Jorge Nuno Pinto da Costa referiu esta terça-feira, em entrevista ao Porto Canal, que acredita “que é possível o FC Porto chegar à final, e até vencê-la”. Mas para tal, os Dragões têm primeiro que passar mais uma barreira significativa, como serão todas a partir deste momento. O sorteio para os quartos-de-final está marcado para esta sexta-feira, com início às 11 horas.

Os adversários são todos de ligas do top cinco europeu, e os confrontos em eliminatórias com os azuis e brancos não são favoráveis aos portugueses. Aliás, o FC Porto nunca conseguiu eliminar qualquer um dos adversários em jogos a duas mãos.

Recentemente, os Dragões foram eliminados pelo Bayern de Munique em 2014/2015, mesmo com uma vitória inesperada na primeira mão em Portugal, e pelo Liverpool FC em 2018/2019, com derrotas em ambos jogos. Esta será a quarta participação do FC Porto nesta fase da prova, dentro do novo formato da Liga dos Campeões. Na competição que a antecedeu, o clube da Invicta conseguiu uma vitória contra os Bávaros na final de 1987 em Viena, ainda que num jogo a uma mão.

O poderia das equipas internacionais tem vindo a diminuir a cada ano que passa, e o FC Porto é o grande “underdog” da competição, nesta fase. Contudo, também o era contra a Juventus FC e conseguiu ainda assim a passagem. Desta forma, o JPN analisa todos os possíveis sete adversários para perceber as suas valências, mas também potenciais calcanhares de Aquiles.

Borussia Dortmund

Os alemães foram, a par dos Dragões, a primeira equipa a confirmar a presença nas oito melhores equipas desta edição da Liga dos Campeões. Numa eliminatória com muitos golos, o Dortmund conseguiu afastar o Sevilha com uma vitória na primeira mão por 2-3 e um empate em casa a duas bolas.

Apesar da época estar muito abaixo das expetativas, com Lucien Favre a ser despedido a meio da temporada, foi a jovem sensação com o nome de Erling Braut Håland que decidiu que a sua equipa não iria ficar pelo caminho, e marcou quatro dos cinco golos do Borussia no conjunto dos dois encontros.

Com um ataque, liderado pelo norueguês e ainda com Reus, Thorgan Hazard, Jadon Sancho, entre outros, superior à sua defesa, em que a estrela é o já veterano Mats Hummels, caberá ao FC Porto, caso o sorteio o dite, aguentar o poderio ofensivo e tentar atacar uma defesa mais débil. Dentro do que podem ser as dificuldades, o Borussia Dortmund é das equipas mais acessíveis aos portistas.

Liverpool FC

Os ingleses entram no lote das equipas menos desejadas pela estrutura azul e branca. A situação do Liverpool nesta época é algo diferente do que o que temos sido habituados nos últimos anos, com aspetos mais positivos e negativos na ótica portista. É indiscutível que a equipa de Jurgen Klopp não está tão forte como nos últimos anos. Depois de dois anos a discutir a Liga Inglesa, incluindo a conquista na época passada, os reds encontram-se agora numa luta acesa para conseguir chegar aos lugares que garantem a qualificação para a Liga dos Campeões.

O próprio treinador alemão já admitiu que o top quatro na Premier League será quase inalcançável, ainda que a desvantagem para o Chelsea FC, atual quarto classificado, seja apenas de cinco pontos. E é aqui que começam os pontos mais negativos. O Liverpool FC tem que, de alguma forma, “salvar” esta época. E uma possível conquista da sétima Champions para o clube seria certamente uma maneira de o conseguir.

A qualidade do plantel continua a ser abundante, e o regresso de Diogo Jota depois de lesão é um forte incentivo – marcou já o golo da vitória no último encontro frente à antiga equipa, o Wolverhampton Wanderers. Mas as constantes lesões no eixo da defesa continuam a dar dores de cabeças a Klopp. Van Dijk não alinha desde outubro e tem sido uma ausência de peso, e Matip está também de fora até ao final da época.

Paris Saint-Germain

Os franceses são neste momento uma das equipas mais perigosas de toda a Europa. Neymar e Mbappé sozinhos são capazes de colocar qualquer um em sentido. Depois da desilusão da época passada, em que perderam na final contra o Bayern, os parisienses procuram a conquista da competição, para justificar o enorme investimento da última década. O treinador agora é Mauricio Pochettino, que substituiu Thomas Tuchel em dezembro de 2020.

O PSG deixou para trás o FC Barcelona na fase anterior, com uma masterclass de contra-ataques de Kylian Mbappé. O triunfo na primeira mão por 4-1 provou ser uma vantagem demasiado elevada para o Barça conseguir nova remontada. Mas a época da equipa também está longe de ser convincente. Na Liga Francesa, estão neste momento a três pontos do LOSC Lille, com um possível tetracampeonato em risco.

