenvolveu em duas fases, consiste na simulação, através de controlo remoto, do equipamento existente nos laboratórios físicos. “Imagine que eu estou a carregar num interruptor, em minha casa, para acender a luz. O que os alunos conseguem fazer, através dos laboratórios remotos, é, à distância, carregarem no botão que permite acender a luz”, exemplificou a professora e diretora da Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica, Judite Ferreira, ao JPN.
A primeira fase do projeto, decorreu em abril de 2020, e consistiu na criação do Laboratório Virtual Siemens, como forma de dar resposta aos primeiros constrangimentos das aulas à distância. Desta forma, os alunos puderam aceder, remotamente, aos equipamentos do Departamento, que continham os recursos de software e simulação necessários. A primeira etapa do projeto desenvolveu-se, em apenas 15 dias, graças a uma “estrutura de computação em nuvem” que já existia no Departamento, refere o engenheiro e diretor técnico do Departamento de Engenharia Eletrotécnica do ISEP, Hélder Mendes, em declarações ao JPN.
A segunda fase do projeto, demorou seis meses, e resultou na criação do Laboratório Remoto de Automação e Controlo que funciona desde outubro de 2020. Desta forma, os estudantes conseguem realizar trabalhos laboratoriais à distância, através de software e equipamento de automação industrial. O Laboratório Remoto de Automação e Controlo está a ser utilizado, desde o primeiro semestre do ano letivo 2020/2021, e está disponível 24 horas por dia.
Embora os laboratórios tenham sido a solução encontrada pelo DEE, existem condicionantes inerentes às aulas à distância que são difíceis de ultrapassar. “Estar a explicar isto online demora duas horas. Se estivéssemos presencialmente, demorávamos 20 minutos e com uma interação que não tem nada a ver. Demora mais tempo e é mais cansativo”, afirma a professora, Judite Ferreira, ao JPN.
Os professores responsáveis pelo projeto não descartam a possibilidade de o projeto ser alargado e aplicado a outros departamentos. No entanto, ressalvam a necessidade de analisar e ponderar cada caso de maneira a dar a melhor resposta possível. “Há interesse noutras áreas, nomeadamente, já outros departamentos do ISEP demonstraram interesse, e estão a trabalhar em soluções. Mas tem que haver algum tipo de condições dos equipamentos que permitam comunicações e automatização. Tem que ser visto caso a caso”, conclui o professor do ISEP Jorge Tavares.
Artigo editado por Filipa Silva