Apesar da equipa ainda estar a assimilar as ideias do treinador, o PSG é sempre uma equipa a ter em conta em jogos europeus. A velocidade dos seus jogadores da frente, conjugado com o maior espaço normalmente concedido, pode ser letal. Cabe ao FC Porto, ou qualquer equipa, reduzir o espaço nas costas dos seus defesas, e tentar aproveitar algum erro defensivo.

Manchester City

A equipa azul de Manchester é, neste momento, das mais temidas da Europa. Depois de uma derrota a 21 de novembro de 2020, Guardiola levou o clube a 28 jogos seguidos sem derrotas, incluindo 21 vitórias consecutivas, até perder o dérbi de Manchester contra o United no início de março. Entretanto, já voltou a triunfar e está cada vez mais sólido.

Com um ataque temível, mesmo sem avançado de origem em muitos jogos, um dos grandes fatores de diferenciação em relação à época transata foi mesmo a melhora significativa do processo defensivo. É uma equipa que pressiona muito alto no campo e com uma intensidade difícil de aguentar e muitas vezes nem é preciso que sejam os defesas a ter ações defensivas (recuperações, desarmes, interceções, etc.).

A grande transformação do City também se deveu à aposta (de novo) em Bernardo Silva no meio-campo e ainda de João Cancelo como defesa-lateral invertido, a fletir para o miolo. O facto destes jogadores estarem agora em posições mais centrais permite também aos cityzens um grande controlo da bola. Phil Foden, de apenas 20 anos, é também um dos grandes destaques dos ingleses.

O FC Porto já enfrentou o City nesta edição da Liga dos Campeões, na fase de grupos, e os resultados não foram favoráveis aos Dragões. Uma derrota por 3-1 e um empate a zeros dão vantagem aos citizens no duelo direto com a equipa portuguesa.

Real Madrid

Apesar de tudo, esta é capaz de ser a melhor altura, em tempos recentes, para defrontar o Real Madrid. A saída de Cristiano Ronaldo, a decadência e empréstimo de Gareth Bale e o envelhecimento de estrelas como Toni Kroos e Luka Modric têm contribuído para um constante declínio na qualidade de futebol apresentada pelos “Galácticos”.

O Real está também, neste momento, a ter de correr atrás do prejuízo na luta pelo título de campeão espanhol, numa época que se destaca também pela falta de golos na La Liga. Os madrilenos contam “apenas” com 46 golos em 27 partidas, 15 menos que o Barcelona e 4 atrás do Atlético Madrid, equipa que se rege pela solidez defensiva.

Karim Benzema tem sido uma das salvações da época do Real Madrid, e terá que aparecer em grande se o clube quiser levantar o décimo quarto troféu da Champions. Já o setor defensivo tem estado altamente irregular. Zidane tem tentado combater isso mesmo, com um sistema de três centrais nos últimos dois encontros.

Bayern Munique

Os campeões em título da Liga dos Campeões estão a sentir mais algumas dificuldades na presente época, depois de uma temporada quase imbatível. Os problemas no controlo da profundidade defensiva têm sido expostos, com Boateng já a sentir a idade nas pernas e Alaba não sendo um central de origem.

Ainda assim, se o ataque da equipa da Bavária estiver num dia bom, é extremamente complicado contrariar o Bayern. Robert Lewandowski está a fazer mais uma época repleta de golos, com uma média superior a um tento por encontro em todas as competições. É também capaz de controlar os jogos no meio-campo com Kimmich a ditar o ritmo da partida, e de acelerar sempre que quer, com jogadores como Sané, Gnabry, Coman e Douglas Costa.

O Bayern Munique é um dos favoritos à vitória global na prova, e uma das equipas que toda a gente quererá evitar nos quartos-de-final.

Chelsea FC

Os ingleses foram os últimos a garantir a presença nos últimos oito da Liga dos Campeões, mas fizeram-no com uma vitória sólida e compreensiva sobre o Atlético de Madrid. Thomas Tuchel assumiu o comando dos londrinos pouco depois de ter sido despedido do PSG, e, em apenas dois meses, conseguiu já deixar a sua marca na equipa.

O clube investiu muito no mercado de transferências do verão, com contratações sonantes de jogadores como Timo Werner, Kai Havertz e Hakim Ziyech. Ainda assim, o futebol apresentado com Frank Lampard deixava muito a desejar.

Com a chegada do técnico alemão, o Chelsea é agora uma equipa que gosta de controlar o jogo em posse, com muita circulação de bola entre os defesas e médios mais recuados. Com um sistema de três centrais, a solidez defensiva tem também aumentado a olhos vistos – não sofre qualquer golo desde 20 de fevereiro. O técnico alemão tem também sido mais capaz de potenciar todo o talento ofensivo dos jogadores da frente.

Esta sexta-feira, o FC Porto descobre quem vai enfrentar nos quartos de final da Liga dos Campeões. O JPN fará um acompanhamento em direto do sorteio.

Artigo editado por João Malheiro